Thiago Carpini: A Trajetória de um Treinador em Ascensão no Futebol Brasileiro

Thiago Carpini

Thiago Carpini Barbosa, nascido em 16 de julho de 1984, em Valinhos, no interior de São Paulo, é um nome que tem ganhado cada vez mais destaque no cenário do futebol brasileiro. Aos 41 anos, o ex-volante que se transformou em um dos treinadores mais promissores da nova geração chega ao Fortaleza com a missão de elevar o Leão do Pici a patamares ainda maiores na elite nacional. Sua jornada, marcada por superação e resultados surpreendentes em clubes de porte médio, reflete o espírito resiliente do futebol paulista e gaúcho. Em um 2025 agitado, com passagens intensas pelo Vitória e pelo Juventude, Carpini encerra o ano com um novo desafio no Nordeste, prometendo táticas modernas e um futebol ofensivo que cativa torcedores.

A nomeação recente para o comando do Fortaleza, anunciada em 11 de dezembro de 2025, com contrato até o fim de 2026, surge em um momento de transição para o clube cearense. Após uma temporada irregular, o Tricolor busca estabilidade, e Carpini, com sua experiência em brigas contra o rebaixamento e promoções, parece o perfil ideal. Mas quem é esse profissional que, em poucos anos, saltou de times do interior para a Série A? Vamos mergulhar na história de um homem que une a garra de jogador à visão estratégica de técnico.

Dos Gramados ao Banco de Reservas: Os Primeiros Anos como Atleta

A relação de Thiago Carpini com a bola começou cedo, nas categorias de base do Guarani, clube de Campinas que moldou muitos talentos paulistas. Nascido em Valinhos, uma cidade pacata a 100 km da capital, Carpini cresceu sonhando com o futebol profissional. Com 1,85 m de altura e um físico imponente, ele se destacou como volante, posição que exige equilíbrio entre defesa e construção de jogadas. Sua estreia como profissional veio no próprio Guarani, em 2004, onde disputou partidas no Campeonato Paulista e na Série B do Brasileiro.

A carreira de jogador de Carpini foi sólida, mas não explosiva. Ele rodou por clubes como São Bernardo, Santo André, Inter de Limeira e Oeste, acumulando mais de 200 jogos em competições regionais e nacionais. Em 2011, defendeu o São Caetano na Série B, mostrando versatilidade ao marcar gols importantes em momentos decisivos. Lesões e a concorrência feroz o levaram a encerrar a carreira ativa em 2019, aos 35 anos, no Água Santa. Ali, já como capitão, ele começou a absorver os fundamentos da gestão de equipe, observando treinadores e participando de reuniões táticas.

Esses anos como atleta foram cruciais para formar sua identidade. Carpini sempre enfatizou a importância da disciplina e do coletivo, lições que carrega até hoje. “O futebol é sobre gente, não só sobre bola”, disse ele em uma entrevista ao site oficial do Guarani, anos depois. Sua transição para treinador não foi abrupta; ele obteve a licença Pro da CBF em 2020, após cursos na Escola de Treinadores da Federação Paulista de Futebol. Foi o pontapé para uma nova fase.

Os Primeiros Desafios: Construindo uma Base Sólida no Interior Paulista

A estreia de Carpini como técnico veio no Guarani, em 2020, onde assumiu o sub-20 e depois o profissional interinamente. O Bugre enfrentava dificuldades financeiras, mas o jovem treinador de 36 anos injetou energia nova. Em 2021, migrou para a Inter de Limeira, no Paulistão, onde levou o time às quartas de final – um feito para um clube modesto. Sua marca registrada já aparecia: um 4-2-3-1 fluido, com volantes box-to-box e pontas velozes explorando contra-ataques.

O ponto de virada veio em 2023, no Água Santa. Contratado em fevereiro, Carpini transformou o Netuno em coadjuvante improvável do Campeonato Paulista. O time surpreendeu Corinthians, Palmeiras e São Paulo, chegando à final contra o próprio Tricolor Paulista. Apesar da derrota por 1 a 0 na soma dos jogos, a campanha rendeu elogios unânimes e o chamou atenção de olheiros de Série A. “Foi um divisor de águas. Aprendemos a competir sem medo”, refletiu Carpini em coletiva pós-final.

De lá, veio a Ponte Preta, em maio de 2023, onde comandou o Macaca na Série B. Embora o time não tenha subido, Carpini deixou números positivos: 12 vitórias em 30 jogos, com defesa sólida (média de 0,9 gol sofrido por partida). A passagem durou até julho, quando uma proposta maior surgiu. Esses anos no interior foram escola: ele lidou com elencos limitados, orçamentos apertados e pressões de torcidas apaixonadas, forjando um estilo pragmático, mas ofensivo.

Ascensão na Elite: São Paulo, Juventude e as Lições da Pressão

Em janeiro de 2024, Carpini assumiu o São Paulo, substituindo Dorival Júnior, que partira para a Seleção Brasileira. Aos 39 anos, era o sonho realizado: comandar um gigante. No entanto, a passagem foi curta e turbulenta. Em dois meses, o Tricolor oscilou no Paulistão e na Libertadores, com críticas à falta de consistência. Demitido em março, Carpini usou o episódio como combustível. “Erros são professores. No São Paulo, aprendi sobre visibilidade e expectativas”, comentou ele mais tarde.

Recuperou o fôlego no Juventude, em maio de 2023 – na verdade, uma volta, pois já havia treinado o time na Série B de 2022, promovendo-o à elite. Em 2024, o Ju lutou para se manter na Série A, terminando em 15º. Sua filosofia de jogo, com ênfase em transições rápidas e pressão alta, rendeu 39% de aproveitamento em 32 partidas. Mas o grande teste veio em 2025.

No Vitória, contratado em maio de 2024, Carpini comandou o Leão por mais de um ano, até julho de 2025. Foram 75 jogos, com 29 vitórias, 22 empates e 24 derrotas – aproveitamento de 38,67%. O time baiano evitou o rebaixamento por duas temporadas seguidas, graças a uma defesa organizada (apenas 74 gols sofridos). Destaques incluíram vitórias sobre Flamengo e Palmeiras, e uma campanha digna na Copa do Nordeste. No entanto, eliminações precoces na Sul-Americana e na Copa do Brasil geraram desgaste. Demitido após uma sequência ruim em julho, Carpini saiu de cabeça erguida: “Deixamos um legado de união”.

Retorno ao Juventude e a Luta Contra o Rebaixamento em 2025

O ano de 2025 foi de idas e vindas para Carpini. Em agosto, voltou ao Juventude, assumindo um time na zona de rebaixamento da Série A. Anunciado em 4 de agosto, ele trouxe otimismo inicial: em cinco jogos iniciais, conquistou três vitórias, igualando o número de triunfos do Ju em 16 rodadas anteriores. O esquema 4-2-3-1 funcionou, com 8 gols marcados e 6 sofridos.

Mas a realidade da Série A é cruel. Em 22 jogos até dezembro, o saldo foi de 6 vitórias, 6 empates e 10 derrotas, com aproveitamento de 27,27%. O Juventude terminou na penúltima posição, rebaixado com 33 pontos e 97,9% de chances matemáticas. A despedida, em 7 de dezembro, foi um empate por 1 a 1 contra o Corinthians, na Neo Química Arena. Em coletiva emocionada, Carpini se despediu: “Superação define essa passagem. Desejo sorte ao sucessor; que seja feliz como eu fui”.

Durante o período, rumores fervilharam. Em novembro, o Sport Recife o sondou para 2026, vendo nele um nome jovem e em ascensão. Dias antes da saída do Ju, o Coritiba o listou como plano A para a Série B, com salário acessível. Mas Carpini optou pelo Fortaleza, atraído pela estrutura e pelo projeto ambicioso no Nordeste.

Estilo de Jogo: Táticas Modernas e Filosofia de Superação

O que define Thiago Carpini? Seu 4-2-3-1 é versátil: volantes que sobem ao ataque, um meia criativo e pontas que abrem o campo. Ele prioriza a posse qualificada (média de 46,2% em 2025) e finalizações (12,7 por jogo), mas sem descuidar da defesa – 18 clean sheets no ano. Influenciado por treinadores como Jorge Sampaoli e Abel Ferreira, Carpini aposta em intensidade física e análise de dados, usando ferramentas como GPS para monitorar cargas de treino.

Sua filosofia vai além das táticas. “Futebol é superação coletiva”, repetiu ele após vitórias improváveis. No Água Santa, incentivou jovens da base; no Vitória, integrou atletas de rua ao elenco principal. Críticos apontam inconsistência em grandes jogos, mas defensores destacam sua capacidade de motivar elencos limitados.

Conquistas, Desafios e o Horizonte no Fortaleza

Entre conquistas, brilham o vice no Paulistão 2023 e a promoção do Juventude em 2022. Desafios? As demissões rápidas no São Paulo e no Vitória testaram sua resiliência. Em 2025, acumulou 62 jogos entre os dois clubes, com 45,2% de aproveitamento e saldo positivo de gols (73 a 68).

Agora, no Fortaleza, Carpini herda um time vice-campeão da Copa do Nordeste e 10º no Brasileirão 2025. Seu primeiro treino, marcado para 15 de dezembro, já gera expectativa. Com reforços como um meia armador e um zagueiro experiente, o Leão mira Sul-Americana e pódio na Série A. Rumores de interesse em jogadores como o atacante Moisés (ex-Corinthians) circulam.

O futuro? Carpini sonha com a Seleção Sub-20 ou um gigante europeu, mas foca no presente. “Quero títulos que marquem gerações”, disse ao GE. Sua trajetória inspira: de Valinhos aos holofotes nacionais, ele prova que persistência vence talentos isolados.

Um Treinador para o Brasil de Amanhã

Thiago Carpini não é só um técnico; é um símbolo da renovação brasileira. Em um país onde treinadores estrangeiros dominam, ele representa a escola nacional, misturando tradição com inovação. Com o Fortaleza, inicia um capítulo promissor. Torcedores do Pici já cantam seu nome, ansiosos por um 2026 de glórias. A bola rola, e Carpini, mais uma vez, está pronto para surpreender.