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Naomi Osaka: A Tenista Japonesa que Revolucionou o Esporte

Naomi Osaka: A Tenista Japonesa que Revolucionou o Esporte

Naomi Osaka: A Tenista Japonesa que Revolucionou o Esporte

Naomi Osaka é mais do que uma tenista profissional; ela é um ícone global, uma voz poderosa e uma figura que transcende as quadras. Nascida em 16 de outubro de 1997, em Osaka, Japão, ela se tornou a primeira japonesa a vencer um torneio de Grand Slam em simples e a primeira asiática a alcançar o topo do ranking mundial da WTA. Sua história, marcada por conquistas históricas, identidade multicultural e engajamento social, inspira milhões de pessoas ao redor do mundo. Este artigo explora a trajetória de Naomi Osaka, suas conquistas no tênis, sua influência cultural e seu impacto fora das quadras.

Infância e Início no Tênis

Origens Multiculturais

Naomi Osaka nasceu em Chūō-ku, Osaka, filha de Tamaki Osaka, uma japonesa de Nemuro, Hokkaido, e Leonard François, um haitiano de Jacmel. Sua herança birracial — japonesa e haitiana — moldou sua identidade e perspectiva. Quando tinha apenas três anos, sua família se mudou para Elmont, Nova York, para viver com os avós paternos. Mais tarde, aos oito ou nove anos, a família se estabeleceu na Flórida, buscando melhores oportunidades de treinamento para Naomi e sua irmã mais velha, Mari, que também jogava tênis.

O pai de Naomi, Leonard, foi inspirado pelas irmãs Williams, Venus e Serena, após assistir à final do Aberto da França de 1999. Embora não tivesse experiência como tenista, ele decidiu treinar suas filhas seguindo o modelo de Richard Williams, pai das irmãs Williams. Leonard via no tênis uma oportunidade para suas filhas se destacarem, e começou a treinar Naomi e Mari em quadras públicas em Pembroke Pines, Flórida. Durante o dia, as irmãs praticavam, e à noite, estudavam em casa, equilibrando educação e esporte.

Primeiros Passos no Esporte

Naomi começou a jogar tênis aos três anos, influenciada pela irmã Mari, que era dois anos mais velha e também tenista. Apesar de competir com a irmã desde cedo, Naomi só conseguiu vencê-la pela primeira vez aos 16 anos, um marco pessoal que ela lembra com carinho. Sua determinação e talento começaram a se destacar ainda na infância, mas também enfrentou preconceitos. Aos 10 anos, em um torneio júnior na Flórida, Naomi ouviu uma conversa entre duas adversárias japonesas que questionavam sua identidade: “Aquela garota negra, ela não deveria ser japonesa?”. Esse episódio, relatado ao The Wall Street Journal, reflete os desafios que Naomi enfrentou por sua aparência e origem multicultural.

Apesar disso, Naomi sempre se identificou fortemente com sua herança japonesa. Seus pais decidiram que ela e Mari representariam o Japão, uma escolha enraizada na cultura japonesa que permeava a família. Naomi renunciou à cidadania americana em 2019, antes das Olimpíadas de Tóquio, para competir pelo Japão, conforme exigido pela lei japonesa, que não permite dupla nacionalidade após os 22 anos.

Ascensão no Tênis Profissional

Estreia e Primeiros Destaques

Naomi Osaka entrou no cenário profissional em 2014, aos 16 anos, quando derrotou a ex-campeã do US Open, Samantha Stosur, no Stanford Classic, sua estreia no circuito WTA. Esse feito precoce colocou seu nome no radar do tênis mundial. Dois anos depois, em 2016, ela alcançou sua primeira final WTA no Pan Pacific Open, em Tóquio, e terminou o ano entre as 50 melhores do ranking mundial.

Sua ascensão foi marcada por um estilo de jogo agressivo, com um saque poderoso que pode atingir 200 km/h e golpes de fundo de quadra precisos. Naomi rapidamente se destacou por sua capacidade de competir com as melhores do mundo, mesmo sendo tão jovem.

Conquistas em Grand Slams

O ano de 2018 foi um divisor de águas para Naomi Osaka. Em março, ela conquistou seu primeiro título WTA no Indian Wells Open, derrotando a russa Daria Kasatkina na final. Esse torneio, muitas vezes chamado de “quinto Grand Slam”, marcou o início de sua trajetória como uma das grandes do esporte. Meses depois, Naomi fez história ao vencer o US Open de 2018, derrotando sua ídola, Serena Williams, na final. Com apenas 20 anos, ela se tornou a primeira japonesa a vencer um título de Grand Slam em simples.

A vitória no US Open foi cercada de polêmica devido a uma discussão entre Serena Williams e o árbitro, mas Naomi manteve a compostura e conquistou o título com autoridade. Serena, mais tarde, elogiou a jovem tenista, destacando sua habilidade e humildade. Em 2019, Naomi consolidou seu status ao vencer o Australian Open contra Petra Kvitová, tornando-se a primeira asiática a alcançar o número 1 do ranking mundial da WTA, aos 21 anos.

Naomi conquistou mais dois títulos de Grand Slam: o US Open de 2020 e o Australian Open de 2021. Cada vitória reforçou sua posição como uma das maiores tenistas da atualidade. No US Open de 2020, ela chamou a atenção não apenas pelo título, mas por seu ativismo, usando máscaras com nomes de vítimas de violência policial nos Estados Unidos, como George Floyd e Breonna Taylor, em cada rodada do torneio.

Desafios nas Olimpíadas

Naomi foi escolhida para acender a pira olímpica nas Olimpíadas de Tóquio 2020 (realizadas em 2021 devido à pandemia), um momento histórico que a consagrou como a primeira tenista a receber essa honra. Representando o Japão, ela carregava as expectativas de uma nação. No entanto, sua participação no torneio de tênis foi interrompida nas oitavas de final, quando perdeu para a tcheca Marketa Vondrousova. Naomi admitiu que sentiu “muita pressão” por competir em casa, mas destacou a felicidade de participar de seus primeiros Jogos Olímpicos.

Impacto Fora das Quadras

Ativismo Antirracismo

Além de suas conquistas esportivas, Naomi Osaka é reconhecida por seu engajamento social. Como uma mulher negra e asiática, ela usa sua plataforma para combater o racismo e promover a igualdade. Durante o US Open de 2020, ela trouxe sete máscaras, cada uma com o nome de uma vítima de violência policial ou racismo nos Estados Unidos, incluindo Trayvon Martin e Ahmaud Arbery. Sua ação gerou impacto global, trazendo visibilidade à luta do movimento Black Lives Matter.

Naomi também participou de protestos nos Estados Unidos e, em agosto de 2020, anunciou que não jogaria a semifinal do torneio de Cincinnati em apoio aos protestos contra o racismo. Sua decisão levou os organizadores a adiarem a rodada, um gesto coletivo em prol da justiça social. Comparada a ícones como Muhammad Ali e Jesse Owens, Naomi se tornou uma referência na luta por mudanças sociais no esporte.

Saúde Mental e Vulnerabilidade

Naomi Osaka também trouxe à tona a discussão sobre saúde mental no esporte. Em maio de 2021, durante Roland Garros, ela anunciou que não participaria de coletivas de imprensa para proteger sua saúde mental, revelando que sofria de ansiedade e crises de depressão desde 2018. A decisão gerou controvérsia, mas também abriu um diálogo importante sobre o bem-estar de atletas de alto rendimento.

Após desistir do torneio, Naomi compartilhou sua jornada em entrevistas para a TIME e a Vogue Hong Kong, destacando a pressão de ser uma atleta de elite e a dificuldade de lidar com a exposição pública. Sua honestidade inspirou outros atletas a falarem sobre suas próprias lutas, mudando a narrativa sobre saúde mental no esporte.

Vida Pessoal e Maternidade

Relacionamento e Família

Naomi Osaka mantém um relacionamento com o rapper americano Cordae desde 2019. Em janeiro de 2023, aos 25 anos, ela anunciou sua gravidez, compartilhando uma imagem de ultrassom em seu Instagram. Em julho de 2023, Naomi deu à luz sua filha, Shai, em Los Angeles. A maternidade trouxe uma nova perspectiva à sua vida, e ela expressou o desejo de que sua filha um dia a veja jogar e diga: “Essa é minha mãe”.

Naomi retornou às quadras em 2024, após quase um ano afastada, competindo no WTA 500 de Brisbane e nas Olimpíadas de Paris 2024, onde, apesar de não alcançar as semifinais, demonstrou resiliência. Ela enfrentou desafios físicos, como uma lesão abdominal, mas continuou a competir com determinação.

Hobbies e Interesses

Fora das quadras, Naomi é apaixonada por fotografia, videogames e moda. Ela possui uma coleção de tênis exclusivos e um carro esportivo Nissan SkyLine GTR. Sua conexão com a cultura pop a levou a ser capa de revistas como Vogue Japão e Vogue Hong Kong, além de inspirar uma boneca Barbie em sua homenagem. Naomi também lançou um documentário na Netflix, compartilhando sua jornada pessoal e profissional.

Legado e Influência Cultural

Quebrando Barreiras no Japão

Naomi Osaka desafiou estereótipos no Japão, um país historicamente homogêneo. Sua identidade birracial e seu estilo direto contrastam com as expectativas tradicionais para atletas japoneses, como apontado pelo repórter Hiroaki Wada ao jornal Mainichi. Naomi trouxe à tona discussões sobre raça e identidade, tornando-se um símbolo de um Japão mais diverso e moderno.

Impacto Global

Com sua origem multicultural, conquistas históricas e ativismo, Naomi Osaka se tornou uma das atletas mais influentes do mundo. Em 2020, ela foi a atleta feminina mais bem paga, com ganhos que a colocaram em 29º lugar entre todos os atletas, segundo a Forbes. Sua autenticidade e coragem a transformaram em um modelo para jovens, especialmente mulheres negras e asiáticas, que veem nela uma representação de força e resiliência.

Conclusão

Naomi Osaka é mais do que uma tenista; ela é uma força transformadora no esporte e na sociedade. Suas conquistas em quadra, incluindo quatro títulos de Grand Slam e o topo do ranking mundial, a estabeleceram como uma das maiores atletas de sua geração. Fora das quadras, sua luta por justiça social e sua abertura sobre saúde mental inspiram mudanças. Como mãe, ativista e ícone global, Naomi continua a redefinir o que significa ser uma atleta, deixando um legado que vai além do tênis.

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