Miguel Ángel Russo
Miguel Ángel Russo foi uma figura icônica no futebol argentino, tanto como jogador quanto como técnico. Nascido em 1956 e falecido em 2025, ele deixou um legado marcado por dedicação, conquistas e uma serenidade admirada por todos. Sua trajetória reflete a paixão pelo esporte, com passagens por clubes tradicionais e títulos que eternizaram seu nome. Este artigo explora sua vida, carreira e os eventos mais recentes, destacando sua influência no mundo da bola.
Vida Inicial e Formação
Miguel Ángel Russo veio ao mundo em 9 de abril de 1956, na cidade de Lanús, na província de Buenos Aires, Argentina. Cresceu em um ambiente humilde, típico da região metropolitana, onde o futebol era mais do que um esporte: era uma forma de escape e identidade. Desde jovem, demonstrou talento para o jogo, influenciado pelo ambiente local repleto de peladas e times amadores. Não há relatos detalhados sobre sua infância, mas é sabido que ele se destacou nas categorias de base, chamando a atenção de olheiros profissionais.
Sua entrada no mundo profissional veio pelo Estudiantes de La Plata, um clube histórico que moldou sua personalidade como atleta. Russo, com 1,75 m de altura, atuava como meio-campista defensivo, posição que exigia garra, visão de jogo e liderança. Ele representava o arquétipo do jogador argentino: combativo, inteligente e sempre pronto para o sacrifício coletivo. Essa fase inicial foi fundamental para forjar o caráter que mais tarde o definiria como técnico.
Carreira como Jogador no Estudiantes de La Plata
Russo dedicou toda sua carreira de jogador ao Estudiantes de La Plata, tornando-se um dos raros casos de fidelidade absoluta no futebol profissional. Estreou em 1975 e se aposentou em 1988, disputando impressionantes 418 partidas e marcando 11 gols. Sua longevidade no clube é um testemunho de lealdade e consistência, em uma era onde transferências eram menos frequentes, mas ainda assim notáveis.
Como meio-campista, Russo era conhecido por sua solidez defensiva e capacidade de distribuir o jogo. Ele ajudou o time em competições nacionais e internacionais, embora não tenha conquistado grandes títulos como jogador. Lesões o impediram de participar da Copa do Mundo de 1986, vencida pela Argentina de Diego Maradona, um momento que ele lamentava, mas que não diminuiu seu orgulho pela seleção. Pela Albiceleste, entre 1983 e 1985, jogou 17 partidas e marcou um gol, contribuindo para amistosos e eliminatórias.
Sua aposentadoria em 1988 marcou o fim de uma era para o Estudiantes, onde ele se tornou ídolo pela dedicação. Russo era visto como um líder silencioso, priorizando o time acima do individualismo, traço que carregaria para a carreira de treinador.
Transição para o Papel de Técnico
Após pendurar as chuteiras, Russo não demorou a entrar no mundo da comissão técnica. Em 1989, assumiu o Lanús, clube de sua cidade natal, iniciando uma jornada que o levaria a dirigir mais de mil partidas ao longo de décadas. Essa transição foi natural: sua experiência como jogador o preparou para entender as dinâmicas de vestiário e tática. Ele adotou um estilo calmo e estratégico, absorvendo pressões sem perder a compostura, como diriam ex-jogadores como Leandro Gracián.
Russo dirigiu times em diversos países, incluindo Argentina, Chile, Espanha, México, Colômbia, Peru, Paraguai e Arábia Saudita, mostrando versatilidade e adaptabilidade. Sua formação preferida era o 4-2-3-1, equilibrado entre defesa e ataque, refletindo sua visão de jogo coletivo.
Primeiros Anos como Treinador: Ascensões e Desafios
Os anos iniciais de Russo como técnico foram de consolidação. No Lanús (1989-1992), conquistou o título da Primera B Nacional em 1992, promovendo o time à elite argentina. Em seguida, no Estudiantes de La Plata (1992-1995), repetiu o feito, vencendo outra segunda divisão em 1994-95, o que o consolidou como especialista em reconstruções.
Na Universidad de Chile (1996), levou o time às semifinais da Copa Libertadores, demonstrando capacidade em competições continentais. Passagens pelo Rosario Central (1997-1998 e depois em 2002-2003), UD Salamanca (1998-1999), Morelia (1999), Colón (1999) e Los Andes (2001) foram marcadas por salvamentos de rebaixamento e classificações para torneios sul-americanos, como a Copa Sul-Americana de 2003 e Libertadores de 2004. Esses períodos forjaram sua reputação de técnico resiliente, capaz de motivar elencos em crise.
Sucessos no Vélez Sarsfield
Em 2004, Russo assumiu o Vélez Sarsfield, onde viveu um dos ápices de sua carreira. Permaneceu até 2006, vencendo o Torneio Clausura de 2005, seu primeiro título na Primeira Divisão argentina. O time chegou às semifinais da Copa Sul-Americana, mostrando futebol ofensivo e sólido. Em 2015, retornou brevemente ao clube, reforçando laços afetivos.
No Vélez, Russo era admirado pela serenidade: “Absorve a pressão e nunca perde a calma”, como recordou Gracián. Essa passagem elevou seu status, abrindo portas para gigantes como o Boca Juniors.
A Era Gloriosa no Boca Juniors de 2007
O ano de 2007 marcou a primeira passagem de Russo pelo Boca Juniors, um dos clubes mais populares da Argentina. Dirigiu o time de janeiro a dezembro, conquistando a Copa Libertadores da América, derrotando o Grêmio por 5-0 no agregado – o maior placar final da história do torneio. Juan Román Riquelme brilhou como melhor jogador, e o Boca chegou à final do Mundial de Clubes, perdendo para o Milan.
Foi vice-campeão do Torneio Clausura de 2007, mas o legado da Libertadores o imortalizou. Russo implementou um futebol equilibrado, com ênfase em posse de bola e contra-ataques letais, conquistando o coração da torcida xeneize.
Passagens por Outros Clubes Argentinos
Russo teve múltiplas passagens pelo Rosario Central, dirigindo o clube em cinco períodos distintos (1997-1998, 2002-2003, 2009, 2012-2014, 2023-2024). Em 2012-2013, venceu a Primera B Nacional, promovendo o time à elite e chegando à final da Copa da Argentina em 2014, vice-campeão nos pênaltis contra o Huracán. Salvou o clube de rebaixamentos e o classificou para competições continentais, tornando-se um dos técnicos com mais jogos pelo Canalla.
No San Lorenzo (2008-2009 e 2024-2025), Racing Club (2010-2011) e Estudiantes (2011), enfrentou desafios variados, sempre priorizando a estabilidade. No Racing, por exemplo, estabilizou o time em meio a turbulências financeiras.
Retorno ao Boca Juniors (2020-2021)
Em 2020, Russo voltou ao Boca pela segunda vez, em meio à pandemia de COVID-19. Venceu a Superliga 2019-20 e a Copa da Liga Profissional de 2020, nos pênaltis contra o Banfield. Eliminou o River Plate nas quartas da Copa da Liga e chegou às semifinais da Libertadores 2020. Em 2021, repetiu o feito contra o River na Copa Argentina, mas foi eliminado nas oitavas da Libertadores pelo Atlético Mineiro nos pênaltis.
Seu estilo calmo ajudou o time a navegar incertezas, com Riquelme, agora presidente, chamando-o de volta por confiança mútua.
Experiências Internacionais e Desafios
Fora da Argentina, Russo brilhou no Millonarios (2016-2018), vencendo o Torneio de Finalização de 2017 e a Superliga Colombiana de 2018 contra rivais como Independiente Santa Fe e Atlético Nacional. No Alianza Lima (2019) e Cerro Porteño (2019), teve passagens curtas mas impactantes. No Al-Nassr (2021-2022), adaptou-se ao futebol saudita.
Essas experiências enriqueceram sua visão tática, lidando com culturas diversas e pressões variadas, sempre mantendo mais de 12 títulos oficiais na bagagem.
Última Fase: Rosario Central, San Lorenzo e Saúde
Em 2023-2024, retornou ao Rosario Central, e depois ao San Lorenzo em 2024, cortando contrato em meados de 2025 para voltar ao Boca. Paralelamente, enfrentava um câncer diagnosticado em 2017, que o levou a internações domiciliares nos últimos meses.
Terceiro Ciclo no Boca Juniors e Atualizações de 2025
Em junho de 2025, Russo assumiu o Boca pela terceira vez, convidado por Riquelme para o Mundial de Clubes FIFA 2025. Comandou o time na competição local e no torneio global, onde o Boca competiu contra campeões continentais. Seu último jogo no banco foi em 21 de setembro de 2025, contra o Central Córdoba. Devido à saúde deteriorada, ausentou-se da partida de 5 de outubro contra o Newell’s Old Boys (vitória por 5-0 sob o auxiliar Claudio Úbeda).
Em 7 de outubro, fontes confirmaram seu estado grave em atendimento domiciliar. Sua influência permaneceu, com o time honrando sua liderança.
Legado e Falecimento
Russo faleceu em 8 de outubro de 2025, em Buenos Aires, aos 69 anos, vítima de complicações do câncer. O Boca Juniors anunciou a notícia com tristeza profunda, destacando sua alegria, calidez e esforço. Clubes como Vélez o chamaram de “cavalheiro”, e o mundo do futebol lamentou a perda de um líder sereno.
Seu filho, Ignacio, é jogador profissional, perpetuando o sobrenome no esporte. Russo dirigiu mais de mil jogos, com 12 títulos, incluindo ascensões, nacionais e a Libertadores. Seu legado é de resiliência, especialmente na luta contra a doença, inspirando gerações.
Conclusão: Um Técnico Eterno
Miguel Ángel Russo personificou o futebol argentino: paixão, estratégia e humanidade. De jogador fiel a técnico vencedor, sua jornada de 1956 a 2025 é um capítulo rico na história do esporte. Seu falecimento em 2025 fecha um ciclo, mas sua serenidade e conquistas permanecem como lição para treinadores e torcedores. O futebol argentino chora, mas celebra um ídolo eterno.