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Marta Kostyuk: A Jornada de uma Tenista Ucraniana

Marta Kostyuk: A Jornada de uma Tenista Ucraniana

Marta Kostyuk: A Jornada de uma Tenista Ucraniana

Marta Kostyuk é um nome que ressoa no mundo do tênis, uma jovem ucraniana que conquistou corações com sua habilidade, determinação e espírito resiliente. Nascida em Kiev, Ucrânia, em 28 de junho de 2002, Marta emergiu como uma das mais promissoras estrelas do circuito profissional da WTA (Associação de Tênis Feminino). Sua trajetória é marcada por conquistas precoces, desafios pessoais e um compromisso inabalável com seu país, especialmente em meio ao conflito na Ucrânia. Este artigo explora a vida, a carreira e o impacto de Marta Kostyuk, uma atleta que combina talento nas quadras com uma voz poderosa fora delas.

Infância e Raízes no Tênis

Uma Família de Atletas

Marta Olehivna Kostyuk nasceu em uma família profundamente conectada ao esporte. Seu pai, Oleh Kostyuk, foi diretor técnico da Antey Cup, um torneio de tênis juvenil em Kiev. Sua mãe, Talina Beiko, foi uma tenista profissional que alcançou o ranking de número 391 da WTA e conquistou um título de nível ITF em Kiev, em 1994. O tio de Marta, Taras Beiko, também foi tenista, enquanto sua irmã mais velha, Mariya Kostyuk, competiu em nível universitário nos Estados Unidos. Com primos envolvidos em futebol e ginástica, o esporte corre nas veias da família Kostyuk.

Desde cedo, Marta foi imersa no mundo do tênis. Treinada inicialmente por sua mãe no Clube de Tênis Antey, ela começou a jogar ainda criança, mostrando um talento natural que a destacava entre seus pares. A influência de sua família foi crucial, proporcionando não apenas apoio emocional, mas também uma base técnica sólida para sua formação.

Primeiros Passos no Tênis Juvenil

Aos 14 anos, Marta já dava sinais de seu potencial. Em 2016, ela venceu a Orange Bowl, um prestigiado torneio juvenil na Flórida, na categoria de 14 anos ou menos. Esse triunfo foi apenas o começo. Em janeiro de 2017, com apenas 14 anos, ela conquistou o título de simples feminino juvenil no Australian Open, tornando-se uma das jogadoras mais jovens a alcançar tal feito. Mais tarde, no mesmo ano, venceu o torneio ITF em Dunakeszi, na Hungria, sem perder um único set, estabelecendo-se como a ucraniana mais jovem a ganhar um título profissional de simples.

Em setembro de 2017, Marta conquistou o título de duplas femininas juvenil no US Open, ao lado da sérvia Olga Danilović. Em outubro, ela venceu o ITF Junior Masters em Chengdu, China, consolidando sua posição como uma das melhores tenistas juvenis do mundo. No final daquele ano, alcançou o segundo lugar no ranking mundial juvenil, um feito notável para alguém tão jovem.

Estreia no Circuito Profissional

Australian Open 2018: A Revelação

O ano de 2018 marcou a estreia de Marta Kostyuk no circuito profissional em grande estilo. Com apenas 15 anos, ela recebeu um wild card para o torneio qualificatório do Australian Open. Derrotando jogadoras experientes como Arina Rodionova, Daniela Seguel e Barbora Krejčíková, ela se tornou a primeira tenista nascida em 2002 a jogar na chave principal de um Grand Slam. Sua campanha terminou na terceira rodada, mas sua performance impressionou o mundo do tênis, mostrando que ela era mais do que uma promessa juvenil.

No mesmo ano, Marta venceu o Burnie International, um torneio ITF de US$ 60 mil na Austrália, e alcançou a final do Zhuhai Open, outro evento de mesmo nível. Apesar de não manter o mesmo ritmo ao longo da temporada, sua habilidade em competir contra adversárias mais experientes destacou seu potencial.

Desafios e Crescimento

Os anos seguintes trouxeram desafios. Em 2019, Marta conquistou dois títulos ITF e chegou às quartas de final do Internationaux de Strasbourg, um torneio WTA, após passar pelo qualificatório. No entanto, sua temporada terminou com o ranking de número 155, refletindo as dificuldades de transição do circuito juvenil para o profissional. Lesões e a pressão de competir em alto nível também foram obstáculos.

A pandemia de COVID-19, em 2020, interrompeu a temporada, mas Marta aproveitou a pausa para se preparar. No retorno, ela passou pelo qualificatório do Palermo Ladies Open e do Aberto de Praga, mostrando resiliência. No US Open de 2020, ela derrotou a ex-top 10 Daria Kasatkina na primeira rodada, um marco importante em sua carreira.

Ascensão no Ranking Mundial

2021: Um Ano de Consolidação

O ano de 2021 foi um divisor de águas para Marta. No Aberto da França, ela alcançou a quarta rodada, sua melhor campanha em um Grand Slam até então, derrotando a ex-campeã Garbiñe Muguruza na estreia. Apesar de perder para a então campeã Iga Świątek, sua performance a levou ao top 50 do ranking WTA em novembro, com a posição de número 50.

Marta continuou a mostrar consistência. No Australian Open de 2022, ela chegou à terceira rodada, derrotando a 32ª cabeça-de-chave Sara Sorribes Tormo antes de cair para Paula Badosa. No Eastbourne International, venceu Barbora Krejčíková, então sétima cabeça-de-chave, reforçando sua capacidade de competir contra as melhores do mundo.

Primeira Conquista no WTA: Austin 2023

O momento mais significativo da carreira de Marta veio em março de 2023, quando ela conquistou seu primeiro título WTA em Austin, nos Estados Unidos. Na final, enfrentou a russa Varvara Gracheva, vencendo por 6-3, 7-5 em 1 hora e 31 minutos. Esse triunfo foi especialmente simbólico, pois Marta dedicou a vitória à Ucrânia, destacando seu compromisso com seu país em meio ao conflito em curso. Sua recusa em cumprimentar Gracheva após a partida refletiu sua postura firme contra tenistas russos, uma decisão enraizada em suas experiências pessoais e na guerra na Ucrânia.

2024: Top 20 e Consistência

Em 2024, Marta alcançou o auge de sua carreira até o momento, chegando à 16ª posição no ranking mundial de simples em junho. Ela também obteve sucesso em duplas, alcançando o 27º lugar em maio de 2023. No Miami Open, venceu Elisabetta Cocciaretto, e em Wimbledon, derrotou a número 8 do mundo, Maria Sakkari, em uma virada emocionante. Sua consistência em torneios de alto nível, como o WTA 500 Adelaide International, onde bateu a campeã de Wimbledon Elena Rybakina, solidificou sua reputação como uma competidora formidável.

Impacto Fora das Quadras

Uma Voz para a Ucrânia

Marta Kostyuk não é apenas uma atleta talentosa; ela é uma defensora apaixonada de seu país. Desde o início da invasão russa na Ucrânia, em 2022, Marta usou sua plataforma para expressar sua angústia e solidariedade com o povo ucraniano. Em uma entrevista em Indian Wells, em 2022, ela criticou a neutralidade de tenistas russos, afirmando: “Ninguém me disse que lamenta o que seu país está fazendo ao meu. Fico indignada ao ver que o único problema deles é não poder fazer transferências bancárias”.

Natural de Kiev, Marta revelou a dificuldade de competir enquanto sua família permanecia na Ucrânia durante os bombardeios. “Acordo sem saber se ainda tenho família,” disse ela, descrevendo o impacto emocional do conflito. Apesar da culpa inicial por estar fora do país, ela encontrou propósito em sua carreira, afirmando: “Meu trabalho é jogar tênis. É assim que posso ajudar”.

Mudança de Perspectiva: O Caso Kasatkina

Em 2025, Marta demonstrou sua capacidade de evoluir em suas convicções. Após anos se recusando a cumprimentar tenistas russos ou bielorrussos como forma de protesto, ela mudou sua postura em relação a Daria Kasatkina, que renunciou à cidadania russa para jogar pela Austrália. Após derrotar Kasatkina no WTA 1000 de Roma, Marta apertou sua mão, declarando: “Quando alguém fala a verdade e age de acordo, essa pessoa merece respeito”. Esse gesto foi amplamente aplaudido, destacando a interseção entre esporte e humanidade.

Estilo de Jogo e Personalidade

Técnica e Versatilidade

Marta Kostyuk é conhecida por seu estilo de jogo agressivo e versátil. Seu saque tático, como demonstrado em sua vitória contra Kasatkina em Montreal, em 2025, onde usou um saque por baixo para surpreender a adversária, reflete sua criatividade. Sua capacidade de alternar entre jogadas defensivas e ofensivas, combinada com uma forte mentalidade competitiva, a torna uma adversária temida.

Resiliência e Carisma

Fora das quadras, Marta é carismática e articulada. Sua habilidade de se comunicar, seja em entrevistas ou nas redes sociais, a tornou uma figura querida pelos fãs. Momentos peculiares, como sua tentativa de se comunicar com gestos com sua equipe em Montreal, mostram seu lado humano e descontraído, conquistando ainda mais simpatia.

Legado e Futuro

Aos 23 anos, Marta Kostyuk já deixou uma marca indelével no tênis. Sua ascensão de prodígio juvenil a competidora de elite no circuito WTA é uma prova de seu talento e trabalho árduo. Além disso, sua coragem em abordar questões globais, como o conflito na Ucrânia, a eleva a um status além do esporte.

Olhando para o futuro, Marta tem o potencial de alcançar o top 10 do ranking WTA e conquistar mais títulos de Grand Slam. Sua dedicação ao tênis e ao seu país sugere que ela continuará a inspirar, tanto dentro quanto fora das quadras. Marta Kostyuk não é apenas uma tenista ucraniana; ela é um símbolo de resiliência, talento e esperança para uma nação em tempos desafiadores.