Jhon Arias
Jhon Arias, o habilidoso ponta colombiano, tem sido uma das figuras mais empolgantes do futebol sul-americano nos últimos anos. Com dribles afiados e uma visão de jogo que lembra os grandes astros de sua geração, ele cruzou o Atlântico em busca de novos desafios. Sua chegada ao Wolverhampton Wanderers, em julho de 2025, marcou o início de uma era na Premier League, onde o jogador de 28 anos busca se firmar entre os melhores. Mas quem é esse jovem de Quibdó que conquistou o Rio de Janeiro e agora sonha com os gramados ingleses? Nesta reportagem, mergulhamos na trajetória de Arias, desde suas raízes humildes até os holofotes do Mundial de Clubes e as primeiras rodadas na Inglaterra.
Os Primeiros Passos em Solo Colombiano
Nascido em 21 de setembro de 1997, em Quibdó, uma cidade no departamento de Chocó conhecida por sua rica cultura afro-colombiana, Jhon Adolfo Arias Andrade cresceu em meio a desafios. O futebol, como em tantas histórias de sucesso, foi sua válvula de escape. Desde cedo, demonstrava um talento natural para o drible e a velocidade, características que o destacariam mais tarde. Sua família, modesta e unida, sempre incentivou o sonho do garoto, que treinava descalço nas ruas poeirentas de sua terra natal.
A carreira profissional de Arias começou em 2018, no Patriotas FC, um clube modesto da segunda divisão colombiana. Lá, ele disputou suas primeiras partidas oficiais, mostrando versatilidade como ala direito. Com apenas 20 anos, acumulou experiência valiosa, mas o salto veio com um empréstimo ao Llaneros FC, onde refinou sua técnica. Em 2020, transferiu-se para o América de Cali, um dos gigantes do país. Foi ali que o mundo começou a notar seu nome. Naquele ano, Arias foi peça fundamental na conquista do Campeonato Colombiano, marcando gols decisivos e distribuindo assistências com maestria. Sua parceria com o time, sob o comando de técnicos exigentes, o moldou como um jogador completo: veloz, inteligente e letal no um contra um.
No Independiente Santa Fe, em 2021, ele brilhou ainda mais. Com 22 jogos e três gols, Arias chamou a atenção de olheiros internacionais. Sua capacidade de jogar tanto pela direita quanto pelo meio, alternando entre ponta e meia-atacante, o tornava único. Aos 23 anos, já era considerado uma joia da Colômbia, comparado a nomes como James Rodríguez por sua elegância no campo. Esses anos iniciais não foram só de glórias; lesões menores e a pressão de um futebol competitivo testaram sua resiliência. Mas Arias, com sua personalidade discreta e foco absoluto, superou tudo, pavimentando o caminho para o exterior.
A Explosão no Fluminense: Do Carioca ao Mundial
Em agosto de 2021, o Fluminense apostou alto em Arias, trazendo-o por cerca de 2,5 milhões de euros. O Rio de Janeiro, com suas praias e Maracanã, seria o palco perfeito para seu talento florescer. Inicialmente reserva, ele logo se tornou indispensável sob o comando de Fernando Diniz, conhecido por seu estilo ofensivo e fluido. Arias se adaptou rapidamente ao futebol brasileiro, com sua intensidade e criatividade.
Ao longo de quatro temporadas no Tricolor, ele disputou 164 partidas e marcou 32 gols, números impressionantes para um jogador de sua posição. Em 2023, veio o ápice: a vitória na Copa Libertadores, o primeiro título continental do clube em 123 anos de história. Arias foi herói na final contra o Boca Juniors, com um gol e uma assistência que selaram o 2 a 1 no agregado. Sua comemoração, abraçando a torcida nas Laranjeiras, virou ícone. Além disso, conquistou a Recopa Sul-Americana em 2024 e dois Campeonatos Cariocas (2022 e 2023), consolidando-se como um dos melhores estrangeiros da Série A.
O que tornava Arias especial no Flu era sua consistência. Em 2025, antes da transferência, ele já somava 29 jogos, com quatro gols e 14 assistências no ano. Sua parceria com nomes como André e Germán Cano criava jogadas imprevisíveis, e ele se destacava em bolas paradas, com chutes precisos de fora da área. Fora de campo, integrou-se à cultura carioca, aprendendo português fluente e participando de ações sociais no Rio. Mas o brilho maior veio no FIFA Club World Cup 2025, nos Estados Unidos. Arias foi eleito para o time do torneio, com um gol e uma assistência decisivos na vitória sobre o Inter de Milão. Sua performance, descrita como “mágica” pela imprensa, acelerou negociações com clubes europeus.
A Seleção Colombiana: De Esperança a Finalista
Arias estreou pela seleção colombiana em 2021, mas foi na era de Néstor Lorenzo que se firmou. Com 31 convocações até o fim de 2025, ele é peça-chave no esquema 4-2-3-1, atuando como meia ofensivo ou ala. Sua velocidade complementa o estilo de Luis Díaz e James, formando um trio letal.
O ponto alto foi a Copa América de 2024, onde a Colômbia chegou à final, perdendo para a Argentina nos pênaltis. Arias jogou todas as partidas, marcando um gol contra o Panamá e distribuindo assistências que levaram o time invicto até o fim. Em 2025, ele participou das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, com atuações sólidas contra Brasil e Uruguai. Sua convocação para amistosos recentes, incluindo um hat-trick de chances criadas contra o Peru, reforça seu status. Para Arias, vestir a camisa amarela é mais que dever: é orgulho de representar Chocó, uma região historicamente marginalizada.
A Transferência para o Wolverhampton: Um Novo Capítulo
O verão de 2025 trouxe a grande virada. Após o Mundial de Clubes, o Wolverhampton Wanderers, da Premier League, pagou 19 milhões de libras pelo colombiano, assinando um contrato de quatro anos com opção de extensão. A negociação, anunciada em 24 de julho, reuniu Arias com compatriotas como Yerson Mosquera e o ex-companheiro André, facilitando a adaptação. Gary O’Neil, técnico dos Wolves, viu nele o reforço ideal para o ataque: versátil, incansável e com faro de gol.
A estreia veio em agosto, contra o Manchester United, onde Arias mostrou garra, mas o time perdeu por 1 a 0. Até dezembro de 2025, ele acumula 11 jogos na liga, com nove como titular, 14 finalizações e duas no alvo, sem gols ou assistências ainda. Um cartão amarelo contra o Arsenal em novembro reflete sua intensidade, mas ele elogia a fisicalidade inglesa em entrevista exclusiva concedida em 9 de dezembro. “O Fluminense me ensinou a criar em espaços curtos; aqui, é sobre resistir e contra-atacar”, disse ele, comparando o ritmo frenético da Premier ao samba carioca.
Os Wolves, lutando no meio da tabela com 25 pontos após 16 rodadas, contam com Arias para deslanchar. Sua média de 1,5 dribles por jogo e 66% de passes certos impressionam, mas ele admite: “Preciso de paciência. Gols virão.” Fora do campo, Arias se instala em Wolverhampton com a família, explorando pubs e treinando extra para o frio inglês.
Adaptação na Premier League: Desafios e Promessas
A transição para a Inglaterra não é simples. Arias, com 1,68m, enfrenta defensores mais altos e o clima úmido, mas sua agilidade compensa. Em outubro, marcou seu primeiro gol pelos Wolves na Copa da Liga, contra o Ipswich, um voleio de fora da área que ecoou sua fase no Flu. Na liga, contribuiu para vitórias contra o Brentford e Southampton, com cruzamentos precisos.
Lesões leves em setembro o deixaram fora por duas semanas, mas ele voltou mais forte. Analistas como os do The Athletic notam sua evolução: de 60% para 72% de acerto em duelos aéreos, graças a treinos específicos. Com o Natal chegando, os Wolves enfrentam uma sequência dura: Liverpool, Chelsea e Tottenham. Arias, camisa 10, sonha com seu primeiro gol na liga antes de 2026, o que poderia impulsionar o time para a parte de cima.
Vida Pessoal: Humildade Além do Gramado
Fora das quatro linhas, Arias é um homem de família. Casado com sua namorada de infância, tem uma filha pequena que o acompanha em viagens. Em Quibdó, apoia projetos para jovens carentes, doando chuteiras e visitando escolas. “O futebol me tirou da rua; quero dar isso de volta”, conta em perfis recentes. Fã de reggaeton e churrasco colombiano, ele equilibra a rotina com meditação, inspirado em atletas como Rafael Márquez.
O Legado em Construção
Aos 28 anos, Jhon Arias está no auge. De Patriotas ao Molineux, sua jornada inspira: persistência, talento e humildade. No Wolves, ele pode repetir façanhas como na Libertadores, talvez até na Champions. Para a Colômbia, é esperança para 2026. Como ele mesmo diz: “O futebol é imprevisível, mas eu jogo com o coração.” E esse coração, batendo forte, promete mais páginas gloriosas.