Islam Makhachev não é só um lutador; é um embaixador do MMA daguestano que prova que estratégia vence força bruta. De garoto das montanhas a potencial bicampeão, sua jornada inspira milhões. Com o UFC 322 à porta, o mundo espera: será o começo de uma era multi-divisões ou o ápice de uma lenda? Uma coisa é certa: Makhachev luta com o coração, e isso é imbatível.

Islam Makhachev: O Fenômeno Russo do MMA que Desafia Limites

Islam Makhachev

Islam Makhachev é um nome que ecoa com força nos octógonos do mundo inteiro. Nascido nas montanhas do Daguestão, na Rússia, esse lutador de artes marciais mistas (MMA) transformou sua herança cultural em uma máquina de vitórias implacáveis. Com um cartel impressionante e uma dedicação que beira o fanatismo, Makhachev não é apenas um atleta; ele é um símbolo de resiliência e estratégia no esporte que mais cresce globalmente. Aos 33 anos, ele já é considerado um dos maiores da história dos leves, mas sua jornada vai além de um peso específico. Nesta reportagem, mergulhamos na vida, nas lutas e nos desafios que moldaram esse guerreiro daguestano, com um olhar especial para os eventos que agitam o calendário de novembro de 2025.

Origens Humildes nas Montanhas do Daguestão

A história de Islam Makhachev começa em Makhachkala, capital do Daguestão, uma região marcada por tradições antigas e um terreno acidentado que forja caracteres fortes. Filho de uma família modesta, ele cresceu em meio a uma cultura onde a luta livre é mais do que um esporte – é uma forma de vida. Desde os cinco anos, Islam trocava as brincadeiras infantis por sessões intensas de treinamento na academia local, guiado por mentores que viam nele um potencial raro.

Seu pai, um ex-lutador de sambo, foi o primeiro a introduzi-lo ao mundo das quedas e dos controles no solo. Mas foi a influência de Khabib Nurmagomedov, seu companheiro de treinos e amigo de infância, que acelerou sua ascensão. Khabib, que se tornaria o campeão invicto dos leves no UFC, serviu como modelo e parceiro de sparring. “Treinar com Khabib era como enfrentar um urso”, diria Makhachev anos depois em uma entrevista. Essa proximidade não era só física; era uma irmandade forjada no suor e na poeira das salas de luta daguestanas.

Aos 16 anos, Islam já competia em torneios regionais de combate livre, conquistando medalhas que chamaram a atenção de olheiros internacionais. Em 2006, ele estreou no profissionalismo com uma vitória por finalização, um sinal precoce de sua versatilidade. Mas o Daguestão não era um trampolim fácil. A instabilidade política e econômica da região nos anos 2000 obrigou Makhachev a equilibrar treinos exaustivos com empregos informais, como trabalhar em construções. Essa base de superação se reflete em sua mentalidade: “Eu luto não só pelo cinto, mas pela família que me ensinou a nunca desistir”, confidenciou ele em uma rara conversa com a imprensa russa.

Primeiros Passos no Circuito Profissional

O ingresso de Makhachev no MMA profissional foi meteórico, mas cheio de curvas. Após vitórias em eventos menores na Rússia e no Cáucaso, ele assinou com o ProFC, uma promoção local que o testou contra adversários experientes. Sua primeira derrota veio em 2010, contra Magomedrasul Khasbulaev, uma lição dura que o levou a refinar seu jogo de wrestling. “Perder me mostrou que o talento sozinho não basta; é a preparação que vence”, refletiu ele.

Em 2014, o chamado do UFC chegou. Recomendado por Khabib, que já brilhava na organização, Makhachev desembarcou em Las Vegas para sua estreia contra o brasiliano Leonardo Santos. A vitória por decisão unânime foi um cartão de visitas humilde, mas suficiente para provar sua solidez. Nos anos seguintes, ele acumulou triunfos contra nomes como Chris Wade e Arman Tsarukyan, misturando finalizações com domínio no chão. Seu recorde no UFC começou com uma sequência de oito vitórias, interrompida apenas por uma lesão em 2016, que o forçou a uma pausa de quase um ano.

Essa interrupção foi crucial. Durante o hiato, Makhachev viajou para os Estados Unidos, treinando na American Kickboxing Academy (AKA), onde poliu seu striking com Jason Jackson e reforçou o jiu-jitsu com Javier Mendez. O retorno foi avassalador: em 2019, ele finalizou Drew Dober com um rear-naked choke no primeiro round, uma performance que o colocou no radar dos top 10 dos leves. Sua paciência e controle – marcas registradas de sua escola daguestana – começaram a se destacar, diferenciando-o de rivais mais explosivos.

A Conquista do Cetro dos Leves e Defesas Épicas

O ponto alto da carreira de Makhachev veio em 2022, quando ele herdou o legado de Khabib ao vencer Charles Oliveira pelo título dos leves no UFC 280, em Abu Dhabi. A finalização com um arm-triangle no segundo round não foi só uma vitória; foi uma transição geracional. Como pupilo de Nurmagomedov, que se aposentou invicto, Islam carregava o peso de uma nação inteira. “Khabib me ensinou que o campeão não é quem bate mais forte, mas quem controla o destino da luta”, disse ele na coletiva pós-luta.

Desde então, Makhachev defendeu o cinturão quatro vezes, um feito que o coloca entre os elites da divisão. Contra Alexander Volkanovski, em 2023, ele nocauteou o australiano com um golpe de esquerda preciso, vingando a derrota de Khabib anos antes. A revanche, meses depois, foi ainda mais dominante, com uma finalização no primeiro round. Em 2024, a defesa contra Arman Tsarukyan no UFC 302 foi um clássico: cinco rounds de tensão, onde o russo usou seu grappling superior para vencer por decisão.

Essas defesas não foram sem controvérsias. Críticos apontavam para a “falta de emoção” em seu estilo, mas os números falam por si: 14 vitórias seguidas no UFC, com 70% de finalizações. Makhachev elevou o padrão dos leves, forçando rivais a evoluírem. Sua preparação é lendária – acampamentos de oito semanas em altitude, com sessões diárias de wrestling que duram horas. “Eu estudo o oponente como um xadrez; cada movimento tem um propósito”, explica ele.

Estilo de Luta: Precisão e Domínio Absoluto

O que torna Islam Makhachev único é sua fusão perfeita de wrestling daguestano, sambo e jiu-jitsu brasileiro. Alto para os leves (1,78m), ele usa sua envergadura para manter distância no striking, onde surpreende com jabs afiados e low kicks devastadores. Mas é no solo onde ele brilha: seu controle posicional é sufocante, com transições fluidas que esgotam o oponente. Especialistas comparam seu ground-and-pound ao de Khabib, mas com um toque mais técnico, incorporando chaves de braço e triângulos.

Defensivamente, Makhachev é uma muralha. Sua taxa de defesa de quedas é de 92%, uma das mais altas da história do UFC. Ele não busca o espetáculo; prefere a eficiência. Em uma era de knockouts relâmpagos, sua abordagem calculada é refrescante – e aterrorizante. Treinadores rivais admitem: “Enfrentar Islam é como lutar contra uma rede; quanto mais você se debate, mais preso fica”.

Fora do octógono, ele investe em sua academia no Daguestão, treinando uma nova geração de lutadores. Seu impacto vai além das vitórias: ele promove a cultura muçulmana e a disciplina islâmica, inspirando jovens em regiões marginalizadas.

Vida Pessoal: Família, Fé e Legado

Longe das luzes, Makhachev é um homem de família. Casado com uma compatriota daguestana, ele tem dois filhos – um menino e uma menina – que o motivam a retornar para casa após cada viagem. Sua fé muçulmana é central: ele jejua durante o Ramadã e recita orações antes de cada luta, uma rotina que o centra em meio ao caos do MMA.

Amigo leal de Khabib, os dois compartilham não só o ouro olímpico do sambo, mas uma visão de elevar o Daguestão globalmente. Nurmagomedov, agora treinador e empresário, gerencia parte da carreira de Islam, incluindo parcerias com marcas como VeChain. Apesar da fama, Makhachev evita o estrelato hollywoodiano; prefere a simplicidade de sua vila natal, onde construiu uma rua em homenagem a Khabib – um gesto que o fez rir ao ver moradores pedindo “consertos” nas calçadas irregulares.

Atualizações Recentes: O Desafio dos Médios no UFC 322

Novembro de 2025 traz um capítulo inédito para Makhachev. Após quatro defesas nos leves, ele sobe de categoria para desafiar Jack Della Maddalena pelo título dos médios no UFC 322, marcado para 15 de novembro em Nova York. Essa “superluta” é histórica: nenhum campeão dos leves venceu um cinturão em divisão superior desde 2004, quando Matt Hughes tentou algo similar.

A preparação foi intensa. Makhachev ganhou massa muscular controlada, chegando a 77kg com força preservada. Na pesagem, o olhar fixo com Della Maddalena gerou faíscas – Dana White interveio para separá-los, prevendo um confronto épico. “Eu ainda me sinto campeão dos leves; ninguém tira isso de mim”, declarou Islam em coletiva recente, descartando rumores de aposentadoria, embora rivais como Volkanovski especulem que essa pode ser sua última dança.

O evento em Madison Square Garden é carregado de simbolismo. Makhachev visa quebrar uma sequência de 21 anos sem um “upset” interdivisões, mirando o recorde de defesas de Georges St-Pierre nos médios. Apostas favorecem o australiano, mas o russo, com seu cartel de 27-1, é imprevisível. Treinando na AKA, ele incorporou mais boxe para lidar com o striking afiado de Della Maddalena. “Vou levar minha pressão para o chão dele”, prometeu.

Fora da luta, Makhachev ri de anedotas, como a rua “quebrada” nomeada em honra a Khabib em sua terra natal – um lembrete de que, mesmo no topo, ele mantém os pés no chão. Se vencer, ele pode mirar uma trilogia de títulos, unificando divisões.

O Legado em Construção

Islam Makhachev não é só um lutador; é um embaixador do MMA daguestano que prova que estratégia vence força bruta. De garoto das montanhas a potencial bicampeão, sua jornada inspira milhões. Com o UFC 322 à porta, o mundo espera: será o começo de uma era multi-divisões ou o ápice de uma lenda? Uma coisa é certa: Makhachev luta com o coração, e isso é imbatível.