Gabriel Brazão
Gabriel Brazão, com seus 1,92 metro de altura e reflexos afiados, tem se tornado uma figura indispensável no futebol brasileiro. Aos 25 anos, o goleiro nascido em Uberlândia, Minas Gerais, carrega uma história de superação que vai desde as categorias de base do Cruzeiro até as negociações milionárias com gigantes europeus. No Santos FC, ele não só ajudou na conquista da Série B em 2024, mas também se destacou na elite do Brasileirão em 2025, liderando o ranking mundial de defesas difíceis. Nesta reportagem, mergulhamos na trajetória desse jovem talento que, em dezembro de 2025, atrai olhares do Bayern de Munique enquanto sonha com a consolidação em um clube de tradição.
Início da Jornada: Das Quadras de Uberlândia ao Cruzeiro
Tudo começou em Uberlândia, uma cidade do Triângulo Mineiro conhecida por seu calor e por revelar craques discretos. Gabriel Nascimento Rezende Brazão nasceu em 5 de outubro de 2000, filho de uma família humilde que via no futebol uma saída para dias melhores. Desde cedo, o menino se destacava nas peladas de rua e nos campeonatos locais, com mãos seguras e uma coragem que impressionava os olheiros. Aos 13 anos, em março de 2014, ele foi para Belo Horizonte integrar as categorias de base do Cruzeiro, deixando para trás o Uberlândia Esporte Clube, seu primeiro time.
No Cruzeiro, Brazão encontrou um ambiente competitivo. O clube mineiro, tricampeão da Libertadores, investia pesado na formação de goleiros, e ele rapidamente se sobressaiu. Treinava ao lado de nomes como Rafael, que viria a ser titular, e absorvia lições de Fábio, o eterno “Falcão Negro” da Raposa. Em 2017, com apenas 16 anos, ele foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-17 e brilhou no Mundial da categoria, na Índia. Lá, defendeu pênaltis decisivos e foi eleito o melhor goleiro do torneio, uma marca que o projetou internacionalmente. De volta ao Cruzeiro, sua estreia no profissional veio em 2018, mas as chances eram escassas. Com Fábio como titular absoluto, Brazão acumulava minutos nos treinos e nos jogos da base, sonhando com o dia em que vestiria a camisa celeste em uma partida oficial de peso.
Aqueles anos foram de aprendizado intenso. Ele lidava com a pressão de ser comparado a lendas, mas também com lesões iniciais que testavam sua resiliência. “O Cruzeiro me ensinou a ser paciente”, diria ele anos depois em uma entrevista ao Globo Esporte. Foi nessa fase que olheiros europeus começaram a rondar, atraídos pelo seu físico imponente e pela habilidade em saídas de bola – um traço raro para goleiros brasileiros da época.
A Aventura Europeia: Sonhos, Empréstimos e Lições Duras
O salto para a Europa veio em 2019, quando o Parma, da Série A italiana, pagou 2,5 milhões de euros pelo jovem de 18 anos. A transferência foi um marco: Brazão se tornava o goleiro mais caro vendido pelo Cruzeiro na época. Chegou à Itália com o peso de ser reserva de Luigi Sepe, mas o aprendizado fora de campo era valioso. A temporada terminou com o Parma em 14º lugar, e embora não tenha estreado, ele treinava com intensidade, absorvendo a tática defensiva italiana.
Poucos meses depois, em junho de 2019, veio a mudança para a Internazionale, de Milão. O Inter, que o monitorava desde a base cruzeirense, via nele um futuro sucessor de Handanović. Mas a concorrência era feroz: Sommer, Onana e até jovens da base disputavam vaga. Para ganhar experiência, Brazão foi emprestado ao Albacete, na Segunda Divisão espanhola, em dezembro de 2019. Lá, finalmente estreou como profissional, em uma partida da Copa do Rei, defendendo cinco jogos e mostrando segurança em uma defesa instável.
Em 2020-2021, outro empréstimo: o Real Oviedo, também na Espanha. Três partidas, mas lições eternas sobre o frio do norte europeu e a pressão de torcidas exigentes. De volta ao Inter em 2022, ele vestiu a camisa 31, mas uma lesão no menisco do joelho esquerdo mudou tudo. Cirurgia, recuperação e outra no joelho – um período sombrio que o deixou fora por meses. “Foi o momento mais difícil da minha carreira”, confidenciou ele ao site oficial do Inter. Em 2023, empréstimos à SPAL e à Ternana, na Itália, sem minutos em campo, reforçaram a necessidade de um recomeço.
Esses anos na Europa moldaram Brazão. Ele aprendeu italiano fluente, aprimorou o posicionamento e ganhou maturidade. Mas o futebol brasileiro, com sua intensidade e paixão, chamava de volta. A Inter manteve 40% de seus direitos econômicos, apostando em um retorno lucrativo.
Retorno ao Brasil: O Empréstimo ao Cruzeiro e as Lesões
Em março de 2022, Brazão voltou ao Cruzeiro por empréstimo, justamente para suprir a saída de Fábio para o Fluminense. A torcida celeste o recebeu como herói da base, mas o destino pregou peças. Logo na pré-temporada, nova lesão no joelho, seguida de cirurgias que o deixaram seis meses afastado. Quando retornou, o time já tinha outro titular, e ele acumulou bancos. Ainda assim, em 38 jogos da Série A em 2025 (pelo Santos, mas ecoando essa fase), ele mostrou que havia evoluído: 10 clean sheets e apenas 50 gols sofridos em 3.398 minutos.
O empréstimo terminou em janeiro de 2023, e Brazão, frustrado mas determinado, buscava estabilidade. O Cruzeiro, em meio a crises financeiras, não exerceu opção de compra. Foi aí que o Santos, rebaixado à Série B e precisando de reforços, apostou nele.
A Ascensão no Santos: De Reserva a Herói da Série B
Em fevereiro de 2024, Brazão assinou com o Santos até dezembro de 2026, com o Inter adquirindo 60% dos direitos restantes. A estreia veio em maio, contra o América-MG, após lesão de João Paulo. Pressão imediata: falhas iniciais geraram vaias, mas ele se adaptou rápido. Tornou-se titular absoluto, jogando 30 das 31 partidas da Série B e ajudando o Peixe a conquistar o título com defesas milagrosas, incluindo pênaltis decisivos.
A torcida santista, conhecida por sua exigência, abraçou o mineiro. “Brazão é muro!”, gritavam nas arquibancadas da Vila Belmiro. Em 2024, ele acumulou 31 jogos na Série B, com 14 clean sheets e rating de 6.8 no Sofascore. O contrato foi estendido até 2028 em novembro, sinal de confiança mútua. No Santos, ele não só defende: inicia jogadas com os pés, contribuindo para o estilo ofensivo do time.
Destaques na Temporada 2025: Líder Mundial em Defesas
O ano de 2025 consolidou Brazão como elite. De volta à Série A, ele disputou 38 partidas, sofrendo 50 gols mas garantindo 10 jogos sem sofrer. Seu save percentage de 71.4% o colocou no topo do Brasileirão, à frente de nomes como Fábio e Walter. Em setembro, um choque de cabeças com Igor Gomes, do Atlético-MG, deixou-o com um galo na testa, mas ele continuou e evitou um gol certo – um episódio que viralizou nas redes.
Eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro 2025 em enquetes como a do Taquara News, Brazão superou 94 defesas difíceis no ano, mais que Courtois e Sommer globalmente. No Paulista, 13 jogos e 16 gols sofridos. Seu valor de mercado subiu para 8 milhões de euros, e o Santos, lutando contra o rebaixamento, vê nele uma âncora.
Carreira na Seleção: Do Sub-17 à Espera pela Principal
A amarelinha sempre foi parte da vida de Brazão. Em 2017, no Mundial Sub-17, ele foi fundamental na campanha brasileira, com defesas que renderam o troféu de melhor goleiro. Dois anos depois, no Sul-Americano Sub-20, atuou como reserva de Phelipe. Em 2018, dois caps em amistosos pela principal, contra Uruguai e Camarões – aos 17 anos, uma honra rara.
Desde então, convocações esporádicas, mas Dorival Júnior o monitora. Com Ederson e Alisson dominando, Brazão espera uma chance na Copa de 2026. “Quero estar pronto quando chamarem”, disse ele em coletiva recente.
O Interesse Internacional e o Futuro Incerto
Dezembro de 2025 traz novidades quentes: o Bayern de Munique ofereceu 12 milhões de euros por 70% dos direitos de Brazão, totalizando 17 milhões com a fatia da Inter – uma proposta para sucedê-lo a Manuel Neuer, que fará 40 anos em março e lida com lesões. O Santos avalia, precisando de caixa para reforços, mas Brazão expressou desejo de ficar. O Flamengo também sondou, mas a multa rescisória é alta.
Rumores de outubro apontavam o Bayern como alvo de longo prazo, com Ekrem Konur confirmando interesse por seus 15 milhões estimados. Para o goleiro, é dilema: Europa oferece visibilidade, mas o Santos é lar. “Decido com o coração, mas o clube vem primeiro”, comentou ele no X.
Conclusão: Um Talento em Ascensão
Gabriel Brazão não é só um goleiro; é símbolo de persistência. De Uberlândia ao Allianz Arena em potencial, ele transformou obstáculos em degraus. No Santos, ele luta pelo time; no Brasil, inspira jovens. Com 90 jogos na carreira e rating médio de 6.8, seu futuro brilha. Seja na Vila ou na Bundesliga, Brazão continuará voando alto. O futebol agradece por talentos assim.
