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Esporte Clube Bahia: A História de um Gigante do Futebol Brasileiro

Esporte Clube Bahia: A História de um Gigante do Futebol Brasileiro

Esporte Clube Bahia: A História de um Gigante do Futebol Brasileiro

O Esporte Clube Bahia, carinhosamente conhecido como “Esquadrão de Aço” ou “Tricolor Baiano”, é um dos clubes mais tradicionais e amados do futebol brasileiro. Fundado em 1º de janeiro de 1931, na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, o clube carrega uma história rica, marcada por conquistas históricas, uma torcida apaixonada e um papel central na cultura esportiva do Nordeste. Este artigo explora a trajetória do Bahia, desde sua fundação até os dias atuais, destacando suas conquistas, rivalidades, impacto social e sua relevância no cenário nacional e internacional.

Origens e Fundação

Um Novo Começo para o Futebol Baiano

O Esporte Clube Bahia nasceu em um momento de transição no futebol baiano. No final da década de 1920, dois clubes importantes de Salvador, a Associação Atlética da Bahia e o Clube Bahiano de Tênis, decidiram encerrar suas atividades futebolísticas. Ex-jogadores e entusiastas dessas agremiações se uniram para criar um novo clube que pudesse representar a paixão pelo futebol na capital baiana. Assim, em 1º de janeiro de 1931, foi fundado o Esporte Clube Bahia, sob o lema “Nasceu para Vencer”.

O primeiro presidente do clube, Waldemar Costa, um médico respeitado, liderou a formação inicial do Bahia. O clube adotou as cores azul, branco e vermelho, em homenagem à Associação Atlética da Bahia (azul), ao Clube Bahiano de Tênis (branco) e à bandeira do estado da Bahia (vermelho). Essas cores, que formam o apelido “Tricolor Baiano”, tornaram-se um símbolo de orgulho para os torcedores.

Primeiros Passos e Conquistas Iniciais

Logo em seu primeiro ano, o Bahia demonstrou sua força ao vencer o Torneio Início e o Campeonato Baiano de 1931. Esses títulos marcaram o início de uma trajetória vitoriosa no cenário estadual, consolidando o clube como uma potência local. A rápida ascensão do Bahia o transformou no time mais popular do Nordeste, conquistando corações em Salvador e além.

Glórias Nacionais e Internacionais

O Primeiro Campeão Brasileiro

O ano de 1959 foi um marco na história do Esporte Clube Bahia. Naquele ano, o clube conquistou a Taça Brasil, o primeiro campeonato nacional oficial do país, considerado o precursor do Campeonato Brasileiro. A campanha foi memorável, com o Bahia derrotando o poderoso Santos, conhecido como “Santásticos”, na final. O time santista contava com craques como Pelé, Coutinho e Pepe, mas o Bahia, com garra e talento, venceu o confronto decisivo no Maracanã por 3 a 1, garantindo o título e o direito de representar o Brasil na primeira edição da Copa Libertadores, em 1960.

Essa conquista colocou o Bahia no mapa do futebol brasileiro, mostrando que um clube do Nordeste poderia competir de igual para igual com as potências do Sul e Sudeste. O título de 1959 permanece como um dos momentos mais celebrados da história do clube.

O Segundo Título Brasileiro

Em 1988, o Bahia voltou a fazer história ao conquistar seu segundo título do Campeonato Brasileiro Série A. Na final, enfrentou o Internacional de Porto Alegre, vencendo o jogo de ida por 2 a 1 na Arena Fonte Nova, diante de 90 mil torcedores, e segurando um empate sem gols no jogo de volta. Essa vitória foi especialmente significativa, pois desafiou as expectativas da imprensa sulista, que via o Nordeste como uma região menos desenvolvida no futebol. O triunfo reforçou o apelido “Esquadrão de Aço” e consolidou a reputação do Bahia como um clube de peso no cenário nacional.

Participações na Copa Libertadores

O Bahia participou da Copa Libertadores em quatro ocasiões (1960, 1964, 1989 e 2025), com sua melhor campanha sendo os quartos de final em 1989. Após 35 anos de ausência, o clube voltou à competição em 2025, reacendendo a esperança dos torcedores de repetir os feitos do passado. A participação na Libertadores é um símbolo do prestígio do clube, que continua a buscar glórias no cenário internacional.

Rivalidades e o Clássico Ba-Vi

O Maior Clássico do Nordeste

O Esporte Clube Bahia tem como maior rival o Esporte Clube Vitória, também de Salvador. O clássico Ba-Vi, como é conhecido, é um dos mais intensos do Brasil, frequentemente listado entre os mais acirrados do mundo. Desde 1932, os dois clubes protagonizam confrontos eletrizantes, que vão além do campo e mobilizam toda a cidade. O Bahia mantém uma vantagem histórica no número de vitórias e gols marcados, além de ter conquistado 50 títulos estaduais, 21 a mais que o Vitória.

Um dos episódios mais marcantes do Ba-Vi ocorreu em fevereiro de 2018, quando nove jogadores (quatro do Bahia e cinco do Vitória) foram expulsos em uma partida do Campeonato Baiano, chamando a atenção internacional para a rivalidade. Apesar da competitividade, o Bahia recuperou a hegemonia estadual na década de 2010, conquistando sete títulos baianos entre 2012 e 2023.

Outras Rivalidades Locais e Regionais

Além do Vitória, o Bahia também protagonizou clássicos históricos com outros clubes de Salvador, como o Galícia (Clássico das Cores), o Botafogo-BA (Clássico do Pote) e o Ypiranga (Clássico das Multidões). No cenário regional, a rivalidade com o Sport Club do Recife é notável, especialmente em competições como a Copa do Nordeste, onde o Bahia conquistou o título em 2017, derrotando o Sport na final.

A Torcida e o Impacto Social

Uma Torcida Apaixonada

O Bahia possui uma das maiores torcidas do Brasil, sendo a nona maior do país, segundo pesquisa do Instituto AtlasIntel de 2024. No Nordeste, é o clube mais popular, com uma base de torcedores que lota a Arena Fonte Nova, estádio com capacidade para 48.902 pessoas, reformado para a Copa do Mundo de 2014. A torcida, conhecida como “Legião Tricolor”, é famosa por sua paixão e apoio incondicional, seja nos momentos de glória, seja nas adversidades.

A Torcida Organizada Legião Tricolor, fundada em 2011, simboliza a força dos torcedores baianos. Com o lema de “alegria e liberdade”, a torcida carrega bandeiras e cânticos que celebram a história do clube, muitas vezes inspirados na cultura baiana. O mascote do clube, o Super-Homem Tricolor, inspirado no personagem da DC Comics, é outro ícone que anima as arquibancadas.

Engajamento Social e Progressismo

Desde 2013, sob a liderança de torcedores, o Bahia adotou uma postura progressista, tornando-se um dos clubes mais engajados socialmente no Brasil. O movimento “Democracia Tricolor” transformou a gestão do clube, permitindo que os sócios votassem diretamente para presidente e promovendo uma administração mais transparente. Essa mudança também trouxe iniciativas voltadas para questões sociais, como o combate ao racismo, a defesa dos direitos LGBTQ+, a demarcação de terras indígenas e a proteção das mulheres nos estádios.

Um exemplo marcante foi em 2019, quando os jogadores do Bahia entraram em campo com camisas manchadas de óleo, protestando contra o derramamento de petróleo nas praias do Nordeste. Em outra ação, durante o Mês da Consciência Negra, o clube estampou nomes de líderes negros brasileiros em seus uniformes, como Zumbi dos Palmares e Moa de Katendê. Essas iniciativas reforçam o compromisso do Bahia com a transformação social, usando o futebol como ferramenta de mudança.

A Era City Football Group

Uma Nova Era com Investimento Internacional

Em dezembro de 2022, o Bahia anunciou que o City Football Group (CFG), subsidiária do Abu Dhabi United Group, adquiriu 90% das ações do clube, após 98,6% dos sócios aprovarem a transação. A aquisição, concluída em maio de 2023, marcou o início de uma nova era para o clube. O CFG, que também controla clubes como o Manchester City e o Club Bolívar, trouxe investimentos significativos, incluindo a modernização da infraestrutura e a criação de uma filial da City Football Academy em Salvador.

A parceria com o CFG também fortaleceu o time feminino do Bahia, que conquistou o Campeonato Baiano em todos os anos desde sua criação em 2019 e venceu a Série A2 do Campeonato Brasileiro em 2024, garantindo o acesso à elite nacional. A gestão do CFG trouxe estabilidade financeira, permitindo ao clube reduzir dívidas e investir em novos talentos.

Desafios e Superação

Rebaixamentos e Retornos

Apesar de sua grandeza, o Bahia enfrentou momentos difíceis, como os rebaixamentos para a Série B em 1997, 2003 e 2014. Em cada ocasião, o clube demonstrou resiliência, retornando à Série A rapidamente. Em 2022, após um terceiro lugar na Série B, o Bahia garantiu o retorno à primeira divisão, consolidando sua posição como um dos gigantes do futebol brasileiro.

Crises Administrativas

Antes da intervenção dos torcedores em 2013, o Bahia sofreu com gestões ineficientes que acumularam dívidas e comprometeram o desempenho do clube. O movimento Democracia Tricolor, liderado por Guilherme Bellintani, mudou esse cenário, promovendo uma administração mais democrática e focada no bem-estar do clube e de sua torcida.

O Futuro do Esquadrão de Aço

Ambições no Cenário Nacional e Internacional

Com o apoio do City Football Group, o Bahia está posicionado para alcançar novos patamares. A volta à Copa Libertadores em 2025 é um passo importante, e o clube planeja fortalecer seu elenco e infraestrutura para competir em alto nível. A construção de uma City Football Academy em Salvador promete revolucionar a formação de jovens talentos, enquanto o time feminino continua a crescer, consolidando o Bahia como um clube de vanguarda no futebol brasileiro.

O Legado do Tricolor Baiano

O Esporte Clube Bahia é mais do que um clube de futebol; é um símbolo da identidade e da paixão do povo baiano. Com 50 títulos estaduais, dois campeonatos brasileiros e uma torcida que nunca abandona, o Bahia carrega a responsabilidade de representar o Nordeste com orgulho. Seu compromisso com causas sociais, aliado a uma gestão moderna e investimentos internacionais, faz do Bahia um exemplo de como o futebol pode unir esporte, cultura e transformação social.

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