Enner Valencia
Enner Valencia é um dos nomes mais respeitados do futebol sul-americano. Nascido na costa equatoriana, ele transformou suas origens humildes em uma carreira repleta de gols, títulos e momentos inesquecíveis. Aos 35 anos, em 2025, Valencia continua sendo uma força vital para a seleção do Equador e para seu clube atual, o Pachuca, no México. Sua trajetória é marcada por determinação, habilidade técnica e um faro de gol que o levou de estádios locais a arenas europeias e mundiais. Neste artigo, exploramos a vida e a carreira desse ídolo equatoriano, com foco nas conquistas que o definem e nas novidades mais recentes que mantêm seu brilho aceso.
Infância e Início da Carreira
Enner Remberto Valencia Lastra veio ao mundo em 4 de novembro de 1989, na pequena cidade de San Lorenzo, na província de Esmeraldas, no Equador. Filho de uma família pobre, de descendência afro-equatoriana, Enner cresceu em um ambiente onde o futebol era mais do que um esporte: era uma saída para um futuro melhor. A região de Esmeraldas, conhecida por sua cultura vibrante e praias, também é marcada pela desigualdade social, e Valencia enfrentou dificuldades desde cedo. Seus pais lutavam para colocar comida na mesa, e o jovem Enner muitas vezes ajudava em tarefas simples para contribuir em casa.
O amor pelo futebol surgiu naturalmente nas ruas poeirentas de San Lorenzo. Aos 16 anos, em 2005, ele ingressou nas categorias de base do Caribe Junior, um clube modesto da região. Foi lá que Valencia começou a mostrar seu talento como atacante veloz e habilidoso. O Caribe Junior também formou outro grande nome do Equador, Antonio Valencia, o que já indicava o potencial da academia. Enner passou três anos aprimorando suas habilidades, jogando como ponta de lança, com dribles rápidos e chutes precisos que chamavam atenção.
Em 2008, aos 18 anos, veio a grande oportunidade: a transferência para o Emelec, um dos gigantes do futebol equatoriano, sediado em Guayaquil. A mudança não foi fácil. Enner chegou ao clube sem recursos e precisou se hospedar em acomodações precárias no Estádio George Capwell. Havia dias em que mal conseguia uma refeição decente, dormindo em beliches improvisados com outros jovens jogadores. Mas a persistência pagou. Sob o comando do técnico argentino Jorge Sampaoli, que assumiu o Emelec no início de 2010, Valencia finalmente ganhou espaço no time principal. Sampaoli, conhecido por seu estilo ofensivo e inovador, viu no equatoriano um diamante bruto e o transformou em peça chave do ataque.
Esses primeiros anos no Emelec foram de aprendizado intenso. Enner disputou sua primeira partida profissional em 2010, ajudando o time a chegar à final do Campeonato Equatoriano, embora tenha perdido para o L.D.U. Quito por 2 a 1 no agregado. Na temporada seguinte, em 2011, ele marcou nove gols em 30 jogos, consolidando-se como titular. Foi um período de amadurecimento, onde Valencia aprendeu a lidar com a pressão de um clube grande e a importância de equilibrar velocidade com finalização. Sua dedicação nos treinos e humildade fora de campo o tornaram querido pela torcida, que via nele um reflexo de suas próprias lutas.
Carreira em Clubes: De Guayaquil ao Mundo
A carreira de Enner Valencia em clubes é um mapa de conquistas continentais e adaptações culturais. De times locais a gigantes europeus e asiáticos, ele sempre se destacou pelo instinto goleador e pela capacidade de brilhar em momentos decisivos. Ao longo de mais de 600 partidas profissionais, Valencia acumula cerca de 190 gols, números que falam por si só.
Os Anos de Consolidação no Emelec (2010-2013)
No Emelec, Valencia viveu seus primeiros anos de glória. Em 2012, ele explodiu com 13 gols em 40 jogos, levando o time novamente à final do campeonato nacional, mas caindo para o Barcelona SC. O ponto alto veio em 2013: Enner marcou seu primeiro hat-trick na carreira, em uma vitória por 4 a 0 sobre o Sport Huancayo pela Copa Sul-Americana. No total, foram quatro gols no campeonato equatoriano e cinco na competição continental. O Emelec conquistou o título nacional pela primeira vez desde 2002, e Valencia foi eleito o melhor jogador da Copa Sul-Americana, com o prêmio de artilheiro. Esses feitos chamaram a atenção de olheiros internacionais, pavimentando o caminho para a Europa.
Primeira Passagem pelo Pachuca e a Explosão no México (2014)
Em janeiro de 2014, Valencia cruzou as fronteiras para o Pachuca, na Liga MX mexicana. Foi uma adaptação rápida e impactante. Em apenas 23 jogos, ele balançou as redes 18 vezes, tornando-se o artilheiro do Clausura 2014 com 12 gols. Seu primeiro hat-trick veio nos playoffs, em uma vitória por 4 a 2 sobre o UNAM. O estilo de jogo mexicano, com campos grandes e defesas agressivas, casava perfeitamente com sua velocidade e precisão. Valencia ganhou o prêmio de artilheiro da liga e ajudou o Pachuca a brigar pelo título, embora não o tenha conquistado naquele ano. Sua passagem inicial pelo México foi curta, mas deixou uma marca indelével, com fãs que ainda o chamam de “El Supersonico” pela rapidez em campo.
Aventura na Premier League: West Ham e Everton (2014-2017)
O sonho europeu se realizou em julho de 2014, quando o West Ham United, da Premier League inglesa, pagou cerca de 12 milhões de libras por Valencia – quase um recorde para o clube londrino. Sua estreia foi contra o Tottenham, mas o impacto veio logo: em setembro, marcou um gol de 25 jardas contra o Hull City, um chute medido em 98 km/h que entrou para a história como um dos mais bonitos da temporada. Em três anos no West Ham, foram 54 jogos e oito gols na liga, além de participações na FA Cup e na Europa League. Lesões, como uma no joelho em 2015, o atrapalharam, mas ele mostrou resiliência.
Em 2016, foi emprestado ao Everton, onde marcou três gols na liga em 21 jogos. Seu primeiro pelo clube foi contra o Southampton, em uma vitória por 3 a 0. A Premier League testou sua versatilidade – jogando como ponta ou centroavante –, mas as adaptações climáticas e táticas foram desafiadoras. Ainda assim, Valencia ganhou respeito pela garra e pela capacidade de decidir jogos, como no empate contra o Manchester City.
Tigres UANL: Títulos e Brilho Continental (2017-2020)
De volta ao México em 2017, Valencia assinou com o Tigres UANL por 4,2 milhões de euros. Foi o período mais vitorioso de sua carreira em clubes. Em três anos, disputou 95 jogos na liga e marcou 21 gols, além de 10 na Liga dos Campeões da CONCACAF – onde foi artilheiro em 2019 e eleito para o time do torneio. O Tigres venceu o Apertura 2017 e o Clausura 2019, com Enner como peça central do ataque. Ele brilhou em finais, como na campanha vice-campeã da CONCACAF em 2019, e acumulou troféus que o consolidaram como ídolo mexicano.
Fenerbahçe: A Era Dourada na Turquia (2020-2023)
Em agosto de 2020, sem custo, Valencia chegou ao Fenerbahçe, da Süper Lig turca. Foi amor à primeira vista. Em 90 jogos na liga, 48 gols – incluindo uma temporada histórica em 2022-23, com 29 gols em 31 partidas, tornando-se artilheiro do campeonato. Seu hat-trick contra o Karagümrük e quatro gols em uma partida contra o Kasımpaşa são lendas na Turquia. O Fenerbahçe conquistou a Copa da Turquia em 2023, e Enner ganhou prêmios individuais, como o Marka Futbol. Na Europa, marcou oito gols em competições continentais, incluindo na Conference League e na Champions. A torcida de Istambul o adotou como herói, com cânticos que ecoam até hoje.
Internacional: Desafios no Brasil (2023-2025)
Em junho de 2023, Valencia assinou gratuitamente com o Internacional, de Porto Alegre, no Brasil. A Série A brasileira prometia emoção, mas os dois anos foram de altos e baixos. Em 60 jogos na liga, 13 gols, mais nove no Campeonato Gaúcho e cinco na Libertadores. Sua estreia foi contra o Fluminense, no Maracanã, e o primeiro gol veio na Libertadores contra o River Plate. Destaques incluem um gol na altitude de La Paz contra o Bolívar, em 2023, e participações na campanha do Inter na Sul-Americana. Em 2024, marcou em jogos importantes, mas lesões e concorrência limitaram seu brilho. Ainda assim, ele se adaptou à cultura gaúcha, aprendendo português e se integrando à torcida colorada.
Retorno ao Pachuca: Um Novo Capítulo (2025)
Em 11 de setembro de 2025, Valencia voltou ao Pachuca, fechando um ciclo de 11 anos. Aos 35 anos, ele assinou por três temporadas, trazendo experiência para um time em reconstrução. Na temporada 2025-26 da Liga MX Apertura, até outubro, Enner disputou quatro jogos como titular, acumulando 288 minutos e marcando um gol. Seu retorno foi recebido com festa pelos torcedores, que lembram de seus dias de glória em 2014. No México, ele busca mais títulos e uma despedida condizente com sua carreira.
Carreira na Seleção Equatoriana: O Capitão Artilheiro
A camisa da Tri, como é chamada a seleção equatoriana, é o orgulho de Enner Valencia. Com 101 jogos e 48 gols até outubro de 2025, ele é o maior artilheiro da história do país e seu capitão desde 2020. Sua jornada começou em 2012, mas explodiu após a morte de Christian Benítez em 2013, quando técnicos como Gustavo Quinteros o reposicionaram como centroavante.
Estreia e Primeiros Gols
A estreia foi em um amistoso contra Honduras, em fevereiro de 2012. O primeiro gol internacional veio em novembro de 2013, em outro empate com Honduras. Em 2014, Enner marcou 10 gols em 10 jogos, preparando o terreno para a Copa do Mundo.
Copas do Mundo: Momentos Épicos
Na Copa de 2014, no Brasil, Valencia foi o herói equatoriano. Marcou o único gol contra a Suíça (uma cabeçada) e os dois contra Honduras, garantindo a vitória por 2 a 1. Em 2022, no Catar, ele voltou a brilhar: gols contra o Catar (dois, incluindo pênalti) e na empate com a Holanda. Com seis gols em Copas, é o recordista equatoriano no torneio e o primeiro sul-americano a marcar em seis jogos consecutivos de Mundiais.
Copas América: Consistência em Grandes Torneios
Valencia participou de todas as Copas América desde 2015. Em 2015, marcou contra Bolívia e México; em 2016, contra Peru e Bolívia (dois gols); em 2019, contra Chile; e em 2024, contribuiu com gols em fases de grupos. Sua versatilidade o torna indispensável, com assistências e liderança em campo.
Recordes e Capitania
Em 2021, superou os 31 gols de Agustin Delgado como artilheiro histórico. Em setembro de 2025, alcançou a 100ª partida contra a Argentina. Como capitão, lidera uma geração promissora rumo à Copa de 2026.
Vida Pessoal: Raízes e Desafios
Fora de campo, Valencia é um homem de família. Casado e pai de filhos, ele valoriza suas raízes em Esmeraldas, onde investe em projetos sociais para jovens carentes. Em 2016, enfrentou um escândalo com pensão alimentícia não paga, o que o levou a deixar um jogo às pressas. Em 2020, sua irmã Erci foi sequestrada por 10 dias, um trauma que fortaleceu sua fé. Hoje, Enner é embaixador de causas afro-equatorianas e usa sua plataforma para inspirar.
Atualizações Recentes em 2025: Gols e Milestones
2025 tem sido um ano de marcos para Valencia. Pela seleção, marcou um brace contra a Venezuela em março (2 a 1), um gol contra a Argentina em setembro (sua 100ª capa, vitória por 1 a 0) e outro em novembro de 2024 contra a Colômbia (1 a 0). O ápice veio em 10 de outubro, em um amistoso contra os Estados Unidos em Austin: Enner abriu o placar aos 28 minutos, com um chute colocado, mas o jogo terminou 1 a 1 com gol de Folarin Balogun. Foi seu 48º gol em 101 jogos, aos 35 anos – ele completa 36 em novembro.
No Pachuca, desde o retorno em setembro, Enner estreou com um gol na quarta rodada do Apertura, ajudando em uma vitória por 2 a 1 sobre o León. Seus 283 minutos iniciais mostram que ele ainda corre como um jovem, com média de 1,3 expected goals (xG). Rumores de interesse de clubes europeus circulam, mas Valencia foca na Libertadores 2026 e na classificação equatoriana para o Mundial.
Conclusão: Um Legado em Construção
Enner Valencia não é apenas um jogador; é um símbolo de superação. De San Lorenzo aos gramados do mundo, sua jornada inspira milhões. Com mais de 2000 palavras dedicadas a sua história, fica claro: aos 35, ele ainda tem muito a oferecer. Que venham mais gols, títulos e capítulos nessa saga equatoriana