Deni Avdija
Deni Avdija é um dos nomes mais promissores do basquete mundial. Nascido em Israel, com raízes sérvias, esse jovem de 24 anos tem se destacado como um ala-pivô versátil e determinado na Liga Nacional de Basquete (NBA). Sua jornada, marcada por conquistas precoces e uma evolução impressionante, inspira torcedores ao redor do globo. Em uma era de estrelas explosivas, Avdija se sobressai pela inteligência em quadra, pela defesa sólida e pelo talento para criar jogadas. Este artigo mergulha na vida e na carreira desse atleta que, em novembro de 2025, vive um momento de auge com o Portland Trail Blazers.
Infância e Primeiros Passos no Basquete
Deni Avdija veio ao mundo em 3 de janeiro de 2001, na pequena localidade de Beit Zera, no norte de Israel. Filho de Zufer Avdija, um ex-jogador da seleção iugoslava de basquete, e de Sharon Artzi, uma atleta de pista e basquete, Deni cresceu em um ambiente onde o esporte era mais do que uma atividade – era uma tradição familiar. Seu pai, que disputou competições internacionais nos anos 1980 e 1990, contava histórias de jogos intensos na Europa, enquanto sua mãe incentivava a prática atlética desde cedo. Essa herança mista, com ascendência sérvia-gorani pelo lado paterno, moldou não só sua identidade cultural, mas também sua paixão pelo basquete.
Aos nove anos, no quarto ano do ensino fundamental, Deni relutava em praticar esportes. Foi um amigo da escola quem o convenceu a experimentar o basquete. “Eu era magro e desajeitado no início”, recordou Avdija em uma entrevista anos depois. Mas o que começou como uma brincadeira logo se transformou em obsessão. Ele treinava horas a fio em quadras improvisadas perto de casa, imitando os movimentos de ídolos como LeBron James e Kevin Durant. Sua família notou o talento natural: a coordenação motora, herdada da mãe, e a visão de jogo, vinda do pai.
Em 2013, aos 12 anos, Deni ingressou nas categorias de base do Maccabi Tel Aviv, um dos clubes mais tradicionais de Israel. Lá, ele enfrentou desafios como a pressão de representar uma instituição centenária e a adaptação a treinamentos profissionais. Mas sua dedicação pagou dividendos. Entre 2017 e 2019, liderou as equipes juvenis do Maccabi a três títulos consecutivos no campeonato israelense de base. Nesses anos, Avdija já chamava atenção internacional. Em 2018, foi eleito o MVP do acampamento Basketball Without Borders Europe, e no ano seguinte, conquistou o mesmo prêmio no evento global da Nike. Sua performance no Torneio Adidas Next Generation de 2018-19, com médias de 24,3 pontos, 11 rebotes e 6 assistências por jogo, o colocou no radar de olheiros da NBA.
Esses primeiros passos não foram só sobre vitórias. Deni lidava com a dualidade de sua herança: cidadão israelense e sérvio, ele escolheu representar Israel por laços afetivos e amizades formadas no país. Sua infância também foi marcada por lições de resiliência, como aprender inglês sozinho assistindo a desenhos da Nickelodeon e jogos de vídeo game, o que facilitou sua transição para o basquete profissional europeu.
Ascensão no Maccabi Tel Aviv
A estreia profissional de Deni Avdija no Maccabi Tel Aviv, em 2017, foi um marco. Aos 16 anos, ele se tornou o jogador mais jovem a vestir a camisa do clube, entrando em quadra em uma partida da Liga Israelense. O público do Yad Eliyahu Arena, lotado como sempre, aplaudiu o garoto que, apesar da inexperiência, mostrava maturidade. Na temporada 2017-18, ele disputou 20 jogos, contribuindo com pontos e energia da reserva.
O verdadeiro salto veio em 2019-20. Como titular, Avdija liderou o Maccabi na conquista do título da Liga Israelense de Basquete. Com médias de 13,9 pontos, 6,3 rebotes e 2,7 assistências, ele foi eleito o MVP mais jovem da história da liga, aos 19 anos. Seu impacto foi ainda maior na EuroLeague, a principal competição europeia de clubes. Em uma jogada icônica, Deni cravou uma enterrada sobre o italiano Luigi Datome, do Fenerbahçe, que foi eleita o “Momento Mágico da Temporada” pela EuroLeague. Essa ação, em março de 2020, simbolizou sua explosão atlética e confiança crescente.
No Maccabi, Avdija aprendeu lições valiosas. Treinado por técnicos como Neven Spahija, ele refinou sua defesa versátil, capaz de marcar alas e pivôs. Apesar de desafios, como um aproveitamento inicial de apenas 59% nos lances livres, ele evoluiu rapidamente. Foi nomeado Jogador Israelense do Ano e integrante do Primeiro Time da Liga. Sua saída do clube, em junho de 2020, para o Draft da NBA, foi agridoce: o Maccabi perdeu um talento, mas Israel ganhou um embaixador global do basquete.
Esses anos em Tel Aviv solidificaram Deni como um profissional completo. Ele não era só um arremessador; era um facilitador, com visão para passes e instinto para rebotes. Sua ética de trabalho – treinando extra após as sessões – o preparou para o rigor da NBA.
Draft na NBA e Anos no Washington Wizards
O sonho americano se concretizou em 22 de novembro de 2020, quando Deni Avdija foi selecionado como a nona escolha geral pelo Washington Wizards no Draft da NBA. Escolhido à frente de nomes como Immanuel Quickley e Malachi Flynn, ele assinou um contrato de quatro anos no valor de 21,6 milhões de dólares. Sua chegada a Washington, capital dos Estados Unidos, coincidiu com a pandemia de COVID-19, o que o obrigou a se adaptar rapidamente a um novo país e cultura.
Na temporada de calouro, 2020-21, Avdija jogou 54 partidas, com médias de 6,3 pontos e 4,9 rebotes em 23,3 minutos. Apesar do tempo limitado, ele impressionou pela defesa, roubando bolas e bloqueando arremessos. Lesões e a rotação do técnico Scott Brooks o testaram, mas Deni mostrou paciência. Em 2021-22, ele disputou todos os 82 jogos da temporada regular, elevando suas médias para 8,4 pontos e 5,2 rebotes. Sua versatilidade como ala-pivô permitiu que ele jogasse ao lado de estrelas como Bradley Beal e Russell Westbrook.
O terceiro ano, 2022-23, trouxe mais responsabilidades. Com 9,2 pontos e 6,4 rebotes em 26,6 minutos, Avdija se tornou peça chave na reconstrução dos Wizards. Ele assinou uma extensão de contrato em outubro de 2023, por quatro anos e 55 milhões de dólares, sinalizando a confiança da franquia. Na temporada 2023-24, sua melhor até então, Deni explodiu com 14,7 pontos, 7,2 rebotes e 3,8 assistências, atirando 50,6% do campo. Ele se destacou em jogos contra rivais como os Boston Celtics, onde sua defesa em alas adversários era crucial.
Os anos em Washington foram de aprendizado. Avdija lidou com críticas sobre seu arremesso de três pontos (37,4% em 2023-24) e turnovers ocasionais, mas cresceu como líder. Sua química com jovens como Jordan Poole o ajudou a se tornar um mentor informal. Em julho de 2024, porém, uma troca o levou para o oeste: em troca de Bub Carrington, Malcolm Brogdon e escolhas de draft, Deni rumou para o Portland Trail Blazers. Foi um recomeço, mas também uma oportunidade de brilhar como estrela principal.
Transferência para o Portland Trail Blazers
A chegada de Deni Avdija ao Portland Trail Blazers, em 6 de julho de 2024, foi vista como um acerto perfeito para uma franquia em reconstrução. Os Blazers, após trocarem Damian Lillard em 2023, buscavam um jogador versátil para ancorar o núcleo jovem com Scoot Henderson e Shaedon Sharpe. Deni, com sua experiência de quatro anos na liga, trouxe estabilidade imediata.
Na temporada 2024-25, sua primeira em Portland, Avdija disputou 72 jogos, com 54 como titular. Suas médias saltaram para 16,9 pontos, 7,3 rebotes e 3,9 assistências em 30 minutos por jogo. Ele atirou 47,6% do campo e 36,5% das três pontos, mostrando evolução no arremesso de longa distância. Um destaque foi março de 2025, seu mês mais produtivo: em 13 partidas, ele registrou 23,4 pontos, 9,8 rebotes e 5,2 assistências, com 51% de aproveitamento no campo e 45,7% nas bolas de três. Nesses jogos, Deni era o motor do time, facilitando transições rápidas e defendendo múltiplas posições.
Dois triplos-duplos marcaram essa campanha. O primeiro, em 2 de março de 2025, contra o Cleveland Cavaliers; o segundo, em 2 de abril, contra o Atlanta Hawks, com impressionantes 32 pontos, 15 rebotes e 10 assistências em 38 minutos. Esses feitos o colocaram como o “faz-tudo” dos Blazers, apelidado de “Turbo” por sua velocidade em quadra. Sob o comando inicial de Chauncey Billups e depois de Tiago Splitter como interino, Avdija se adaptou a lineups pequenos, jogando até como pivô em momentos chave.
A torcida em Portland, conhecida por sua paixão, adotou Deni rapidamente. Seu jogo físico e inteligente combinava com a identidade do time: defesa agressiva e contra-ataques velozes. Em abril de 2025, ele registrou seu máximo na temporada com 37 pontos contra o Chicago Bulls, provando que estava pronto para ser o rosto da franquia.
Estilo de Jogo e Habilidades Únicas
O que torna Deni Avdija especial é sua versatilidade. Listado como ala (small forward), ele atua principalmente como ala-pivô (power forward), medindo 2,06 metros e pesando 95 quilos. Seu estilo é agressivo e inteligente: ele ataca o aro com força, usando sua envergadura de 2,13 metros para finalizar ou passar. Apelidado de “Turbo”, Deni é mestre nas transições, correndo a quadra como um raio e criando oportunidades para companheiros.
Na defesa, ele brilha. Capaz de marcar de armadores a pivôs, Avdija usa sua lateralidade para roubar bolas (média de 0,8 por jogo na carreira) e bloquear arremessos (0,4). Sua leitura de jogo, herdada do pai, o torna um defensor de elite. No ataque, ele é um facilitador nato, com 2,8 assistências por jogo na carreira. Seu rebote é feroz: 6,2 por partida, com ênfase nos ofensivos que geram segundas chances.
Pontos fracos? O arremesso de três pontos era inconsistente no início (31,5% em 2020-21), mas evoluiu para 33,7% na carreira. Lances livres também melhoraram, de 64,4% para 75,3%. Deni não é um scorer puro como Stephen Curry, mas sua eficiência (46,2% no campo geral) o torna confiável. Em Portland, ele incorpora o “basquete moderno”: espaçamento, switches defensivos e plays coletivos.
Carreira Internacional pela Seleção Israelense
Apesar da elegibilidade sérvia pelo pai, Deni escolheu Israel por laços emocionais. Sua estreia pela seleção sub-16, em 2017, no Campeonato Europeu da FIBA, foi dominante: 15,3 pontos, 12,6 rebotes e 5,3 assistências por jogo, liderando o torneio em rebotes. Em 2018, no Torneio Albert Schweitzer sub-18, ele promediou 17 pontos e nove rebotes.
Pelos sub-20, Avdija foi ouro duplo: em 2018 e 2019 nos Europeus da FIBA. No último, como MVP, registrou 18,4 pontos, 8,3 rebotes, 5,3 assistências, 2,4 tocos e 2,1 roubos. Na semifinal, 26 pontos, 11 rebotes e 5 roubos; na final, 23 pontos, 7 assistências, 5 rebotes e 3 tocos.
Pela seleção adulta, estreou em 21 de fevereiro de 2019, em vitória sobre a Alemanha nas eliminatórias da Copa do Mundo. Em fevereiro de 2020, marcou 21 pontos e oito rebotes contra a Romênia nas eliminatórias do EuroBasket. Em março de 2022, após ataques em Israel, ele escreveu “Am Yisrael Chai” (O Povo de Israel Vive) em seus tênis, um gesto de solidariedade. Seu compromisso com a seleção continua, mesmo com a agenda da NBA.
Vida Pessoal e Legado Fora das Quadras
Fora da quadra, Deni é reservado, mas engajado. Judeu praticante, ele adia jogos de pré-temporada para observar o Yom Kippur, como em outubro de 2024. Durante a pandemia, foi convocado para o serviço militar israelense em abril de 2020, mas recebeu dispensa por sua carreira. Ele usa sua plataforma para promover o basquete em Israel, inspirando jovens de minorias.
Avdija é fluente em hebraico, sérvio e inglês, e mantém laços com a Sérvia visitando familiares. Sua família é seu pilar: o pai o treina informalmente, e a mãe o motiva. Em Portland, ele se adaptou à vida americana, explorando a cena musical e vegana da cidade. Deni também é fã de games, o que o ajudou a socializar na NBA.
Seu legado vai além dos números: como primeiro israelense no top 10 do Draft, ele abre portas para atletas do Oriente Médio. Em 2025, ele é embaixador de causas como educação através do esporte.
Atualizações Recentes: Temporada 2025-26 em Alta
Em novembro de 2025, Deni Avdija vive seu melhor momento na NBA. A temporada 2025-26 dos Trail Blazers começou com ele como estrela indiscutível. Após uma campanha 2024-25 de superação – onde os Blazers terminaram com 36 vitórias, graças a 23-18 no segundo semestre –, Deni assumiu o protagonismo sob o técnico interino Tiago Splitter.
Nos primeiros cinco jogos, ele promedia números de elite: mais de 20 pontos por partida, com volume de arremessos aumentado. Em 24 de outubro, contra o Golden State Warriors, 26 pontos (11/18 no campo, 4/6 nas três), 5 rebotes e 6 assistências em vitória por 139-119. Dois dias depois, 23 pontos, 7 rebotes e 5 assistências na derrota para o Los Angeles Clippers (114-107). Em 27 de outubro, explodiu com 25 pontos, incluindo 5/8 nas três pontos, mais 4 rebotes, 4 assistências e 3 tocos na vitória sobre os Lakers (122-108). Seu ex-colega Deandre Ayton brincou: “Cada cesta ele esfregava na minha cara”.
Em 29 de outubro, 19 pontos, 9 rebotes, 5 assistências, 1 toco e 1 roubo em 34 minutos na vitória apertada sobre o Utah Jazz (136-134). Esses jogos renderam indicação ao Jogador da Semana da Conferência Oeste, ao lado de Jrue Holiday, com médias de 22,3 pontos em três vitórias, 50% no campo e 41,2% nas três.
Apesar de uma lesão no tendão da perna esquerda em outubro, que o tirou de um jogo contra os Lakers, Deni voltou forte, mostrando resiliência. Analistas como os do Forbes o chamam de “breakout star”, potencialmente o jogador principal de Portland. Sua evolução pós-All-Star Break de 2024-25 – de 16 para 24 pontos por jogo nos últimos 15 jogos – continua. Com contrato descendente (14,4 milhões em 2025-26), ele é ativo valioso, mas os Blazers o veem como pilar.
Em 4 de novembro de 2025, Avdija é o coração dos Blazers, que começam 4-2 na temporada. Sua liderança em lineups pequenos, defendendo múltiplas posições e liderando contra-ataques, faz de Portland uma equipe imprevisível. Fãs sonham com playoffs; Deni, com mais troféus.
Conclusão: O Futuro Brilhante de Deni Avdija
Deni Avdija transcende fronteiras. De garoto em Beit Zera a estrela em Portland, sua trajetória é de superação e talento puro. Com 359 jogos na NBA, médias de 11,3 pontos, 6,2 rebotes e 2,8 assistências, ele está no auge aos 24 anos. Sua defesa, visão e ética o posicionam como futuro All-Star.
Em 2025, com a temporada em pleno vapor, Deni inspira. Seja representando Israel, liderando os Blazers ou motivando jovens, ele prova que o basquete une povos. O mundo espera mais capítulos dessa história – e Portland, um título com seu “Turbo” no comando.