Carlos Prates
Carlos Prates, conhecido como “O Pesadelo”, é um dos nomes que mais ecoam nos octógonos do Ultimate Fighting Championship (UFC) nos últimos anos. Nascido em Taubaté, no interior de São Paulo, este lutador de 32 anos tem transformado cada luta em um espetáculo de violência controlada e habilidade técnica. Com um cartel impressionante no muay thai e no MMA, Prates representa a essência do esporte brasileiro: garra, superação e um talento nato para o nocaute. Em novembro de 2025, enquanto o mundo das artes marciais mistas aguarda ansiosamente pelo confronto contra o ex-campeão Leon Edwards no UFC 322, é hora de mergulhar na trajetória desse fenômeno que saiu das ruas de São Paulo para desafiar os gigantes da divisão dos meio-médios.
Infância e os Primeiros Passos no Esporte
A história de Carlos Prates começa longe dos holofotes, em uma família humilde de Taubaté. Filho de mãe solteira, ele cresceu em um ambiente onde o esforço diário era a norma. Desde cedo, o jovem Carlos demonstrava uma energia incansável, canalizada inicialmente para o futebol de rua e brincadeiras de rua. Aos 14 anos, porém, um encontro casual com o muay thai mudou tudo. Matriculado na academia Vale Top Team, em sua cidade natal, Prates encontrou no ringue uma forma de disciplinar sua agressividade natural.
Os treinos iniciais foram duros. O muay thai, com suas chutes altos e joelhadas afiadas, exigia não só força, mas resistência mental. Prates conta em entrevistas que os primeiros meses foram de suor e frustrações, mas a dedicação de sua mãe e o apoio dos treinadores o mantiveram no caminho. Aos 17 anos, ele já competia em torneios locais, acumulando vitórias que o motivavam a sonhar maior. Essa base no muay thai seria o alicerce de sua carreira posterior no MMA, onde as pernas e os golpes de joelho se tornariam armas letais.
Em 2012, com apenas 19 anos, Prates deu o salto para o profissionalismo no MMA. Seu debut foi promissor: uma vitória por nocaute no primeiro round. No entanto, os anos iniciais foram de altos e baixos. Com um recorde de 5-4 nas primeiras nove lutas, ele enfrentou derrotas que o fizeram questionar suas escolhas. Competindo em categorias de peso inadequadas e lidando com a falta de estrutura profissional, Prates quase abandonou o esporte. Foi então que veio a virada: uma temporada na Tailândia, meca do muay thai, onde ele se aprimorou como striker e voltou ao Brasil com uma mentalidade renovada em 2016.
A Era do Muay Thai: Forjando o Pesadelo
Antes de se consolidar no MMA, Prates brilhou no muay thai e no kickboxing, acumulando um cartel de 29 vitórias e 5 derrotas. Essa fase, entre 2016 e 2021, foi crucial para moldar seu estilo único: um southpaw (canhoto) de 1,85m de altura, com alcance de 198 cm, que usa joelhadas no corpo como assinatura. Seus 14 nocautes em muay thai não eram por acaso; eram resultado de horas de sparring em Phuket, contra adversários tailandeses endurecidos pela tradição.
Destaques dessa época incluem a vitória por decisão unânime sobre Wu Sihan, na China, em 2018, e o nocaute no segundo round contra Jacob Ginter, no mesmo ano. Em 2018, ele também finalizou Chen Zijun com uma joelhada no corpo no primeiro round, um golpe que se tornaria sua marca registrada. Nem todas as lutas foram fáceis: derrotas por decisão para Dave Leduc e Dmitry Menshikov o ensinaram humildade, mas vitórias subsequentes, como o split decision contra Jiao Fukai em 2019 e o nocaute no quinto round sobre Dengue Silva em 2021, culminaram na conquista do cinturão dos meio-médios do SFT Xtreme.
Essa bagagem no striking o diferenciava de muitos compatriotas brasileiros, mais focados no jiu-jitsu. Prates, faixa-preta na arte suave, equilibra o jogo no chão com uma defesa sólida de quedas – algo que ele aprimorou nos camps com a Fighting Nerds, em São Paulo. Sua transição de volta ao MMA em 2016 veio com uma sequência de vitórias que o levou a promoções asiáticas como Chin Woo Men e Full Metal Dojo, elevando seu recorde para 15-6 até 2023.
Entrada Triunfal no UFC: De Contender a Estrela
O sonho do UFC se materializou em 2023, durante a sétima temporada do Dana White’s Contender Series. Enfrentando Mitch Ramirez na semana 4, Prates entregou um nocaute no segundo round que garantiu seu contrato. “Foi o momento em que eu soube que tudo valia a pena”, diria ele mais tarde. Sua estreia oficial veio em fevereiro de 2024, no UFC Fight Night: Hermansson vs. Pyfer, contra Trevin Giles. Um nocaute no segundo round rendeu o bônus de Performance of the Night, sinalizando que um novo predador havia chegado.
A sequência inicial no UFC foi avassaladora. Em junho de 2024, no UFC on ESPN: Cannonier vs. Imavov, Prates despachou Charles Radtke com uma joelhada no corpo no primeiro round – outro Performance of the Night. Agosto trouxe o UFC 305, onde ele enfrentou o veterano Li Jingliang. Dois knockdowns seguidos de um left hook no segundo round marcaram a primeira derrota por nocaute de Jingliang na carreira, rendendo o terceiro bônus consecutivo. Aos 31 anos, Prates já era visto como o futuro da divisão dos meio-médios.
Em novembro de 2024, ele headlinou o UFC Fight Night: Magny vs. Prates. Contra Neil Magny, um grappler experiente, Prates defendeu todas as sete tentativas de queda e finalizou com um nocaute no primeiro round – quarto bônus em fila. Seu recorde no UFC? Perfeito até então, com 4-0 e 4 performances. Estatísticas impressionantes: 3.82 strikes por minuto, 54% de precisão e 48% de defesa de golpes. Em 2024, prêmios choveram: Newcomer of the Year da MMA Junkie, Rookie of the Year da MMA Fighting e inclusão no All-Star Team da MMA Fighting como um dos lutadores mais violentos.
Desafios e Conquistas em 2025: O Ano da Consolidação
2025 trouxe testes reais para Prates. Uma luta marcada contra Geoff Neal para abril, no UFC 314, foi cancelada pela lesão do oponente, mas remarcada para agosto no UFC 319. Lá, Prates brilhou com um spinning back elbow no primeiro round, quinto Performance of the Night. No entanto, o main event de abril contra Ian Machado Garry, no UFC on ESPN 66, quebrou a invencibilidade: derrota por decisão unânime após cinco rounds intensos. “Foi uma lição de wrestling”, admitiu Prates, que usou a pausa para refinar sua defesa de quedas.
Com 22-7 no MMA profissional (17 nocautes, 3 submissões, 2 decisões), Prates subiu para o nono lugar no ranking dos meio-médios em agosto de 2025. Seu salário divulgado ultrapassa os 250 mil dólares, mas o que motiva é o legado. Treinando em Taubaté com a Vale Top Team, ele equilibra camps intensos com família – casado e pai de dois filhos, que o inspiram a ser exemplo de perseverança.
O Grande Desafio: Prates vs. Edwards no UFC 322
Hoje, 15 de novembro de 2025, o mundo para para assistir ao UFC 322, em Nova York. Carlos Prates enfrenta Leon Edwards, ex-campeão dos meio-médios, no Madison Square Garden. Edwards, com seu striking preciso e background em kickboxing, representa o teste definitivo. Prates, confiante, prevê um nocaute que o colocará na fila pelo título em 2026. “Edwards é elite, mas eu sou o pesadelo que ele não espera”, declarou em coletiva recente.
Analistas dividem opiniões: o alcance de Prates pode neutralizar o boxe de Edwards, mas a experiência do britânico em cinco rounds é um fator. Uma vitória colocaria Prates como contender número um, possivelmente contra o atual campeão Islam Makhachev em uma super luta. Independentemente do resultado, essa luta marca a maturidade de Prates: de novato a protagonista.
Vida Pessoal e Legado Além do Octógono
Fora das cordas, Prates é um homem grounded. Fã do Corinthians, ele usa suas redes sociais – com mais de 680 mil seguidores no Instagram – para motivar jovens de comunidades como a sua. Parcerias com marcas como Full Violence e Maximum refletem seu estilo agressivo, mas ele prioriza filantropia: doações para academias em Taubaté e palestras sobre disciplina.
Seu treinamento é holístico: muay thai diário, jiu-jitsu com foco em escapes, e condicionamento com pesos. Lesões? Ele superou uma fratura no pé em 2023, voltando mais forte. Prates sonha com o cinturão, mas também com inspirar a próxima geração brasileira no MMA, ao lado de ídolos como Anderson Silva.
Conclusão: O Futuro Brilhante de O Pesadelo
Carlos Prates não é só um lutador; é um símbolo de resiliência brasileira. De Taubaté ao topo do UFC, sua jornada de superação, com 17 nocautes que aterrorizam oponentes, o posiciona como força dominante. Enquanto o sino toca para Edwards hoje, o mundo assiste a um capítulo novo na saga do Pesadelo. Seja vitória ou lição, Prates continuará a evoluir, provando que o talento, aliado à garra, constrói lendas. No octógono ou na vida, ele nos lembra: enfrente o medo, e você se torna o pesadelo alheio.