Alperen Şengün
Alperen Şengün é um daqueles nomes que ecoam nos ginásios da NBA como um lembrete de que o talento não conhece fronteiras. Nascido em Giresun, uma cidade costeira no norte da Turquia, em 25 de julho de 2002, esse jovem de 2,11 metros de altura e 110 quilos de pura determinação tem transformado o Houston Rockets em uma força competitiva no Oeste da conferência. Aos 23 anos, Şengün não é mais o “bebê Jokić” que muitos comparavam no início da carreira – ele é Alperen, o pivô que distribui assistências como um armador, reboteia como um guerreiro e pontua com a finesse de um ala. Sua jornada, marcada por conquistas precoces na Europa e explosões de performance na liga americana, inspira uma nova geração de fãs do basquete ao redor do mundo.
Os Primeiros Passos na Turquia: De Giresun aos Palcos Europeus
A história de Şengün começa longe das luzes de Istambul ou Ancara, em uma família humilde onde o basquete era mais um sonho do que uma realidade imediata. Filho de um pai que trabalhava na construção civil, Alperen descobriu o esporte aos 12 anos, jogando nas ruas e em quadras locais. Seu talento natural para o jogo de garrafão chamou a atenção de olheiros do Beşiktaş, um dos gigantes do basquete turco. Aos 15, ele já integrava as categorias de base do clube, onde rapidamente se destacou pela visão de quadra incomum para um pivô.
Em 2018-19, jogando pelo sub-19 do Banvit, Şengün liderou sua equipe ao título da Liga de Jovens da Turquia, conquistando o prêmio de MVP da competição. Seus números – médias de 20 pontos, 12 rebotes e 5 assistências por partida – eram impressionantes para um adolescente. No ano seguinte, promovido ao time principal do Beşiktaş, ele assumiu o protagonismo na Basketbol Süper Ligi (BSL), a principal liga turca. Na temporada 2020-21, com apenas 18 anos, Alperen foi eleito o MVP da fase regular, com médias de 19,4 pontos, 9,9 rebotes e 4,9 assistências. Seu jogo versátil, combinando post baixo clássico com passes precisos, o colocava à frente de veteranos experientes.
Essas atuações não passaram despercebidas pelos olheiros da NBA. No Draft de 2021, Şengün foi selecionado na 16ª posição pelo Oklahoma City Thunder, mas imediatamente trocado para o Houston Rockets. A troca, que envolveu picks futuros, foi vista como um acerto para os texanos, que buscavam um big man para reconstruir o time ao redor de jovens talentos como Jalen Green. Chegando aos Estados Unidos sem falar inglês fluente, Alperen enfrentou o desafio cultural e físico da liga mais competitiva do mundo. Mas sua humildade e ética de trabalho o ajudaram a se adaptar rapidamente.
A Chegada à NBA: Crescimento Acelerado e Primeiras Conquistas
A temporada de estreia de Şengün na NBA, 2021-22, foi de aprendizado. Em 72 jogos, com 13 como titular, ele registrou médias de 9,6 pontos, 5,5 rebotes e 2,6 assistências em 20,7 minutos por partida. Apesar das críticas iniciais por sua defesa – considerada fraca para os padrões da liga –, seu toque no garrafão e capacidade de criar jogadas o tornaram um curinga no esquema do técnico Stephen Silas. Os Rockets, em meio a uma reconstrução, terminaram com 20 vitórias, mas Alperen mostrou flashes de brilho, como um jogo de 23 pontos e 10 rebotes contra o Los Angeles Lakers.
O verdadeiro salto veio na temporada seguinte, 2022-23. Titular em 72 dos 75 jogos, Şengün explodiu com 14,8 pontos, 9 rebotes e 3,9 assistências em quase 29 minutos. Sua química com Jalen Green e Jabari Smith Jr. transformou o ataque dos Rockets em algo fluido e imprevisível. Ele terminou o ano entre os líderes da liga em rebotes ofensivos por pivô, provando que sua inteligência no tabuleiro era uma arma letal. Fora da quadra, Alperen investiu em aulas de inglês e na adaptação à vida em Houston, uma cidade com forte comunidade turca que o acolheu como um filho adotivo.
A consolidação veio em 2023-24, com médias de 21,1 pontos, 9,3 rebotes e 5 assistências em 63 jogos. Lesões o limitaram, mas quando jogava, era dominante. Şengün registrou seu primeiro triplo-duplo na carreira, com 45 pontos, 16 rebotes e 11 assistências contra o Phoenix Suns – um recorde para um jogador turco na NBA. Seus passes no pick-and-roll viraram memes positivos entre os fãs, e ele começou a ser comparado não só a Nikola Jokić, mas também a um jovem Domantas Sabonis com mais agressividade.
Temporada 2024-25: Playoffs, All-Star e o Grande Contrato
O ano de 2024 marcou a virada definitiva para Şengün. Em outubro, ele assinou uma extensão de contrato de cinco anos no valor de 185 milhões de dólares com os Rockets, um reconhecimento de seu status como pilar da franquia. Na temporada regular, jogou todos os 76 jogos como titular, com 19,1 pontos, 10,3 rebotes e 4,9 assistências em 31,5 minutos. Seus quatro triplos-duplos o colocaram entre os top 10 em rebotes totais e quinto em arremessos de dois pontos convertidos. A defesa melhorou notavelmente, com ele terminando em 11º no rating defensivo da liga.
Sob o comando do novo técnico Ime Udoka, os Rockets terminaram em segundo no Oeste, impulsionados por uma sequência de 12 vitórias em 13 jogos em março de 2025. Nos playoffs, Şengün fez sua estreia memorável na primeira rodada contra o Golden State Warriors. Em sete jogos, ele promediou 20,9 pontos, 11,9 rebotes e 5,3 assistências, com 1,9 roubos por partida – números que o tornaram o líder do time na pós-temporada. Apesar da eliminação em sete partidas, sua performance contra veteranos como Draymond Green e Kevon Looney mostrou maturidade além da idade.
O ápice veio em fevereiro de 2025, quando Şengün foi selecionado como reserva para o All-Star Game, tornando-se o segundo turco na história da NBA a conseguir isso, após Mehmet Okur em 2007. No evento em Indiana, ele contribuiu com 4 pontos em poucos minutos, mas o mero fato de estar lá simbolizava sua ascensão.
Atualizações Recentes: Temporada 2025-26 e o Brilho Ininterrupto
Com a temporada 2025-26 em pleno andamento, Şengün continua a impressionar. Após 13 jogos, suas médias são de 22,4 pontos, 10,2 rebotes e impressionantes 7,4 assistências, com 50,3% de aproveitamento nos arremessos de quadra e 45,9% nas bolas de três – um salto notável em seu jogo de perímetro. Ele já registrou uma sequência de quatro jogos consecutivos com pelo menos 20 pontos, 5 rebotes e 5 assistências, a mais longa por um pivô de 23 anos ou menos na história da NBA.
Um dos highlights recentes foi em 14 de novembro de 2025, contra o Portland Trail Blazers, quando Alperen anotou 25 pontos, 10 rebotes, 9 assistências, 2 roubos, 3 tocos e 4 cestas de três. Essa performance o tornou o jogador mais jovem da história da liga a alcançar ou superar esses números em um único jogo. Dois dias antes, ele explodiu com 39 pontos, 11 rebotes e 7 assistências contra o Oklahoma City Thunder, incluindo 5 arremessos de três.
Em 19 de novembro, contra o Cleveland Cavaliers, Şengün foi o maestro da vitória por 114-104, com 28 pontos, 11 rebotes e 7 assistências – sua quinta vitória consecutiva dos Rockets. Nesse jogo, ele se tornou o primeiro jogador da história da franquia a registrar pelo menos 25 pontos, 10 rebotes e 5 assistências em três jogos seguidos. Seus 74,5% de aproveitamento nos lances livres, em 7,5 tentativas por jogo, mostram uma evolução silenciosa, fruto de um foco mental que ele descreve como “tratamento silencioso” – menos palavras, mais ação.
Fora das estatísticas, Şengün tem rejeitado o rótulo de “bebê Jokić”. Em entrevistas recentes, ele afirma: “Eu sou Alperen Şengün, não uma cópia de ninguém”. Sua liderança emergente é evidente nos treinos, onde orienta os novatos, e na comunidade, com doações para projetos esportivos em Giresun.
A Seleção Turca: Prata no EuroBasket e Legado Nacional
O verão de 2025 foi épico para Şengün com a seleção turca. No EuroBasket, realizado na Alemanha, ele liderou a equipe à medalha de prata, derrotando a Grécia de Giannis Antetokounmpo na semifinal. Em um jogo memorável, registrou um triplo-duplo de 19 pontos, 12 rebotes e 10 assistências, entrando no All-Star Five do torneio. Essa conquista não só elevou o basquete turco, mas também qualificou o país para o Mundial de 2027. Para Alperen, vestir a bandeira vermelha e branca é uma honra que o motiva além da NBA. “Jogar pela Turquia me lembra de onde vim”, disse ele após a final perdida para a Espanha.
Estilo de Jogo: Versatilidade que Desafia Categorias
O que torna Şengün único é sua versatilidade. No post baixo, ele usa fintas e ganchos à la Hakeem Olajuwon – não por acaso, já que joga na cidade do lendário Dream. Mas vai além: seus 7,4 assistências por jogo na atual temporada o colocam ao lado de Jokić como um dos poucos pivôs a distribuir com tanta precisão. Sua melhora no arremesso de três (de 27,2% carreira para 45,9% agora) o torna uma ameaça moderna, forçando defesas a escolher entre o garrafão ou o perímetro.
Defensivamente, ele evoluiu de um ponto fraco para um reboteiro elite, com 1,4 roubos por jogo. Críticos apontam que ele ainda pode melhorar em rotações, mas sua inteligência compensa a falta de explosão atlética. Em resumo, Şengün joga como um pivô dos anos 90 com o QI de um armador dos anos 2020.
O Futuro: MVP em Potencial e um Rockets Contender
Analistas já o colocam como o sexto melhor jogador da NBA na atual temporada, à frente de nomes como Paolo Banchero e Scottie Barnes. Com o Rockets de olho em playoffs profundos, Şengün é o coração do time. Rumores de trocas foram silenciados pelo contrato bilionário, e ele parece pronto para um salto ao nível de All-NBA.
Comparações com Jokić? Talvez uma trajetória similar: de talento subestimado a candidato a MVP. Mas Alperen constrói seu próprio caminho, inspirando jovens turcos e fãs globais. Aos 23, ele tem anos pela frente para reescrever a história.
Conclusão: Um Ícone em Ascensão
Alperen Şengün não é só um pivô; é um fenômeno que une continentes pelo basquete. De Giresun à Toyota Center, sua jornada é de superação e genialidade. Enquanto os Rockets sonham com anéis, o mundo assiste a um turco redefinir o jogo. O futuro? Brilhante como suas cestas de três recentes. Fique de olho – Şengün está apenas começando.
