Aaron Pico: O Lutador Americano de Artes Marciais Mistas
Aaron Pico é um nome que ressoa no mundo das artes marciais mistas (MMA), conhecido por sua transição impressionante do wrestling para o octógono. Nascido em 23 de setembro de 1996, em Whittier, na Califórnia, Pico se destacou como um atleta multifacetado, com raízes profundas em esportes de combate. Sua jornada começou cedo, moldada por uma herança familiar única e uma dedicação incansável ao treinamento. Ao longo dos anos, ele construiu uma carreira que combina habilidade técnica, força física e determinação mental, tornando-se um competidor respeitado em promoções como Bellator e, mais recentemente, no Ultimate Fighting Championship (UFC). Este artigo explora sua vida, conquistas e desafios, destacando os momentos que definiram seu caminho no esporte.
Início da Vida e Antecedentes Familiares
Aaron Pico cresceu em Whittier, uma cidade no sul da Califórnia, em uma família com laços históricos profundos. Ele é descendente de sétima geração de californianos e bisneto-tetraneto de Pío Pico, o último governador da Califórnia sob o domínio mexicano. Essa herança cultural influenciou sua identidade, conectando-o a uma linhagem de figuras proeminentes na história do estado. Desde pequeno, Pico demonstrou interesse por esportes de combate, iniciando sua trajetória no wrestling aos quatro anos de idade. Seus pais incentivaram essa paixão, reconhecendo o potencial do filho para se destacar em disciplinas que exigem disciplina e resistência.
Além do wrestling, Pico explorou outras modalidades. Aos dez anos, começou a treinar boxe, onde rapidamente se sobressaiu. Em 2008, conquistou o campeonato nacional da Police Athletic League (PAL) e, no ano seguinte, venceu os Junior Golden Gloves, sendo premiado como o “boxeador mais destacado” em ambos os eventos. Ele também competiu em Pankration, uma forma antiga de luta que combina elementos de wrestling e boxe. Nesse esporte, Pico ganhou o campeonato nacional em 2008 e o Golden Cup European Pankration em 2010, na Ucrânia. Essas vitórias precoces moldaram sua base atlética, preparando-o para desafios maiores. Sua família, sempre presente, proporcionou o suporte necessário, equilibrando estudos e treinamentos intensos durante sua infância e adolescência.
Durante o ensino médio na St. John Bosco High School, Pico manteve um equilíbrio entre acadêmico e esportivo. Ele se formou com honras, mas seu foco principal era o mat, onde ele se tornaria uma lenda local. Esses anos iniciais não foram apenas sobre vitórias; eles ensinaram lições valiosas sobre perseverança, especialmente quando enfrentava lesões menores ou competições acirradas. Pico frequentemente credita sua família por instilar valores como humildade e trabalho duro, que se tornaram pilares de sua carreira.
Carreira no Wrestling
A carreira de Pico no wrestling é um capítulo brilhante em sua história, marcado por conquistas que o colocaram entre os melhores atletas jovens dos Estados Unidos. Ele competiu principalmente no estilo livre, na categoria de 65 quilos, demonstrando uma combinação rara de velocidade, técnica e força.
Conquistas no Ensino Médio
No primeiro ano do ensino médio, Pico teve uma temporada perfeita de 42 vitórias e zero derrotas, culminando com o título estadual do CIF na categoria de 132 libras. Essa performance impecável chamou a atenção de treinadores nacionais, que viram nele um potencial olímpico. Ele continuou a dominar competições escolares, acumulando recordes impressionantes e prêmios individuais. Sua habilidade em controlar oponentes no chão e executar takedowns precisos o diferenciava dos pares.
Competições Internacionais
Após o ensino médio, Pico se dedicou ao wrestling internacional. Em 2013, aos 17 anos, ele se tornou campeão mundial sub-17, um feito que solidificou sua reputação global. Em 2014, conquistou ouro no Grand Prix Henri Deglane e no Cerro Pelado International, além de uma prata no Grand Prix da Espanha. Ele também ganhou bronzes em torneios como o Dave Schultz Memorial International e o Grand Prix de Paris.
Em 2016, Pico foi reserva olímpico para a equipe dos Estados Unidos nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, uma honra que destacou seu talento, embora não tenha competido. Ele assinou contratos profissionais com marcas como Dethrone Royalty e Nike, o que o tornou inelegível para wrestling universitário sob as regras da NCAA. Em vez disso, focou em competições de elite, participando de eventos como o U.S. Open e o World Team Trials. Suas medalhas incluem ouro no Pan-Americano de 2016 e bronzes em copas do mundo. Pico competiu até 2017, quando decidiu priorizar o MMA, deixando o wrestling com um legado de mais de 200 vitórias e poucas derrotas.
Essas experiências no wrestling não só aprimoraram suas habilidades de base, como também construíram uma mentalidade resiliente. Ele enfrentou adversários de alto calibre, aprendendo a adaptar estratégias em tempo real, uma habilidade crucial para sua transição futura.
Transição para o MMA
A decisão de Pico de entrar no MMA foi natural, dada sua base em wrestling e boxe. Em novembro de 2014, ainda competindo no wrestling, ele assinou um contrato com o Bellator MMA, uma promoção que viu nele um “superastro em potencial”, segundo o presidente Scott Coker. Pico planejava perseguir o sonho olímpico antes de se dedicar integralmente ao MMA, declarando que não desperdiçaria tempo na universidade.
Sua transição envolveu treinamentos intensivos em academias renomadas, incorporando jiu-jitsu brasileiro, muay thai e condicionamento físico. Ele se mudou para Albuquerque, Novo México, para treinar com coaches como Greg Jackson e Freddie Roach, conhecidos por moldar campeões. Essa fase de preparação durou anos, com Pico equilibrando competições de wrestling e sessões de sparring no octógono. Ele via o MMA como uma extensão de suas habilidades, onde poderia aplicar takedowns e ground-and-pound com eficácia.
Carreira Profissional no MMA
Pico estreou profissionalmente no MMA em 2017, após anos de hype. Sua carreira no Bellator foi uma montanha-russa de vitórias impressionantes e reveses inesperados, culminando em uma mudança para o UFC em 2025.
Estreia no Bellator
Em 24 de junho de 2017, no Bellator NYC, Pico enfrentou Zach Freeman em sua estreia. Apesar das expectativas altas, ele perdeu por finalização em apenas 24 segundos, um choque que abalou sua confiança inicial. No entanto, Pico se recuperou rapidamente, mudando para a divisão de penas e conquistando vitórias consecutivas. Sua primeira vitória veio contra Justin Linn no Bellator 183, por nocaute no primeiro round, demonstrando sua potência de soco.
Principais Vitórias e Derrotas
Ao longo de 17 lutas no Bellator, Pico compilou um recorde de 13 vitórias e 4 derrotas. Suas vitórias incluíram nocautes contra Shane Krutchen, Lee Morrison, Leandro Higo, Daniel Carey, John de Jesus, Adli Edwards, Pedro Carvalho e Henry Corrales (duas vezes). Ele também finalizou Chris Hatley Jr. e Aiden Lee, e venceu por decisão contra Justin Gonzales e James Gonzalez. Destaques incluem o TKO sobre Pedro Carvalho no Bellator 299 e a revanche contra Corrales no PFL vs. Bellator.
As derrotas vieram por nocaute contra Henry Corrales e Ádám Borics, finalização contra Zach Freeman e TKO por lesão no ombro contra Jeremy Kennedy. Essas perdas ensinaram lições valiosas sobre defesa e gerenciamento de lesões, fortalecendo sua resiliência.
Saída do Bellator e Entrada no UFC
Em 31 de dezembro de 2024, o contrato de Pico com o Bellator expirou, tornando-o agente livre. Em 8 de abril de 2025, ele assinou com o UFC, uma promoção que representa o auge do MMA. Sua estreia foi marcada por adiamentos: inicialmente agendada contra Movsar Evloev em maio e julho de 2025, mas cancelada por lesões.
Luta de Estreia no UFC
Em 16 de agosto de 2025, no UFC 319, Pico finalmente estreou contra Lerone Murphy. Apesar da empolgação e das previsões favoráveis, Pico foi nocauteado por um cotovelo giratório no segundo round, uma derrota que ofuscou sua chegada à promoção. Analistas notaram sua ansiedade pré-luta, mas elogiaram sua agressividade inicial. Essa luta, assistida por milhões, destacou áreas para melhoria, como defesa em pé. Pico expressou decepção, mas prometeu retornar mais forte, treinando intensamente em Chicago dias antes do evento.
Vida Pessoal
Fora do octógono, Pico leva uma vida equilibrada. Casado com Kylie, eles têm um filho, Valentino, nascido em 31 de julho de 2021. A família reside em Albuquerque, onde Pico treina diariamente. Ele é faixa azul em jiu-jitsu brasileiro sob Roberto Alencar e conta com uma equipe de coaches estelares, incluindo Sazhid Sazhidov e Brandon Gibson.
Pico valoriza a privacidade, focando em paternidade e recuperação de lesões. Não há controvérsias notáveis em sua carreira; ele é conhecido por sua ética de trabalho e humildade. Em entrevistas, ele discute o impacto do esporte em sua saúde mental, enfatizando meditação e suporte familiar.
Legado e Impacto
Aaron Pico deixa um legado como um dos wrestlers mais talentosos a transitar para o MMA. Suas conquistas no wrestling inspiram jovens atletas, enquanto sua carreira no MMA demonstra resiliência perante adversidades. Aos 28 anos, ele ainda tem potencial para títulos, influenciando o esporte com sua técnica de base e determinação. Pico representa a evolução do MMA, onde atletas multifacetados prosperam. Seu futuro no UFC, apesar da estreia difícil, promete mais capítulos emocionantes.