Gabriel Barbosa: A Trajetória de um Ídolo do Futebol Brasileiro

Gabriel Barbosa: A Trajetória de um Ídolo do Futebol Brasileiro

Gabriel Barbosa

Gabriel Barbosa, ou simplesmente Gabigol, é um daqueles nomes que ecoam nos estádios brasileiros como um grito de gol. Nascido em 30 de agosto de 1996, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ele cresceu entre o barulho das fábricas e o sonho de driblar a vida com uma bola nos pés. Aos 29 anos, em dezembro de 2025, Gabigol segue sendo uma figura polarizante: amado por sua ousadia em campo, criticado por polêmicas fora dele. Sua história é um roteiro de altos e baixos, de artilharias inesquecíveis e momentos de superação. Neste artigo, mergulhamos na jornada desse atacante que, mesmo com tropeços recentes, como o pênalti perdido na semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians nesta semana, continua a inspirar torcedores pelo país.

Os Primeiros Passos: De São Bernardo ao Santos

A infância de Gabriel não foi de conto de fadas. Filho de uma família humilde, ele dividia o tempo entre a escola e o futsal de rua, onde sua velocidade e faro de gol chamavam atenção. Aos oito anos, foi descoberto por olheiros do Santos FC durante um torneio local. “Era um menino magrelo, mas com uma bola no pé virava leão”, contava um ex-treinador da base santista em entrevista anos depois. Ingressando nas categorias de base do Peixe, Gabigol acumulou mais de 600 gols em competições juvenis – um número que já o colocava no radar como sucessor de ídolos como Pelé e Neymar.

Sua estreia profissional veio em 2013, aos 16 anos, na Copa do Brasil, contra o Grêmio. Entrou no segundo tempo e, em minutos, marcou seu primeiro gol como profissional. Foi o estalo: o garoto de São Bernardo não era só promessa; era realidade. Em 2014, consolidou-se como titular, terminando o ano como artilheiro do Santos com 21 gols e da Copa do Brasil com seis. A torcida da Vila Belmiro começou a entoar “Gabigol” como um mantra. No ano seguinte, 2015, ele superou o recorde de Neymar na competição nacional, com oito gols. Aos 18 anos, já era comparado a lendas. O Campeonato Paulista de 2016 selou sua ascensão: artilheiro do torneio e eleito para o time ideal, com atuações que misturavam técnica refinada e uma pitada de irreverência.

Brilhando no Santos: O Menino que Virou Homem

No Santos, Gabigol não era só números; era emoção pura. Em 2015, ajudou o time a chegar à final da Copa do Brasil, onde, apesar da derrota para o Palmeiras, sua performance cativou o Brasil. Ele driblava zagueiros como se fossem cones de treino, finalizava com precisão cirúrgica e celebrava com uma energia que contagiava. “Jogar no Santos é como voar”, disse ele em uma coletiva, aos 19 anos. Aquela fase rendeu convocações para a seleção sub-20 e olhares vorazes da Europa. Mas antes de partir, deixou um legado: 56 gols em 112 jogos pelo Peixe entre base e profissional, além de um título paulista em 2016, onde brilhou com 11 gols.

A pressão de ser o “novo Neymar” pesava, mas Gabigol lidava com ela à sua maneira: treinando duro e respondendo em campo. Sua saída para a Inter de Milão, em agosto de 2016, por 27,5 milhões de euros, foi vista como o passo natural para uma carreira global. A torcida santista chorou, mas sabia que ele voltaria maior.

Desafios na Europa: Lições Amargas

A Europa, com seu futebol tático e frio, testou os limites de Gabigol. Na Inter de Milão, sob o comando de Frank de Boer e depois Stefano Pioli, ele lutou por espaço. Em 26 jogos, apenas um gol oficial, contra o Bologna na Serie A. A adaptação cultural, as lesões leves e a concorrência feroz o deixaram no banco. “Foi duro, mas me ensinou paciência”, refletiu anos depois. Emprestado ao Benfica em 2017, marcou um gol na Taça de Portugal, mas continuou aquém das expectativas. Aos 21 anos, longe de casa, ele questionava seu caminho.

O retorno ao Santos, por empréstimo em 2018, foi como um bálsamo. Gabigol explodiu: 27 gols em 52 jogos, artilheiro do Campeonato Brasileiro com 18, da Copa do Brasil com quatro e do Paulista novamente. O Santos não venceu títulos, mas ele reconquistou a confiança. Aqueles meses foram cruciais: provaram que o talento brasileiro podia brilhar em qualquer gramado, bastava o contexto certo. E o contexto perfeito viria em 2019, com o Flamengo.

O Retorno Épico ao Brasil: Flamengo, o Palco Perfeito

O empréstimo ao Flamengo, em julho de 2019, mudou tudo. Sob Jorge Jesus, Gabigol encontrou um time que valorizava sua velocidade e instinto. No Carioca, ajudou na conquista do título. No Brasileirão, terminou como artilheiro com 25 gols, levando o Mengão ao troféu. Mas o ápice foi a Libertadores: nove gols, incluindo os dois na virada histórica contra o River Plate na final, em novembro de 2019. Aqueles 45 minutos em Lima eternizaram seu nome. “Eu vivo para momentos assim”, gritou ele, com a taça na mão.

Comprado em definitivo por 18 milhões de euros em 2020, Gabigol se tornou ídolo rubro-negro. Venceu Cariocas em 2020, 2021 e 2024; Supercopas em 2020, 2021 e 2022; Recopa em 2020; e outra Copa do Brasil em 2024. Artilheiro da Libertadores de 2021 com 11 gols, ele é o maior goleador do Flamengo na competição (30 gols) e no século XXI (160 gols). Em 304 jogos pelo clube, 161 gols – sexto na lista histórica. Sua parceria com Bruno Henrique e Arrascaeta formou um trio letal, e as celebrações provocativas viraram marca registrada.

A Tempestade do Caso Doping: Queda e Redenção

Nem tudo foram flores. Em março de 2024, veio o baque: suspensão de dois anos por tentativa de fraude em exame antidoping, datada de abril de 2023. Acusado de manipular o teste, Gabigol negou veementemente. “É um erro que não cometi”, declarou. Com efeito suspensivo concedido em abril de 2024 pelo TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), ele continuou jogando pelo Flamengo, marcando oito gols em 38 partidas e ajudando na Copa do Brasil. Mas a sombra pairava.

Em julho de 2025, a vitória no recurso: o TAS anulou a punição, permitindo retorno pleno. “Foi uma provação que me fortaleceu”, disse ele, aliviado. A controvérsia, somada a uma detenção em 2021 por aglomeração em cassino durante a pandemia (resolvida com multa), humanizou sua imagem: um craque falível, mas resiliente.

Nova Etapa no Cruzeiro: Desafios e Brilhos em Belo Horizonte

Deixando o Flamengo no fim de 2024, Gabigol assinou com o Cruzeiro por quatro anos, até 2028, sem custo de transferência. A Mineirão o recebeu como salvador. Estreia no Mineiro de 2025: hat-trick contra o Itabirito, quatro gols na goleada. Artilheiro do time no estadual, marcou em semis e no Brasileirão contra o Mirassol. Até outubro, somava gols importantes, ajudando na campanha celeste.

Mas 2025 não foi só euforia. Com a chegada de Leonardo Jardim, perdeu a titularidade para concorrentes como Matheus Pereira. Na Série A, oscilou: vitórias contra Ceará e empates duros. O ponto baixo veio nesta semana, 15 de dezembro: na semifinal da Copa do Brasil, pênalti perdido contra o Corinthians, defendido por Hugo Souza, eliminando o Cruzeiro. “Dói, mas futebol é assim. Vou cobrar o próximo com mais força”, desabafou pós-jogo. Ainda assim, em 2025, ele disputou cerca de 40 jogos pelo Cruzeiro, com 15 gols e assistências que mostram sua relevância. Aos 29, busca reconquista.

Seleção Brasileira: Ouro Olímpico e Sonhos Inacabados

Pela amarelinha, Gabigol brilhou nas bases: artilheiro do COTIF em 2014 e ouro nos Jogos do Rio 2016, com duas assistências. Estreia na principal veio na Copa América Centenário de 2016, com um gol. Marcou nas Eliminatórias e na Copa América 2021 (prata), mas convocações esparsas sob Tite e Dorival o deixaram na reserva. “Quero voltar e ser decisivo”, disse em 2025. Com a Copa do Mundo de 2026 no horizonte, sua forma no Cruzeiro pode abrir portas.

Legado e Perspectivas: Além dos Gols

Com 563 jogos e 259 gols na carreira até agora, Gabigol é artilheiro isolado em dois Brasileirões seguidos (2018-2019), recordista em Copas do Brasil e pioneiro em duplas artilharias nacionais no mesmo ano. Seu estilo – ousado, provocador, imprevisível – divide opiniões, mas une torcidas. Fora de campo, investe em projetos sociais em São Bernardo e sonha com a família: casado com a influenciadora Rafaella Santos (irmã de Neymar), pai de dois filhos.

Para o futuro, 2026 promete: recuperar o protagonismo no Cruzeiro, mirar títulos mineiros e, quem sabe, uma convocação para a Copa. O pênalti perdido? Apenas um capítulo. Gabigol é daqueles que vira o jogo nos acréscimos.

Em resumo, Gabriel Barbosa não é só um jogador; é uma narrativa viva do futebol brasileiro: talento cru, erros expostos e redenção suada. Enquanto a bola rolar, ele segue correndo atrás do próximo grito de gol. E o Brasil, torcendo – ou xingando – com paixão.