Santiago Ascacíbar
Santiago Ascacíbar é daqueles jogadores que definem o que significa ser um verdadeiro guerreiro em campo. Nascido em La Plata, na Argentina, em 25 de fevereiro de 1997, o volante de 28 anos se destaca pela intensidade incansável e pela leitura precisa do jogo. Com apenas 1,69 metro de altura, ele compensa a estatura com uma presença imponente, roubando bolas como poucos e distribuindo o ritmo da partida com maestria. Atualmente capitão do Estudiantes de La Plata, seu clube de coração, Ascacíbar representa o futebol argentino em sua essência: paixão, resiliência e um talento nato para o meio-campo defensivo.
Sua trajetória no futebol começou cedo, mas não sem desafios. Filho de Mariana Rollero e Javier Ascacíbar, ele cresceu em Villa Elvira, um bairro humilde de La Plata, ao lado de quatro irmãos. Desde pequeno, o esporte era sua válvula de escape, e aos oito anos, em 2006, chegou às categorias de base do Estudiantes. Lá, chamou a atenção do técnico Omar Rulli – pai do goleiro Gerónimo Rulli – pela obsessão em treinar. “Ele era fã de treinos, muito obcecado em melhorar a técnica e o trabalho diário”, recorda o treinador que o viu pela primeira vez. Ascacíbar não era só um garoto comum; ele carregava uma determinação que o diferenciava, treinando horas extras para refinar passes e tackles.
Os Primeiros Passos no Estudiantes e a Explosão na Base
O caminho de Ascacíbar nas divisões inferiores do Estudiantes foi meteórico. Em 2014, com apenas 17 anos, ele já integrava o time reserva, estreando contra o Rosario Central no Estádio Gigante de Arroyito. Sua promoção veio graças ao coordenador Hermes Desio, que via nele um potencial raro para um volante de contenção. No ano seguinte, em 2015, representou o clube na Frenz International Cup, na Malásia e Indonésia, ao lado de outros nascidos em 1997 e 1998. Foi ali que ele começou a brilhar internacionalmente, mostrando uma visão de jogo que ia além da marcação.
Sua estreia no time principal veio em 2015, em uma partida contra o Racing Club pela Primera División. Com 18 anos, Ascacíbar entrou no segundo tempo e imediatamente impactou, recuperando bolas e iniciando contra-ataques. Naquele ano, ele disputou 10 jogos, sem gols, mas com uma média de 2,5 desarmes por partida que chamou atenção. O Estudiantes, sob o comando de Mauricio Pellegrino, via nele o futuro do meio-campo. Em 2016, Ascacíbar integrou a seleção argentina sub-23 para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Embora a Argentina tenha sido eliminada nas quartas de final pela Alemanha, sua performance – com tackles precisos e liderança – o projetou para o mundo. Ele era o mais jovem do grupo, mas jogava como veterano, inspirado em ídolos como Javier Mascherano.
Fora de campo, Ascacíbar se destacava pela humildade. Mesmo com o sucesso iminente, ele terminou os estudos secundários no Colegio de Estudiantes e se matriculou em Antropologia na Universidade Nacional de La Plata, recomendado pelo ex-jogador Juan Sebastián Verón, então presidente do clube. “Eu vivo com meus pais e irmãos, valorizo a educação”, disse ele em uma entrevista de 2017. Essa dualidade – futebol e estudos – o tornava um exemplo raro em um esporte muitas vezes marcado por excessos.
A Aventura Europeia: De Stuttgart a Hertha Berlin
O salto para a Europa veio em agosto de 2017, quando o VfB Stuttgart o contratou por cerca de 8 milhões de euros em um contrato de cinco anos. Aos 20 anos, Ascacíbar se tornou o argentino mais jovem a assinar com o clube alemão. Sua estreia na Bundesliga foi contra o Mainz, onde ele jogou os 90 minutos e ajudou na vitória por 2-0. Na temporada 2017-18, ele disputou 29 partidas, marcando um gol e dando duas assistências, mas sua marca registrada eram os 3,2 desarmes por jogo. A torcida o apelidou de “El Ruso” por sua tenacidade, comparando-o a um tanque em campo.
Em Stuttgart, Ascacíbar viveu altos e baixos. O time oscilou na tabela, e ele sofreu com lesões menores, mas sua garra o manteve como titular. Em 2019, transferiu-se para o Hertha Berlin por 10 milhões de euros, buscando mais minutos. Lá, ele se adaptou ao futebol mais físico da Bundesliga, disputando 65 jogos em duas temporadas e meia, com dois gols. Destaque para a partida contra o Bayern de Munique em 2020, onde anulou Thomas Müller por 80 minutos. No entanto, a pandemia e instabilidades no clube o levaram a um empréstimo para a Cremonese, na Série A italiana, em 2022-23. Foram 28 jogos, com uma assistência crucial na vitória sobre a Juventus.
A passagem pela Europa moldou Ascacíbar. Ele aprendeu a lidar com a pressão de ligas competitivas, aprimorando o posicionamento e a saída de bola. “O futebol alemão me ensinou disciplina; o italiano, tática”, refletiu ele ao retornar à Argentina. Apesar dos 103 jogos no continente, o saudosismo pelo Estudiantes e a família pesaram na decisão de voltar.
O Retorno Triunfal ao Estudiantes de La Plata
Em julho de 2023, Ascacíbar assinou com o Estudiantes por três anos, até dezembro de 2026, em uma negociação que envolveu o fim de seu contrato com o Hertha. O valor? Cerca de 3,5 milhões de euros, uma pechincha para um jogador de 26 anos com bagagem europeia. Seu reencontro com La Plata foi emocionante: na última partida em 2017, contra o Nacional Potosí pela Sul-Americana, ele saiu ovacionado após uma vitória por 2-0.
Como capitão desde 2024, Ascacíbar transformou o meio-campo do Pincha. Na temporada 2023-24, ajudou o time a chegar às semifinais da Copa de la Liga e à final da Copa Sul-Americana, onde perderam para o LDU Quito. Seus números: 35 jogos, 1 gol e 4 assistências, com uma taxa de 85% de passes certos. Ele era o pilar defensivo, recuperando 2,8 bolas por partida e liderando em interceptações.
O que o torna especial no Estudiantes? Sua conexão emocional. Formado na casa, ele entende a torcida como poucos. Em uma entrevista recente, disse: “La Plata é minha raiz. Jogar aqui é como voltar para casa depois de uma longa viagem”. Sob o técnico Eduardo Domínguez, Ascacíbar se tornou o cérebro da equipe, equilibrando marcação e criação. Sua parceria com Tiago Palacios no meio-campo é letal, com trocas rápidas que desmontam defesas adversárias.
Temporada 2025: Desafios e Brilho no Torneio Clausura
O ano de 2025 tem sido de consolidação para Ascacíbar no Estudiantes. Na Liga Profesional Argentina (LPF), ele acumula 18 jogos – 17 como titular e um como substituto –, sem gols, mas com duas assistências valiosas. Em 16 chutes a gol, sua contribuição vai além dos números: ele lidera o time em desarmes (média de 3 por jogo) e passes para o ataque. Destaque para a vitória por 1-0 sobre o Gimnasia La Plata em 8 de dezembro, onde ele deu a assistência decisiva e foi eleito o melhor em campo.
O Torneio Clausura tem sido o palco de sua redenção. Após um Apertura irregular, o Estudiantes se recuperou e chegou à final contra o Racing Club, marcada para 14 de dezembro – data atual. Uma vitória garante vaga na Copa Libertadores 2026, e Ascacíbar, com 8 gols na temporada geral (incluindo copas), é o artilheiro improvável do meio-campo. Em novembro, contra o Central Córdoba, ele roubou a bola que iniciou o gol da vitória. Sua intensidade física, aliada a uma inteligência tática afiada, faz dele indispensável. Lesões o pouparam em apenas uma partida, e sua nota média no Sofascore é 7,2 – a mais alta do elenco.
Fora das quatro linhas, Ascacíbar continua engajado. Ele apoia projetos sociais em La Plata, visitando escolas e promovendo o futebol para crianças de baixa renda. Sua tatuagem de Diego Maradona no braço simboliza a herança argentina, e ele sonha em voltar à seleção principal, ausente desde 2018.
Atualizações Recentes: Rumores de Transferência Agitam o Mercado
Com o contrato até 2026, Ascacíbar está no radar de gigantes. Em dezembro de 2025, o River Plate acelerou negociações para contratá-lo em 2026. Diferente de sua estratégia de empréstimos, o Millonario oferece compra de 50% dos direitos por 6 milhões de dólares, visando reforçar o meio-campo de Marcelo Gallardo. O Boca Juniors também entrou na briga, com uma proposta inicial de 7 milhões de euros, o que tornaria a contratação um golpe simbólico na rivalidade. Clubes brasileiros, como um grande do país, manifestaram interesse, mas o foco é na Argentina.
A decisão depende do resultado da final. Se o Estudiantes vencer o Racing e classificar para a Libertadores, Ascacíbar deve ficar, priorizando o projeto continental. “Quero títulos aqui antes de pensar em sair”, declarou ele recentemente. Caso contrário, uma saída para o exterior é preferida pelo clube, que avalia seu mercado em 7 milhões de euros. Agentes como Jens Andrei Consulting gerenciam as tratativas, e conversas com o River estão avançadas para sábado, 13 de dezembro.
O Legado de um Guerreiro: Por Que Ascacíbar Importa
Santiago Ascacíbar transcende estatísticas. Em uma era de volantes versáteis, ele é o clássico: marcação feroz, liderança vocal e um coração que pulsa pelo time. Sua jornada – da base humilde à Europa e de volta às raízes – inspira jovens argentinos. Com 150 jogos pelo Estudiantes (contando base e profissional), ele é ídolo local, e sua possível saída em 2026 deixaria um vazio.
No rating do EA Sports FC 26, ele aparece com 78 de overall como CDM, elogiado pela aceleração (78) e defesa (82). Vídeos de seus tackles e skills viralizam no YouTube, com um de 2025 somando milhões de views. Para os fãs, “El Ruso” é mais que um jogador: é a personificação da garra platense.
Enquanto a final se aproxima, o mundo do futebol espera o próximo capítulo. Seja no Estudiantes, River ou além, Ascacíbar continuará a ditar o ritmo. Porque, no fim das contas, o campo é seu território, e ele o domina com a mesma obsessão de quando era garoto em Villa Elvira.