Roony Bardghji
Roony Bardghji é um daqueles nomes que surgem no futebol como um raio de esperança para os torcedores apaixonados por jovens promessas. Aos 20 anos, o ala direito sueco já carrega uma bagagem impressionante, misturando raízes árabes com a garra escandinava. Nascido em Kuwait City, em 15 de novembro de 2005, Bardghji representa a nova geração de jogadores que transcendem fronteiras, trazendo velocidade, drible e um faro de gol que lembra os grandes astros do passado. Sua jornada, que começou em campos improvisados no Oriente Médio e se consolidou na Europa, culminou em uma transferência bombástica para o FC Barcelona no verão de 2025. Mas o que realmente chama atenção hoje é sua explosão recente: no dia 6 de dezembro de 2025, ele marcou seu primeiro gol pelo clube catalão em uma vitória eletrizante por 5 a 3 sobre o Real Betis, provando que o tempo de adaptação chegou ao fim.
Essa partida no Estádio La Cartuja, em Sevilha, foi um divisor de águas. Bardghji, que vinha sofrendo com poucos minutos em campo nas últimas semanas, ganhou uma chance inesperada do técnico Hansi Flick e não decepcionou. Ele não só abriu sua conta de gols com um chute potente de fora da área, após um passe magistral de Pedri, mas também distribuiu duas assistências – uma para Ferran Torres e outra em uma jogada coletiva que desmontou a defesa adversária. Sua nota de 9/10 nos ratings pós-jogo reflete o impacto: dribles elétricos pela direita, cruzamentos precisos e uma presença constante no ataque. “Foi um sonho se tornando realidade”, disse ele em entrevista rápida após o apito final, enquanto comemorava com os companheiros sob uma chuva de aplausos. Essa atuação não só ajudou o Barcelona a se manter no topo da La Liga, com uma vantagem de quatro pontos sobre o Real Madrid, mas também reacendeu o debate sobre seu papel no time.
As Raízes de um Prodígio Global
A história de Roony Bardghji começa longe dos holofotes europeus. Filho de uma família assíria originária de Alepo, na Síria, ele nasceu em pleno Kuwait, onde seus pais buscavam uma vida mais estável. Com avô de descendência armênia, Bardghji cresceu em um ambiente multicultural, onde o futebol era mais do que um esporte – era uma válvula de escape. Aos três anos, já chutava bola com o pai, fã incondicional do Manchester United, o que explica o nome “Roony”, inspirado em Wayne Rooney. Mas a verdadeira virada veio em 2012, quando a família se mudou para a Suécia, fugindo das incertezas no Oriente Médio.
Chegando ao sul do país, Bardghji ingressou nas categorias de base do Kallinge SK e, em seguida, do Rödeby AIF, clubes modestos que moldaram sua resiliência. Aos 14 anos, em 2019, ele chamou atenção do gigante Malmö FF, o maior clube sueco, com sua velocidade e habilidade no drible. Lá, não demorou para que treinasse com os sub-19, um salto ousado que ele absorveu sem pestanejar. “Eu sempre quis jogar com os mais velhos, para aprender na marra”, recordou em uma entrevista anos depois. Seu talento, porém, transcendia fronteiras: em julho de 2020, o FC Copenhague, do outro lado da ponte de Öresund, o contratou por uma quantia recorde para um jovem – algo que gerou polêmica na Suécia, mas que se provou um investimento genial.
A Explosão no Copenhague: De Estreante a Herói da Champions
No Copenhague, Bardghji encontrou o ambiente perfeito para florescer. Integrado ao time principal em 2021, ele estreou na Superliga Dinamarquesa em 21 de novembro daquele ano, contra o AGF, tornando-se o jogador mais jovem da história do clube aos 16 anos e seis dias. Quebrando o recorde de Kenneth Zohore, ele entrou no segundo tempo e, na partida seguinte, já marcou seu primeiro gol profissional. Sua ascensão foi meteórica: em 84 jogos pelo time principal até 2025, ele anotou 15 gols e deu assistências decisivas, mostrando um repertório completo para um ala esquerdo de pé (apesar de jogar pela direita).
O momento que o catapultou para o estrelato mundial veio na Liga dos Campeões de 2023. Aos 17 anos, em novembro, Bardghji entrou no segundo tempo contra o Manchester United, no Old Trafford, e, aos 87 minutos, acertou um chute espetacular de fora da área para decretar a vitória por 4 a 3. A bola beijou a rede como um foguete, silenciando o estádio inglês e viralizando nas redes. “Foi como um filme”, descreveu ele, que dedicou o gol ao pai. Esse tento não só eliminou os Red Devils da competição, mas também atraiu olhares de gigantes como o próprio United, o Bayern de Munique e, claro, o Barcelona. No Copenhague, ele conquistou a Superliga em 2022 e a Copa da Dinamarca em 2023, consolidando-se como o futuro do futebol escandinavo.
Internacionalmente, Bardghji optou pela Suécia, apesar das raízes sírias. Estreou pela seleção principal em 2024, com três convocações até o momento, sem gols, mas com atuações promissoras. Sua versatilidade – capaz de atuar como ala, meia ofensivo ou até segundo atacante – o torna uma peça valiosa em um time que busca renovação após a era Ibrahimovic.
A Aposta do Barcelona: Adaptação e Desafios Iniciais
O verão de 2025 marcou o grande salto na carreira de Bardghji. Em 14 de julho, o Barcelona anunciou sua contratação por cerca de 10 milhões de euros, com contrato até 2029 e camisa 28 nas costas. Aos 19 anos, ele chegava ao Camp Nou como uma aposta de Hansi Flick, que via nele o substituto ideal para as alas rápidas do time. Com 1,73m de altura e um físico compacto, Bardghji se encaixava no estilo de posse de bola e transições velozes do Barça, mas a adaptação não foi simples.
Na pré-temporada, ele brilhou em amistosos, marcando dois gols contra o Valencia e assistindo Lamine Yamal em uma vitória sobre o Manchester City. A torcida catalã, sedenta por novos talentos após saídas como a de Ansu Fati, o recebeu com entusiasmo. No entanto, a La Liga trouxe realidade dura. Em setembro, ele jogou apenas 45 minutos nos primeiros cinco jogos, atrás na hierarquia de nomes como Raphinha e Yamal. Lesões leves e a rotação intensa de Flick o deixaram no banco, acumulando apenas 200 minutos até novembro.
Rumores de empréstimo surgiram no fim de novembro: clubes como o Girona e o Borussia Dortmund sondaram sua situação. Bardghji, porém, foi firme: “Eu não vim para o B. Já joguei mais de 100 partidas no profissional e Flick confia em mim”, declarou em uma coletiva. Sua paciência foi recompensada. Em dezembro, com o calendário apertado entre La Liga, Champions e Copa del Rey, as oportunidades aumentaram. E o jogo contra o Betis foi o estopim.
O Renascimento em Sevilha: Detalhes de uma Noite Mágica
Voltemos àquela noite de 6 de dezembro de 2025. O Barcelona viajou para Sevilha pressionado, após empates frustrantes contra o Atlético de Madrid e o Alavés. O Betis abriu o placar com um gol de Isco, mas o time de Flick reagiu furiosamente. Ferran Torres empatou após uma tabela com Bardghji e Jules Koundé, e minutos depois, o sueco cruzou para o segundo do espanhol, virando o jogo. No 31º minuto, veio o ápice: Pedri, o maestro catalão, furou a defesa com um passe de 40 metros. Bardghji, com o pé direito (o menos dominante), controlou e finalizou no ângulo, sem chances para Rui Silva. A comemoração? Um salto e um grito primal, seguido de um abraço coletivo.
O jogo seguiu caótico: o Betis empatou, mas Torres completou hat-trick, Yamal converteu pênalti e Bardghji ainda pre-assistiu o quarto gol. No fim, 5 a 3, com o jovem de 20 anos como protagonista improvável. Estatísticas? Três chutes, uma chance criada, cinco escanteios e seis cruzamentos. Sua conexão com Yamal pela direita foi letal, confundindo a marcação com trocas de posição constantes. Flick elogiou: “Roony tem algo especial. Ele esperou sua vez e entregou”. Essa vitória não só ampliou a liderança na liga, mas também impulsionou o moral para o clássico contra o Madrid, marcado para o fim do mês.
O Que Esperar do Futuro: Um Estrela em Ascensão
Com o primeiro gol no bolso, Bardghji parece pronto para decolar. Sua valor de mercado, já em 10 milhões de euros segundo o Transfermarkt, deve disparar se ele mantiver o ritmo. No Barcelona, ele pode formar uma tríade letal com Yamal e Pedri, explorando fraquezas laterais dos rivais. Fora de campo, ele é discreto: fã de hip-hop sueco, joga videogame nas folgas e apoia causas de refugiados, inspirado em sua própria história familiar.
Desafios virão – a pressão do Camp Nou é impiedosa, e a Champions exige consistência. Mas Bardghji tem o pedigree: aos 20 anos, já superou recordes, humilhou gigantes e agora brilha em um dos maiores clubes do mundo. Sua trajetória lembra a de outros suecos no Barça, como Zlatan, mas com um toque moderno, global. Se o momento contra o Betis for o início de algo maior, o futebol europeu ganhará um nome para se orgulhar.
Em um esporte cada vez mais jovem e imprevisível, Roony Bardghji é o lembrete de que o talento cru, temperado com paciência, sempre prevalece. O Barcelona, e o mundo, aguardam ansiosamente por mais capítulos dessa saga.