Erick Pulgar
Erick Pulgar é daqueles jogadores que chegam quietos e acabam virando peça fundamental em um time gigante. Nascido em Antofagasta, no norte do Chile, em 15 de janeiro de 1994, ele tem 31 anos e já carrega uma bagagem que mistura garra sul-americana com toques de elegância europeia. Hoje, como volante e capitão da seleção chilena, Pulgar veste a camisa do Flamengo e se destaca no Brasileirão. Com 1,87m de altura, ele é o tipo de atleta que domina o meio-campo: forte na marcação, preciso nos passes e sempre pronto para uma arrancada que surpreende. Sua história no futebol é de superação, adaptações e conquistas que o colocam como um dos chilenos mais respeitados no Brasil.
Desde que pisou no Rio de Janeiro em 2022, Pulgar se adaptou rápido ao calor da torcida mengão. Ele não é só um reforço; é um líder em campo, daqueles que motivam os companheiros nos momentos duros. Em 2025, o ano tem sido intenso para ele: lesões, semifinais épicas na Libertadores e uma corrida pelo título nacional que mantém a Nação em suspense. Vamos mergulhar na trajetória desse guerreiro que transformou desafios em troféus.
Os Primeiros Passos no Deserto Chileno
Tudo começou no árido Antofagasta, uma cidade portuária marcada pelo sol forte e pelo mar Pacífico. Aos seis anos, Erick já chutava bola no Miramar Club Sur Este, um clube local que formava meninos com sonhos grandes. Ele era magro, rápido, e jogava como ponta ou lateral-esquerdo – posições que pediam velocidade mais do que força. Aos 15, veio o pulo do gato: um torneio juvenil chamou a atenção de Carlos Cárcamo, olheiro do Deportes Antofagasta, e o garoto assinou com as categorias de base.
A estreia no profissional veio em 2013, na Primera B chilena. Pulgar não era titular de cara, mas logo mostrou versatilidade. Em 38 jogos pela equipe, marcou dois gols e se destacou pela cobertura defensiva e pela visão de jogo. Em 2014, ele foi eleito o melhor jogador do clube – um reconhecimento que veio na hora certa. Aos 20 anos, já chamava atenção de times maiores. Sua altura e o jeito de ler o jogo o diferenciavam: ele cobria espaços como poucos, e os passes longos viravam arma letal. Foi ali que o sonho europeu começou a se desenhar, mas antes veio um passo importante no Chile.
A Ascensão na Universidad Católica e o Salto para a Itália
No meio de 2014, a Universidad Católica pagou 400 mil dólares por 70% dos direitos do jovem talento. Era um contrato de três anos, e Pulgar chegou como promessa. O time cruzado vivia uma fase instável – o Campeonato Chileno de 2014-15 foi ruim –, mas ele brilhou. Sob o comando de Mario Salas, mudou de posição: de lateral para volante. Em 35 partidas no campeonato, fez sete gols; mais dois na Copa Sul-Americana e um na Copa do Chile. No total, 40 jogos e oito gols. Sua leitura de jogo e os chutes de fora da área viraram marca registrada.
Em agosto de 2015, o Bologna, da Série A italiana, apostou nele. Contrato de quatro anos, camisa 5 nas costas. A Itália foi um choque: ritmo frenético, tática rigorosa. Pulgar se adaptou devagar, mas em quatro temporadas jogou 100 partidas no campeonato, com 10 gols. Estendeu o vínculo até 2022 e se tornou ídolo rossoblù pela consistência. De lá, em 2019, veio a Fiorentina: três anos, 74 jogos e oito gols. Em Florença, ele era o motor do meio-campo, com passes que alimentavam o ataque e tackles que frustravam rivais.
Um empréstimo rápido ao Galatasaray em 2022, na Turquia, serviu de ponte. Foram 11 jogos na Süper Lig, mas o coração já batia pelo Brasil. Pulgar sempre disse que sonhava com um campeonato mais físico, onde pudesse mostrar a garra chilena. A Fiorentina o liberou por três milhões de euros, e o Flamengo o recebeu de braços abertos.
O Flamengo: De Estrangeiro a Ídolo Rubro-Negro
A chegada ao Mengão em julho de 2022 foi discreta, mas os resultados falaram alto. Contrato até dezembro de 2025, Pulgar custou pouco e rendeu muito. Naquele ano, ele ajudou o time a conquistar a Copa Libertadores – o primeiro título continental dele no clube. Em 89 jogos do Brasileirão até maio de 2025, marcou três gols, mas sua contribuição ia além: interceptações, desarmes e liderança. No Carioca e na Copa do Brasil, ele era o equilíbrio perfeito entre defesa e criação.
Em 2023 e 2024, Pulgar se firmou como titular absoluto. Sob Tite, ele ganhou mais liberdade para avançar, e os números impressionam: mais de 90% de acerto nos passes em muitos jogos. A torcida o apelidou de “Pulgarão” pela altura e pela pegada. Fora de campo, ele se integrou rápido: aprendeu gírias cariocas, frequentou churrascos com os companheiros e até posou para fotos com fãs em praias da Zona Sul. Sua família – esposa e filhos – se adaptou ao Rio, e ele fala com carinho da cidade que o acolheu.
Mas 2025 trouxe testes. Em fevereiro, o Flamengo venceu a Supercopa Rei contra o Botafogo, com Pulgar em campo. No Mundial de Clubes, ele brilhou em três partidas, mas uma lesão na parte inferior do corpo contra o Bayern de Munique, nas oitavas, o tirou por semanas. Voltou mais forte para a Libertadores: em outubro, foi peça-chave na semifinal contra o Racing, com um empate em 0 a 0 que classificou o time. Sua nota 7.5 em jogos decisivos reflete a solidez.
A Seleção Chilena: Capitão e Herói da Copa América
Pela La Roja, Pulgar estreou em 2015 e já soma 54 jogos e quatro gols até outubro de 2024. O primeiro veio na Copa América de 2019, contra o Japão. Em 2021, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, marcou dois contra a Venezuela e um empate com a Bolívia. Mas o auge foi a Copa América de 2016: aos 22 anos, ele ajudou o Chile a bater a Argentina na final, nos pênaltis. Foi o primeiro título continental da geração.
Hoje, como capitão, Pulgar carrega o peso de uma seleção em reconstrução. Em novembro de 2025, o ex-jogador Filipe Luís criticou sua convocação, dizendo que ele não merecia estar na lista por lesões recentes. Mas Pulgar rebateu com atuações: em amistosos, mostrou por que é o líder. Seus gols nas Eliminatórias – raros para um volante – viraram símbolo de raça. Ele sonha com uma vaga na Copa de 2026, e o Chile conta com sua experiência para brigar por isso.
Momentos de Destaque e a Vida Além do Gramado
Alguns lances definem Pulgar. Na Libertadores 2022, um desarme crucial na final contra o Athletico-PR selou o título. Na Fiorentina, um golaço de fora da área contra a Juventus em 2020 viralizou. Pela seleção, o hat-trick de assistências contra a Venezuela em 2021 é lembrado como aula de meio-campo.
Fora das quatro linhas, ele é discreto. Casado com uma chilena, tem dois filhos e usa as redes para falar de família e motivação. Em 2020, testou positivo para Covid-19 na Itália, mas se recuperou sem sequelas. No Brasil, apoia causas sociais: doou para projetos em favelas do Rio e visita escolas de futebol em Antofagasta. Seu estilo? Jeans, tênis e um sorriso tímido. Nada de ostentação; ele prefere o foco no jogo.
As Novidades de 2025: Corrida pelo Título e Rumores
O ano de 2025 é daqueles que Pulgar vai contar pros netos. No Brasileirão, o Flamengo lidera com cinco pontos de vantagem sobre o Palmeiras, faltando duas rodadas. Ontem, 26 de novembro, veio o empate suado por 1 a 1 contra o Atlético-MG de Sampaoli, no Mineirão. Pulgar jogou os 90 minutos: 105 toques na bola, 97% de passes certos, cinco duelos ganhos e uma trave – quase o gol da vitória. Nota 7.5, e a torcida explode nas redes: “Ele é o equilíbrio do time!”. O título pode vir no Maracanã, no sábado, contra o Bahia. Se rolar, será o segundo Brasileirão dele, coroando uma temporada de superação.
Na Libertadores, o Mengão está na final – contra quem? O mistério aumenta o hype. Pulgar quer entrar na lista de chilenos campeões continentais, como Figueroa ou Zamorano. Em outubro, sua atuação na semi contra o Racing foi elogiada: “Stellar performance”, como diriam os gringos. Mas nem tudo é perfeito: a lesão no Mundial o preocupou, e rumores de uma proposta de 30 milhões de euros do Manchester City agitam o mercado. O Flamengo aceitaria? Pulgar diz que foca no presente, mas a Premier League seria o próximo sonho.
O Legado de um Guerreiro Sem Fronteiras
Erick Pulgar não é só um volante; é o exemplo de como talento e dedicação cruzam oceanos. Do deserto chileno ao caldeirão rubro-negro, ele construiu uma carreira de 393 jogos e 31 gols, com troféus que pesam. No Flamengo, expira em dezembro, mas renovações circulam. Pela seleção, ele é o farol para os jovens.
Em um futebol cada vez mais volátil, Pulgar lembra que o jogo é sobre coração. Se o título vier, será mais um capítulo. Se não, a luta continua. Como ele mesmo diz: “O futebol é assim: você cai, levanta e chuta mais forte”. E a Nação? Já o adotou como filho. Que venha o futuro – com Pulgar no meio-campo, tudo parece possível.