Lyanco: A Jornada de um Zagueiro Brasileiro na Elite do Futebol

Lyanco: A Jornada de um Zagueiro Brasileiro na Elite do Futebol

Lyanco Brazilian soccer centre-back

Lyanco Ribeiro de Souza, mais conhecido simplesmente como Lyanco, é um daqueles nomes que ecoam com força no mundo do futebol brasileiro. Nascido em 1997, em Vitória da Conquista, na Bahia, esse zagueiro de porte imponente e leitura afiada do jogo tem construído uma trajetória que mistura garra sul-americana com toques de sofisticação europeia. Aos 28 anos, em novembro de 2025, Lyanco não é só um defensor sólido, mas um exemplo de resiliência, capaz de se reinventar em diferentes continentes. Sua história vai além das estatísticas frias: é sobre superação de lesões, adaptações culturais e o sonho de brilhar com a camisa da Seleção Brasileira. Neste artigo, mergulhamos na vida e na carreira desse atleta que, quieto e determinado, continua a impressionar torcedores e olheiros por onde passa.

Os Primeiros Passos no Futebol Baiano e Paulista

Tudo começou nas ruas poeirentas de Vitória da Conquista, onde Lyanco, ainda menino, chutava bola com os amigos sob o sol escaldante do Nordeste. Filho de uma família humilde, o futebol era mais que diversão – era escape e esperança. Aos 11 anos, ele foi descoberto por olheiros do São Paulo FC durante um torneio regional. A mudança para a capital paulista marcou o fim da infância e o início de uma rotina dura: treinos intensos, saudades de casa e a pressão de provar seu valor em um clube gigante.

No Tricolor, Lyanco subiu rápido pelas categorias de base. Em 2013, aos 16 anos, já integrava o time sub-17, chamando atenção pela altura (1,89m) e pela capacidade de antecipar jogadas. Seu estilo era clássico: forte no desarme, bom no jogo aéreo e com uma saída de bola limpa, herdada de ídolos como Thiago Silva. Em 2016, ele estreou no profissional contra o Água Santa, pelo Campeonato Paulista. Foi um batismo de fogo – o São Paulo vencia por 3 a 0, mas Lyanco mostrou compostura além da idade, marcando presença na defesa que segurou o placar. Naquele ano, ele disputou 12 partidas, ajudando o time a chegar às semifinais do Brasileirão.

A ascensão, porém, não foi linear. Lesões musculares o afastaram em 2017, forçando-o a questionar seu futuro. Foi nessa fase que Lyanco amadureceu: investiu em preparação física e psicologia esportiva, traços que o definiriam dali em diante. Em 2018, com 21 jogos e uma assistência para gol, ele se consolidou como titular. O São Paulo, então, o negociou por €8 milhões ao Torino, da Itália, em uma operação que rendeu frutos ao clube e ao jogador.

A Aventura Europeia: Desafios e Conquistas na Série A

A Europa é o crisol onde talentos brasileiros se forjam ou se quebram. Para Lyanco, a mudança para Turim em 2018 foi um mergulho em águas geladas. O Torino, treinado por Walter Mazzarri, exigia intensidade física e tática refinada. Nos primeiros meses, ele lutou com o idioma, o clima e a rigidez do calamento italiano. Mas o zagueiro se adaptou rápido: em sua temporada de estreia, jogou 25 partidas na Série A, com média de 2,1 desarmes por jogo e apenas 1,2 faltas cometidas. Sua parceria com Nicolas Nkoulou na zaga era elogiada pela imprensa local, que o apelidou de “o baiano silencioso”.

Em 2020, veio um empréstimo ao Bologna, outro teste de fogo. Lá, sob Sinisa Mihajlovic, Lyanco aprendeu a lidar com pressão alta e transições rápidas. Foram 18 jogos, com destaque para uma vitória épica contra a Juventus, onde ele anulou Cristiano Ronaldo. De volta ao Torino em 2021, ele firmou contrato até 2025, mas uma lesão no joelho o sidelinou por seis meses. Foi um baque, mas Lyanco usou o tempo para estudar rivais e aprimorar o inglês, abrindo portas para novas oportunidades.

O ponto alto na Itália veio em 2022, quando se transferiu para o Atalanta, de Bérgamo. Gian Piero Gasperini, mestre em defesas compactas, viu em Lyanco o parceiro ideal para Rafael Tolói. Na temporada 2022/23, ele disputou 32 partidas, contribuindo para a terceira colocação na Série A e uma campanha sólida na Liga Europa. Seus números impressionavam: 85% de acerto nos passes longos e liderança em duelos aéreos ganhos (68%). A torcida nerazzurra o adotou, cantando seu nome nas curvas do Gewiss Stadium. No entanto, em 2024, com o fim do contrato se aproximando, rumores de saída pipocaram. Lyanco, sempre discreto, focava no campo, mas o destino o chamava de volta às raízes.

O Retorno Triunfal ao Brasil: Novo Capítulo no Atlético-MG

Em julho de 2024, após negociações intensas, Lyanco assinou com o Atlético-MG, o Galo, por quatro anos. A volta ao futebol brasileiro foi simbólica: de São Paulo para Belo Horizonte, ele trocava os Alpes italianos pelo calor mineiro. O clube, bicampeão da Libertadores, buscava reforços na defesa após saídas de Jemerson e Godín. Lyanco chegou como peça-chave, custando €4 milhões, e logo se entrosou com o técnico Gabriel Milito.

Sua estreia foi contra o Cruzeiro, no clássico Mineiro, onde ele neutralizou a dupla de ataque celeste com autoridade. Na temporada 2024, ele jogou 28 partidas, ajudando o Galo a brigar pelo G-6 do Brasileirão. Destaque para a Sul-Americana, onde Lyanco liderou a defesa em estatísticas defensivas: mais interceptações e menos gols sofridos por jogo. Em 2025, o ano começou promissor. No Brasileirão, o Atlético-MG se reformulava, com Lyanco como pilar ao lado de Alonso Acevedo. Até março, o time sonhava alto, renovando o elenco para brigar por títulos.

Atualizações Recentes: Resiliência Diante das Adversidades

Novembro de 2025 traz Lyanco em um momento de transição. Em julho, o Atlético-MG recusou uma oferta milionária de um clube do Catar, priorizando a permanência do zagueiro até 2028. Logo após, veio a notícia boa: renovação encaminhada até dezembro de 2029, um voto de confiança no projeto mineiro. Mas o futebol não perdoa, e em agosto, durante a preparação para a Copa do Brasil, Lyanco sofreu uma lesão muscular na coxa esquerda. Fora por três semanas, ele perdeu o duelo contra o Grêmio, onde era observado pelo técnico da Seleção Brasileira, Dorival Júnior.

A recuperação foi árdua, mas Lyanco voltou mais forte em setembro. Um vídeo recente detalha sua reabilitação: foco em fortalecimento e retorno gradual aos treinos. Em outubro, ele foi decisivo na vitória por 3 a 1 sobre o São Paulo, seu ex-clube, com dois desarmes cruciais no fim do jogo. Outro revés veio em 19 de agosto, quando uma lesão o tirou da Copa do Brasil, mas o zagueiro Ruan também foi afetado, destacando a fragilidade defensiva do Galo. Ainda assim, em suas redes sociais, Lyanco projeta otimismo: posts sobre treinos e família mostram um homem equilibrado, pronto para os desafios da reta final do Brasileirão e da Sul-Americana.

No momento, com o Atlético-MG na briga pelo título estadual e mirando as quartas da Libertadores em 2026, Lyanco acumula 15 jogos na temporada, com 1.8 desarmes por partida e zero gols sofridos em casa. Observadores notam sua evolução na saída de bola, agora com 92% de precisão, influenciada pelos anos na Itália.

Estilo de Jogo: Força, Inteligência e Liderança

O que torna Lyanco especial? Não é só o físico – 84kg de músculos bem distribuídos. É a inteligência tática. Ele lê o jogo como um xadrezista, antecipando passes e posicionando companheiros. No um contra um, é implacável, mas sem faltas desnecessárias. Sua fraqueza? Cabeceios ofensivos – apenas dois gols na carreira –, mas ele compensa com assistências de escanteios.

Comparado a contemporâneos como Éder Militão, Lyanco é mais posicional, menos explosivo, mas igualmente eficaz. No Atlético-MG, ele forma dupla com Otávio, criando uma barreira que concede poucos espaços. Fora de campo, é capitão informal: motiva jovens como Vitor Mendes e inspira com sua história de superação.

O Caminho para a Seleção e o Futuro no Horizonte

Sonho de todo brasileiro: a amarelinha. Lyanco tem 23 convocações nas categorias de base, mas no principal, Dorival o observa de perto. Com lesões de Marquinhos e Bremer, uma convocação para as Eliminatórias de 2026 não é utopia. Especialistas apostam em sua versatilidade para o Mundial nos EUA.

Olhando adiante, Lyanco planeja estabilidade no Galo, mas sussurros de Premier League voltam a circular. Aos 28, ele está no auge: maduro o suficiente para liderar, jovem para sonhar. Seu legado? Provar que o talento baiano pode conquistar o mundo, um desarme de cada vez.

Conclusão: Um Zagueiro para os Anais do Futebol

Lyanco não grita gols ou faz dancinhas virais. Ele constrói vitórias na sombra, com suor e estratégia. De Vitória da Conquista ao Mineirão, sua jornada inspira: o futebol premia os persistentes. Em 2025, com o Galo voando e ele recuperado, Lyanco prova que o melhor ainda está por vir. Torcedores, fiquem de olho – esse baiano silencioso pode surpreender o mundo mais uma vez.