Pedro Rocha Neves
Pedro Rocha Neves é um daqueles nomes que ecoam nos gramados brasileiros com uma mistura de persistência e talento puro. Nascido em 1º de outubro de 1994, em Vila Velha, no Espírito Santo, esse capixaba de 31 anos se destaca como um atacante habilidoso, capaz de jogar como ponta esquerda ou centroavante. Com uma carreira que atravessa continentes e clubes tradicionais, Rocha representa o futebol brasileiro em sua essência: imprevisível, cheio de reviravoltas e sempre em busca de redenção. Hoje, vestindo a camisa do Clube do Remo, ele vive um dos melhores momentos da trajetória, marcando gols e ajudando o time na luta pela Série B do Brasileirão. Nesta reportagem, mergulhamos na vida e no futebol de Pedro Rocha Neves, desde as raízes humildes até as conquistas recentes, passando por desafios que moldaram o jogador que conhecemos.
Início da Vida e Formação nas Categorias de Base
A história de Pedro Rocha começa longe dos holofotes, em uma cidade litorânea do Espírito Santo conhecida por suas praias e pelo espírito acolhedor. Filho de uma família modesta, Rocha cresceu chutando bola nas ruas de Vila Velha, onde o futebol era mais do que um esporte – era uma saída para sonhos maiores. Aos quatro anos, já mostrava inclinação para o jogo, e em 1998, com apenas quatro anos, ingressou nas categorias de base do Atlético Mineiro, um dos gigantes do futebol mineiro. A mudança para Belo Horizonte representou o primeiro grande sacrifício: deixar a família para trás em busca de oportunidades.
No Galo, Rocha passou uma década inteira se desenvolvendo. De 1998 a 2008, ele evoluiu das peneiras iniciais até se tornar uma promessa nas equipes sub-15. Treinadores da época destacam sua velocidade e dribles curtos, características que o diferenciavam dos pares. No entanto, o destino deu uma rasteira em 2008, quando, aos 13 anos, ele foi para o São Paulo FC. A passagem foi breve e traumática: dispensado logo após chegar, Rocha voltou para o Rio de Janeiro e se juntou ao José Bonifácio Esporte Clube, em São João de Meriti. Ali, entre 2008 e 2011, ele reconstruiu a confiança, jogando em times amadores e regionais que o ajudaram a amadurecer tecnicamente.
Em 2011, uma nova chance surgiu no Diadema, clube paulista de tradição nas divisões inferiores. Foi nesse período que Rocha começou a brilhar de verdade. Emprestado para o Juventus-SP entre 2011 e 2013, ele disputou o Campeonato Paulista Série A2 e chamou atenção com dois gols em apenas três jogos. Sua versatilidade – podendo atuar pelas pontas ou centralizado – era um trunfo. Em 2014, outro empréstimo, desta vez para o Grêmio, no Sul. No time sub-20 gaúcho, Rocha marcou presença e pavimentou o caminho para um contrato profissional. Esses anos de base, cheios de idas e vindas, forjaram não só o jogador, mas o caráter resiliente de Pedro Rocha Neves.
Primeiros Passos no Profissionalismo e a Explosão no Grêmio
O salto para o profissional veio em 2013, ainda pelo Diadema, mas sem grandes atuações – zero jogos oficiais na temporada. O verdadeiro batismo de fogo aconteceu no Juventus-SP, onde aqueles dois gols em três partidas serviram de cartão de visitas. Mas foi no Grêmio, a partir de 2015, que Rocha se estabeleceu como profissional de elite. Contratado em definitivo após o empréstimo, ele estreou na Série A em 16 de maio de 2015, contra o Coritiba, em uma derrota por 2 a 0. Pouco mais de um mês depois, veio o momento icônico: em 27 de junho, contra o Avaí, Rocha marcou o gol mais rápido do Brasileirão daquele ano, aos 37 segundos de jogo, garantindo uma vitória por 2 a 1.
Entre 2015 e 2017, o atacante disputou 96 jogos na Série A pelo Tricolor Gaúcho, anotando 19 gols – uma média impressionante para um jovem de 20 e poucos anos. No total, foram 127 partidas e 32 gols em todas as competições, incluindo 24 jogos e oito gols no Campeonato Gaúcho, 18 aparições e nove tentos na Copa do Brasil, além de 11 jogos e quatro gols na Libertadores. Sua parceria com Luan e Everton foi fundamental para o vice-campeonato brasileiro de 2016 e a campanha sólida na Sul-Americana. Rocha não era só artilheiro; era o desequilíbrio, com assistências precisas e uma garra que conquistou a torcida gremista. “Ele tem o fogo do futebol brasileiro no sangue”, diria Renato Gaúcho, técnico à época, em entrevista ao Globoesporte.
Aventura na Europa e os Desafios de Adaptação
Em agosto de 2017, aos 22 anos, Rocha embarcou para a Europa, assinando com o Spartak Moscou, da Premier League Russa. A transferência, avaliada em cerca de 8 milhões de euros, era o sonho de consumo de muitos jovens brasileiros. No entanto, a adaptação foi dura. O frio de Moscou, a barreira linguística e a rigidez tática do futebol europeu contrastavam com o improviso brasileiro. Em duas temporadas (2017-2019), ele jogou apenas 12 partidas e marcou um gol, números modestos que geraram críticas e insegurança.
Para ganhar ritmo, veio um empréstimo ao Cruzeiro em 2019: 25 jogos e dois gols na Série A, ajudando na luta contra o rebaixamento. Em 2020, outro empréstimo, desta vez ao Flamengo, onde atuou em nove partidas e fez um gol, sob o comando de Jorge Jesus. A passagem rubro-negra foi curta, mas deixou saudades – Rocha se descreveu como “um flamenguista de coração” em uma live recente no Instagram. De volta à Rússia em 2021, o Spartak o rebaixou para o time B (Spartak-2), onde brilhou com 15 jogos e quatro gols na Segunda Divisão. Mas o limite de estrangeiros no elenco principal o forçou a sair.
Retorno ao Brasil e Novos Desafios em Clubes Tradicionais
O ano de 2021 marcou o retorno definitivo ao Brasil, com empréstimo ao Athletico Paranaense. Lá, de agosto de 2021 a 2022, Rocha disputou 26 jogos na Série A e marcou quatro gols, contribuindo para a campanha na Sul-Americana. O Furacão tinha uma cláusula de compra, mas optou por não exercê-la, abrindo caminho para o Fortaleza em agosto de 2022. No Leão do Pici, até o fim de 2023, foram 45 partidas e quatro gols, com destaques na Copa do Nordeste e no Brasileirão. Rocha se adaptou ao estilo coletivo de Vojvoda, virando peça de rotação.
Em 2024, uma breve passagem pelo Criciúma, na Série A, rendeu sete jogos sem gols, um período de transição difícil marcado por lesões leves e pouca confiança do treinador. Foi um capítulo de superação, como ele mesmo admitiu em entrevista ao UOL Esporte: “O futebol ensina que nem tudo é linear. Aprendi a valorizar cada chance”. Esses altos e baixos, comuns na carreira de tantos brasileiros, só reforçam a determinação de Rocha.
Momento Atual no Remo: Renascimento na Série B
Desde o final de 2024, Pedro Rocha Neves veste a azul e branca do Clube do Remo, de Belém do Pará. A escolha pelo time paraense, que luta pelo acesso à elite, parece ter sido o acerto perfeito. Na temporada de 2025, até novembro, ele já acumula números impressionantes: 31 jogos, 14 gols e seis assistências na Série B do Brasileirão. Em 29 partidas na competição, dividiu os tentos igualmente entre casa e fora – sete em cada –, mostrando consistência rara para um jogador de 31 anos.
No Campeonato Paraense de 2025, foram sete jogos e um gol, ajudando o Remo a chegar às semifinais. Na Copa do Brasil, dois jogos sem gols, mas com atuações sólidas. Sua velocidade pelas pontas e faro de gol centralizado têm sido cruciais para o time de Rafhael Lucas, que sonha com o G-4. Em 8 de outubro de 2025, Rocha marcou um hat-trick contra o Amazonas, virada épica que rendeu manchetes no Norte. Atualizações recentes, como a convocação para o Jogo das Estrelas da Série B em novembro, indicam que ele está no radar de clubes maiores. Lesões? Quase zero este ano. Rocha, com 1,75m de altura e um físico afiado, parece ter encontrado o equilíbrio entre experiência e fome de vitórias.
Conquistas e Legado no Futebol Brasileiro
Ao longo da carreira, Rocha coleciona troféus que refletem sua versatilidade. Pelo Grêmio, foi campeão gaúcho em 2016 e vice na Libertadores de 2017. No Cruzeiro, ergueu a Copa do Brasil de 2018 (como reserva). Flamengo: Carioca 2020. Athletico: Sul-Americana 2021. Fortaleza: Nordeste 2023. E agora, com o Remo, o título paraense de 2025 está ao alcance. Individualmente, o gol mais rápido do Brasileirão de 2015 é um marco eterno.
O legado de Rocha vai além dos números – 300 jogos e cerca de 70 gols na carreira, segundo o Transfermarkt. Ele é exemplo de resiliência para jovens capixabas e paraenses, mostrando que o talento, aliado à paciência, vence barreiras. Sem convocações para a Seleção Brasileira principal, mas com participações em sub-20, Rocha sonha com uma chance tardia. “Meu foco é o Remo, mas quem sabe?”, disse ele em coletiva recente.
Conclusão: Um Jogador em Ascensão
Pedro Rocha Neves não é o nome mais badalado do futebol brasileiro, mas sua jornada é uma aula de superação. De Vila Velha aos gelos de Moscou e de volta aos gramados quentes do Pará, ele construiu uma carreira honrada, cheia de lições. Com 31 anos e em forma plena, Rocha tem muito a oferecer. Se o Remo subir em 2025, seu nome ganhará ainda mais eco. Para os fãs, é torcer por mais gols, mais assistências e, quem sabe, mais capítulos nessa história inspiradora. O futebol, afinal, é isso: imprevisível como a vida de um atacante brasileiro.