Ajay Mitchell
Ajay Mitchell, o armador belga de 23 anos, tem sido uma das surpresas mais agradáveis da temporada da NBA em 2025-26. Nascido em Ans, na região de Liège, na Bélgica, ele representa uma história de determinação que atravessa oceanos e fronteiras culturais. Com sua entrada no Oklahoma City Thunder, Mitchell não só se adaptou ao ritmo frenético da liga profissional americana, mas também se tornou peça fundamental em um time que sonha alto. Em novembro de 2025, enquanto o Thunder acumula vitórias impressionantes, como o recente triunfo de 126-102 sobre o Golden State Warriors, Mitchell continua a impressionar com números consistentes e jogadas que misturam inteligência e explosão atlética. Essa ascensão rápida de um jovem europeu para as estrelas da NBA é o que torna sua trajetória tão cativante.
Os Primeiros Passos no Basquete Europeu
A jornada de Ajay Mitchell começou longe dos holofotes da América. Filho de pais com raízes na Bélgica, ele cresceu em um ambiente onde o futebol reina, mas o basquete encontrou espaço em sua vida ainda na infância. Aos 14 anos, Mitchell ingressou no programa de base do Limburg United, um clube profissional belga que serviu como sua primeira escola de basquete sério. Lá, ele aprendeu os fundamentos do jogo em um sistema que valoriza a disciplina e o trabalho em equipe, características que ainda marcam seu estilo hoje.
Em 2018, com apenas 16 anos, Mitchell já disputava o Campeonato Europeu Sub-16 Divisão B pela seleção belga, onde ajudou o time a conquistar o título com médias de 12 pontos por jogo. No ano seguinte, no Sub-18, ele elevou o nível, marcando 18 pontos na final contra a Grécia, garantindo a promoção para a Divisão A. Esses torneios da FIBA foram cruciais para seu desenvolvimento, expondo-o a adversários de todo o continente e refinando sua visão de quadra. “O basquete europeu me ensinou a ler o jogo como um livro”, disse ele em uma entrevista recente, destacando como as defesas compactas o forçaram a ser criativo.
No Limburg United, Mitchell jogou na equipe sub-18 e sub-21, acumulando minutos em jogos profissionais. Sua altura de 1,93m e peso de 86kg o tornavam um armador versátil, capaz de penetrar na defesa ou arremessar de longa distância. Em 2020, com a pandemia interrompendo as ligas, ele usou o tempo para treinar individualmente, focando em força e agilidade. Foi nessa fase que scouts universitários americanos começaram a notar seu potencial, levando-o a considerar uma mudança para os Estados Unidos.
A Transição para o College Basketball nos EUA
A decisão de deixar a Bélgica para estudar e jogar na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) marcou um ponto de virada. Em 2021, Mitchell se juntou aos Gauchos como calouro, trazendo consigo uma maturidade incomum para sua idade. A Big West Conference, embora não tão competitiva quanto as grandes ligas, ofereceu o palco perfeito para ele brilhar. Na temporada de estreia, ele jogou 28 partidas, saindo do banco com médias de 12,3 pontos, 3,1 assistências e 2,1 roubos de bola por jogo.
Sua evolução foi notável na segunda temporada, em 2022-23. Como titular, Mitchell liderou a equipe em pontuação, com 19,1 pontos por partida, e foi eleito para o Primeiro Time da All-Big West. Um highlight inesquecível foi seu jogo de 37 pontos contra a Universidade do Sul da Califórnia (USC), incluindo seis arremessos de três pontos, em uma vitória que chocou os favoritos. “Santa Bárbara me deu liberdade para experimentar”, comentou ele, referindo-se à cultura relaxada da costa californiana que contrastava com a rigidez europeia.
Na terceira e última temporada universitária, em 2023-24, Mitchell atingiu o auge: 20,3 pontos, 3,9 rebotes e 4,3 assistências por jogo, com 46,6% de aproveitamento nos arremessos de quadra. Ele foi nomeado Jogador do Ano da Big West e levou os Gauchos ao torneio da NCAA pela primeira vez em anos. Apesar da eliminação precoce, sua performance chamou a atenção de olheiros da NBA. Draft combinado com o G League Elite Camp, ele se destacou nos treinos, mostrando sua capacidade de criar jogadas e defender múltiplas posições.
Draft da NBA e Chegada ao Thunder
O Draft de 2024 foi o sonho realizado. Selecionado na segunda rodada, 38ª escolha overall pelo Oklahoma City Thunder, Mitchell assinou um contrato two-way, dividindo tempo entre a NBA e o Oklahoma City Blue da G League. O Thunder, sob o comando de Sam Presti, é conhecido por apostar em jovens talentos internacionais, e Mitchell se encaixava perfeitamente nessa filosofia. Sua estreia na Summer League foi promissora: 15 pontos e cinco assistências na vitória sobre o Utah Jazz.
Na temporada regular de 2024-25, ele apareceu em 25 jogos pela equipe principal, com médias de 6,2 pontos em 15 minutos. Mas foi na G League onde ele explodiu, liderando o Blue em pontuação com 24,5 pontos por jogo e sendo eleito para o All-Star Game. Lesões no elenco principal abriram portas, e Mitchell aproveitou, marcando 18 pontos em um jogo contra o Denver Nuggets. “O Thunder me deu confiança para ser eu mesmo”, disse ele após uma vitória em dezembro de 2024.
Em outubro de 2025, o time declinou a opção de quarto ano de seu contrato rookie, optando por uma extensão de três anos no valor de quase US$ 9 milhões, sinalizando a fé na sua evolução. Essa jogada estratégica de Presti reflete a visão de longo prazo do Thunder, que agora conta com um núcleo jovem e talentoso.
A Temporada Explosiva de 2025-26: Números e Destaques
Com a temporada 2025-26 em pleno andamento, Ajay Mitchell está vivendo seu melhor basquete. Em 10 jogos disputados até novembro de 2025, ele acumula médias de 17,2 pontos, 4,0 rebotes, 4,1 assistências e 1,8 roubos por partida, jogando cerca de 28 minutos por noite. Seu aproveitamento é impressionante: 46,2% nos arremessos de quadra, 35% nas bolas de três e 93,2% nos lances livres.
Um dos picos veio na vitória sobre o Memphis Grizzlies em 9 de novembro, onde ele contribuiu com 21 pontos, quatro rebotes e três assistências em uma virada épica de 19 pontos de desvantagem. Dois dias depois, contra os Warriors, Mitchell registrou 17 pontos, três rebotes, duas assistências, um toco e um roubo em 31 minutos, ajudando o Thunder a enviar uma mensagem clara ao Oeste. “Ele está enchendo a planilha de stats toda noite”, comentou um analista da ESPN, destacando sua versatilidade.
Apesar de uma dúvida recente por uma lesão leve no tornozelo – listada como questionável para o próximo jogo –, Mitchell testou o corpo em aquecimentos e deve retornar em breve. Seu impacto vai além dos números: ele é o “power guard” que Presti tanto buscava, capaz de liderar o ataque quando Shai Gilgeous-Alexander precisa de um respiro. Com o Thunder em 8-1, Mitchell é visto como peça chave para uma dinastia emergente, salvando o time de uma possível fraqueza no perímetro.
Estilo de Jogo: O Que Faz Mitchell Único
O que diferencia Ajay Mitchell é sua combinação de físico e QI de basquete. Canhoto nato, ele usa sua força para absorver contato em penetrações, criando espaço para passes ou finalizações. Sua visão periférica, aprimorada nos anos europeus, permite assistências criativas, como o “no-look” pass que viralizou em um jogo contra os Lakers.
Defensivamente, ele é um ladrão de bolas nato, usando sua envergadura de 2,03m para interceptar passes. No ataque, Mitchell não é um atirador puro, mas sua mecânica rápida o torna eficiente em catch-and-shoot. Críticos o comparam a um jovem Jrue Holiday, pela capacidade de impactar em ambos os lados da quadra. Em filmagens recentes, sua habilidade em vencer defesas off the dribble é evidente, como analisado em breakdowns especializados.
Fora da quadra, Mitchell mantém um perfil baixo, focado em rotinas de recuperação e estudos de jogo. Ele credita sua mentalidade à cultura belga, onde o coletivo prevalece. “Eu jogo para o time, não para o ego”, disse ele em uma coletiva pós-jogo.
Impacto no Oklahoma City Thunder e na Seleção Belga
No Thunder, Mitchell preenche uma lacuna no backcourt, complementando SGA e Josh Giddey (agora no Chicago). Sua energia defensiva, como visto na virada contra os Grizzlies, inspira o grupo. Fãs em Oklahoma o apelidaram de “Belgian Bullet” pela velocidade em transição. Com o time mirando as Finais, sua consistência em double-doubles de pontos e assistências o coloca como candidato a Jogador que Mais Evoluiu (MIP).
Pela seleção belga, Mitchell é o futuro. Após brilhar nos juveniles, ele estreou na equipe principal no EuroBasket de 2025, marcando 14 pontos na vitória sobre a Turquia. Com veteranos como Jean Butez se aposentando, ele assume o manto de líder.
O Horizonte: Desafios e Perspectivas
Olhando adiante, Mitchell enfrenta o desafio de manter a forma em uma temporada longa. Lesões são o maior risco, mas seu preparo físico sugere resiliência. Analistas preveem que, se o Thunder avançar nos playoffs, ele pode se tornar All-Star em 2027.
Em uma liga dominada por americanos, Mitchell prova que o talento global é essencial. Sua história inspira jovens na Bélgica e além, mostrando que dedicação transcende fronteiras. Em novembro de 2025, com mais jogos pela frente, um coisa é certa: Ajay Mitchell está apenas começando.