Éverton Ribeiro: O Maestro do Futebol Brasileiro

Éverton Ribeiro: O Maestro do Futebol Brasileiro

Éverton Ribeiro

Éverton Augusto de Barros Ribeiro, conhecido simplesmente como Éverton Ribeiro, é um dos meio-campistas mais talentosos que o futebol brasileiro já produziu. Aos 36 anos, ele continua a encantar torcedores com sua visão de jogo afiada, dribles precisos e passes que desmontam defesas adversárias. Nascido em Arujá, no interior de São Paulo, Éverton construiu uma carreira repleta de glórias, títulos e momentos inesquecíveis. Este artigo mergulha na trajetória desse craque, desde suas origens humildes até os desafios recentes que ele enfrenta com a mesma garra que o levou aos gramados do mundo. Com uma jornada marcada por conquistas no Brasil e no exterior, Éverton Ribeiro segue sendo uma referência para novas gerações de jogadores.

Início de Vida e Primeiros Passos no Futebol

As Raízes em Santa Isabel

Éverton Ribeiro veio ao mundo em 10 de abril de 1989, em Arujá, uma pequena cidade paulista cercada por montanhas e simplicidade. Mas foi em Santa Isabel, a vizinha, que ele passou a infância e descobriu sua paixão pelo esporte. Filho de uma família modesta, Éverton começou no judô aos três anos, conquistando um título paulista na categoria infantil. No entanto, o futebol logo roubou seu coração. Aos cinco anos, ingressou na escolinha do Santa Isabel Futebol Clube, onde os campos de terra batida moldaram seus primeiros dribles.

Aos nove anos, uma peneira na Portuguesa de Desportos mudou tudo. O garoto, com sua agilidade e habilidade no futebol de salão, chamou atenção imediata. Transferido para o futebol de campo, Éverton se adaptou rapidamente, mostrando um talento natural para o meio-campo. Seus ídolos da época eram Ronaldinho Gaúcho e Kaká, jogadores que inspiravam com criatividade e ousadia. “Eu sonhava em ser como eles, em fazer a bola dançar no pé”, recordou Éverton em uma entrevista anos depois. Esses anos iniciais foram fundamentais para forjar sua mentalidade competitiva, longe dos holofotes, mas perto do sonho.

Da Base da Portuguesa ao Corinthians

Em 1999, Éverton entrou nas categorias de base da Portuguesa, onde equilibrou estudos e treinos intensos. Dois anos depois, em 2001, aos 12 anos, foi aprovado em testes do Corinthians, o Timão, um dos maiores clubes do Brasil. Lá, ele começou como lateral-esquerdo, posição que exigia velocidade e cruzamentos precisos. Mas foi no futebol de salão que ele refinou sua técnica: toques rápidos, visão periférica e imprevisibilidade.

No Corinthians, Éverton se destacou na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2007, marcando gols decisivos e ajudando o time a levantar a taça. Sua estreia no profissional veio em abril de 2007, contra o América de Rio Preto, pelo Campeonato Paulista. Aos 18 anos, entrou no segundo tempo e mostrou potencial, mas as oportunidades eram escassas. Em 18 jogos pelo Timão, ele não marcou gols, atuando mais como reserva. A concorrência era feroz, com nomes como Wellington Saci ocupando a lateral. “Foi uma escola dura, mas aprendi a paciência”, disse ele sobre essa fase. Em 2008, veio o empréstimo ao São Caetano, um divisor de águas.

Ascensão Profissional e Primeiras Conquistas

O Renascimento no São Caetano

No Azulão do ABC, Éverton encontrou espaço para brilhar. Emprestado por dois anos, ele jogou 99 partidas, marcou oito gols e, crucially, mudou de posição: do lateral para o meio-campista ofensivo. Sob o comando de técnicos como Estevam Soares, ele aprendeu a ditar o ritmo do jogo, com passes verticais e chutes de fora da área. Em 2010, sua performance chamou atenção de clubes maiores. “São Caetano me deu asas. Ali eu me tornei o jogador que sou hoje”, refletiu Éverton.

O empréstimo terminou com ele de volta ao Corinthians, mas sem espaço. Em 2011, veio a venda para o Coritiba, por cerca de 1,5 milhão de reais, em um contrato de três anos. No Coxa, Éverton explodiu: 82 jogos, 20 gols e assistências que iluminaram o meio-campo paranaense.

Glórias no Coritiba e a Chegada ao Cruzeiro

No Coritiba, Éverton se tornou titular absoluto. Em 2011, ajudou na campanha sólida do Brasileirão, marcando gols importantes contra rivais como Palmeiras e São Paulo. No ano seguinte, 2012, veio o primeiro título: o Campeonato Paranaense, com atuações memoráveis na final contra o Atlético-PR. Ele também levou o Coxa à final da Copa do Brasil, embora o troféu tenha escapado para o Palmeiras. Seus 20 gols em 82 jogos o colocaram no radar da seleção de base.

Em 2013, o Cruzeiro apostou alto: 4 milhões de reais para tirá-lo do Coritiba. Foi o acerto perfeito. Na Raposa, Éverton formou uma parceria lendária com Ricardo Goulart, Dagoberto e Borges. Em 108 jogos, ele marcou 23 gols e deu 31 assistências, sendo o maestro do meio-campo. O ponto alto foi o Brasileirão de 2013, quebrando um jejum de dez anos para o clube mineiro. Éverton foi eleito o melhor jogador do campeonato, com a Bola de Ouro da Placar e o Prêmio Craque do Brasileirão. Em 2014, veio o bicampeonato brasileiro e o Mineiro, consolidando-o como ídolo celeste. “Cruzeiro foi minha casa. Ali eu virei homem no futebol”, confidenciou ele.

Aventura Internacional e Retorno Triunfal

Desafio nos Emirados Árabes

Em fevereiro de 2015, após rumores com gigantes europeus como Manchester United e Real Madrid, Éverton optou pelo Al-Ahli, dos Emirados Árabes, por 15 milhões de euros. A mudança foi ousada: de Belo Horizonte para Dubai, onde ele jogou quatro temporadas. Em 106 partidas, marcou 26 gols e deu 25 assistências, conquistando cinco títulos, incluindo a Arabian Gulf League de 2015/16 e a Supercopa dos Emirados.

A experiência no exterior refinou seu jogo: mais físico, mais tático. Ele lidou com o calor escaldante e a pressão de um futebol emergente, mas manteve o brilho brasileiro. Em 2016, uma temporada discreta com seis gols não abalou sua confiança. “Foi uma lição de adaptação. Aprendi a vencer em contextos diferentes”, disse sobre o período.

O Ídolo do Flamengo

O retorno ao Brasil veio em junho de 2017, para o Flamengo, por 6 milhões de euros. Assinado por quatro anos, Éverton chegou como reforço de peso e rapidamente se tornou capitão e símbolo. Em 394 jogos até 2023, ele marcou 46 gols e deu 59 assistências. O auge foi em 2019, sob Jorge Jesus: o Carioca, a Libertadores – com atuação magistral na final contra o River Plate – e o Brasileirão, com recorde de pontos.

Em 2020, mais Carioca, Brasileirão e Supercopa do Brasil. A Recopa Sul-Americana e a Copa do Brasil de 2022 completaram 11 títulos rubro-negros. Éverton foi craque do Carioca em 2019, líder de assistências no Brasileirão de 2013 e 2014, e eleito o melhor jogador da América do Sul em 2022 pela Conmebol. Seus gols mais bonitos, em 2018 e 2020, viraram ícones. “Flamengo me deu tudo: família, amigos e eternidade no coração da torcida”, declarou ele em despedida.

Carreira na Seleção Brasileira

Das Bases à Principal

Pela seleção, Éverton começou cedo. Em 2007, pelo sub-18, jogou três partidas e marcou um gol. Dois anos depois, no sub-20, foi campeão do Sul-Americano, com cinco jogos e atuações decisivas. A convocação para a principal veio em 2014, sob Dunga, em um amistoso contra a Colômbia. Em 22 jogos até 2022, marcou três gols e deu uma assistência.

Ele disputou a Copa América de 2015, onde o Brasil caiu nas quartas. Em 2021, vice-campeão, foi eleito o melhor jogador do torneio, com passes decisivos contra Argentina e Colômbia. As Eliminatórias para a Copa de 2022 o viram como peça chave, e em novembro de 2022, Tite o levou ao Mundial no Catar, onde jogou contra Camarões. “Vestir a amarelinha é o sonho realizado. Cada convocação era uma honra”, recordou.

Temporada no Bahia e Conquistas em 2025

Adaptação e Liderança no Tricolor

Em janeiro de 2024, após sete anos no Flamengo, Éverton assinou com o Bahia até dezembro de 2025, com opção de extensão. Aos 34 anos, ele chegou como veterano experiente para o meio-campo baiano. Sua estreia foi em amistoso contra o Blackburn, e o primeiro gol oficial veio contra o Jacobina, pelo Baiano. Em 2024, em 61 jogos, marcou seis gols e deu nove assistências, sendo vice-líder em assistências e ajudando na classificação para a Libertadores de 2025.

Em 2025, Éverton continuou como referência. Até outubro, disputou 40 jogos, com dois gols e cinco assistências. O Bahia conquistou o Campeonato Baiano, com ele na seleção do torneio, e a Copa do Nordeste, vencendo a final contra o Confiança em 6 de setembro. No Brasileirão, ele brilhou no empate com o Ceará em setembro, dando assistência para Willian José. Em 23 de setembro, alcançou dez participações em gols (três gols e sete assistências), pela nona temporada consecutiva desde 2017 – a 13ª na carreira. “Bahia me acolheu como filho. Aqui, eu jogo com alegria”, disse em entrevista ao ge em janeiro.

No jogo contra o Vasco em 23 de setembro, um atrasado do Brasileirão, ele teve chance de ampliar números. Na Pré-Libertadores, em janeiro, ajudou na classificação à fase de grupos, com um elenco reforçado no meio-campo. Aos 35 anos, Éverton planejava o futuro: “Quero um título pelo Bahia e pensar no pós-carreira, talvez um curso em gestão de futebol”.

Vida Pessoal e Legado Fora dos Gramados

Família e Equilíbrio

Casado com a modelo Marília Nery, Éverton é pai dedicado. O casal se conheceu durante os anos no Flamengo, e juntos enfrentam a vida pública com discrição. Marília é seu pilar, especialmente em momentos difíceis. Fora do campo, Éverton gosta de golfe, viagens e filantropia. Ele apoia projetos sociais em Santa Isabel, como escolinhas de futebol para crianças carentes, inspirado em sua própria origem. “O futebol me tirou da rua. Quero dar isso de volta”, afirma.

Seu estilo de vida é disciplinado: treinos extras, dieta balanceada e foco mental. Amigos como Diego Ribas e Paolo Guerrero destacam sua humildade. Éverton também é fã de música brasileira, com playlist de MPB nos vestiários.

Influência e Prêmios Individuais

Com mais de 700 jogos profissionais, Éverton acumula 14 títulos de clubes e pela seleção. Seus prêmios incluem duas Bolas de Ouro (2013), Craque da Galera (2019) e seleções da Libertadores (2019, 2022). Ele é referência para jovens meias como João Gomes e Andrey Santos. Seu legado? A capacidade de brilhar em times vitoriosos, com mais de 100 gols e 150 assistências na carreira.

Atualizações Recentes: Superação e o Caminho Adiante

O Diagnóstico e a Cirurgia

Em 7 de outubro de 2025, um dia após se destacar na vitória do Bahia sobre o Flamengo na Arena Fonte Nova – com passes decisivos que ajudaram no triunfo por 2 a 1 –, Éverton chocou o Brasil com uma revelação nas redes sociais. Aos 36 anos, ele anunciou o diagnóstico de câncer de tireoide, do tipo papilífero, o mais comum e menos agressivo. “Há cerca de um mês, fui diagnosticado. Hoje fiz a cirurgia e tudo correu bem, graças a Deus”, escreveu, postando foto com a família.

A notícia gerou comoção imediata. Clubes como Cruzeiro, Flamengo e Corinthians prestaram solidariedade. O Bahia emitiu nota de apoio, destacando sua importância. Éverton, que sentiu os primeiros sintomas há um mês – inchaço na região do pescoço e fadiga –, optou por jogar contra o Fla, mostrando resiliência. A cirurgia, em 6 de outubro, removeu toda a tireoide, coincidindo com a Data Fifa e pausando o Brasileirão.

Recuperação e Otimismo

Dois dias depois, em 8 de outubro, Éverton atualizou: já em casa, com a família, ele gravou vídeo afirmando que a patologia confirmou ausência de metástase, sem necessidade de quimioterapia ou radioterapia. “Foi um tumor sem causa definida, mas a cirurgia foi um sucesso. Sigo em recuperação, com fé”, disse. Marília, sua esposa, foi crucial: pesquisou especialistas e o acalmou nos dias prévios.

Em 9 de outubro, mais um vídeo: “Traçamos uma meta segura. Voltarei 100%, focado e feliz, para ajudar meus companheiros nos gramados”. Médicos estimam recuperação em semanas, com reposição hormonal vitalícia. O próximo jogo do Bahia é em 16 de outubro, contra o Vitória, mas Éverton prioriza a saúde. “Ter vocês ao lado faz toda a diferença. Vamos vencer essa batalha juntos”, concluiu.

Essa superação reforça seu caráter. Em janeiro de 2025, ele falava de planos para 2026, com opção de renovação no Bahia. Agora, aos 36, o foco é retornar para a Libertadores e o Brasileirão. Seu contrato vai até dezembro de 2025, e rumores de volta ao Cruzeiro ou Flamengo circulam, mas Éverton prioriza o Tricolor.

O Futuro de um Guerreiro

Com a recuperação em curso, Éverton Ribeiro segue inspirando. Seu retorno aos campos, esperado para novembro, será aplaudido como um triunfo pessoal. No Bahia, ele sonha com o primeiro título nacional pelo clube. Fora, planeja cursos em gestão esportiva, talvez como embaixador. “O futebol é minha vida, mas a família é tudo”, resume.

Éverton Ribeiro não é só um jogador; é um símbolo de persistência. De Arujá aos palcos mundiais, de títulos à luta contra a doença, sua história motiva. Que venham mais capítulos nessa epopeia tricolor.