Willian Souza Arão da Silva, conhecido simplesmente como Willian Arão, é um dos nomes mais respeitados do futebol brasileiro contemporâneo. Nascido em 12 de março de 1992, na capital paulista, esse paulista de fibra construiu uma carreira marcada por garra, versatilidade e uma capacidade invejável de se adaptar a diferentes cenários. Aos 33 anos, em outubro de 2025, Arão segue ativo no Santos, clube que representa seu retorno às raízes do futebol nacional após passagens marcantes por gigantes como Flamengo, Botafogo e Corinthians, além de aventuras na Europa. Sua trajetória não é só de troféus – que são muitos –, mas de superação, liderança e um amor pelo esporte que transborda em cada toque na bola. Neste artigo, mergulhamos na vida e na carreira desse atleta que, com sua visão de jogo afiada e desarmes precisos, continua inspirando gerações de torcedores e jovens jogadores.
Os Primeiros Passos no Futebol
A história de Willian Arão começa nas ruas e campos de várzea de São Paulo, onde o futebol é mais do que um esporte: é uma forma de vida. Filho de uma família humilde, Arão descobriu sua paixão pela bola ainda criança, jogando com amigos nos campinhos do bairro. Aos 12 anos, ele ingressou nas categorias de base do Grêmio Barueri, um clube que na época era conhecido por revelar talentos promissores. Lá, sob o sol escaldante das tardes de treinamento, Arão aprendeu os fundamentos: marcação forte, passes curtos e uma postura defensiva que seria sua marca registrada.
Em 2008, com apenas 16 anos, veio a oportunidade de ouro: transferência para o São Paulo FC, um dos maiores clubes do Brasil. No Tricolor, Arão integrou o time sub-17 e logo se destacou. Em 2010, ele foi peça fundamental na conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior, um torneio que é o sonho de qualquer garoto das bases. Ao lado de nomes como Casemiro e Lucas Moura – que viriam a brilhar no mundo todo –, Arão ergueu o troféu no Pacaembu, marcando um gol na final contra o Santos. Aquela vitória não foi só um título: foi o combustível para sonhar alto. “Eu via aqueles caras e pensava: por que não eu?”, recordou Arão em uma entrevista anos depois. Seus treinadores elogiavam sua inteligência tática, algo raro para um jovem de sua idade. No São Paulo, ele jogou mais de 20 partidas nas categorias de base, sempre com a camisa 5 nas costas, simbolizando sua posição de volante.
Mas o futebol não é só glórias precoces. Arão enfrentou lesões menores e a concorrência feroz, o que o obrigou a amadurecer rápido. Ele treinava extra, estudava vídeos de jogos e ouvia conselhos de veteranos. Essa dedicação o preparou para o próximo capítulo, que seria uma ponte para o exterior.
A Experiência na Europa Jovem
Em 2010, com 18 anos recém-completados, Willian Arão viveu um momento que mudaria sua visão de mundo: a ida para o Espanyol, da Espanha. Indicado pelo agente Mino Raiola, um dos mais poderosos do futebol, Arão assinou contrato com o clube catalão. A mudança para Barcelona foi um choque cultural. Deixou a família, o calor de São Paulo e mergulhou em um ambiente onde o espanhol era a língua dominante e o futebol, uma profissão de elite. Sob o comando de Mauricio Pochettino, técnico que mais tarde conquistaria títulos na Premier League, Arão treinou com o time principal, mas problemas burocráticos – comuns a estrangeiros jovens – impediram sua estreia oficial.
Mesmo sem jogar partidas competitivas, a passagem pelo Espanyol foi formativa. Arão aprendeu a ler o jogo europeu, com ênfase em posse de bola e transições rápidas. “Lá, eu vi o que era profissionalismo de verdade. Pochettino me ensinou a pensar três jogadas à frente”, contou ele em uma entrevista ao jornal O Globo. Ele voltou ao Brasil após seis meses, mas carregava na bagagem uma evolução tática que o diferenciaria. Essa experiência precoce na Europa plantou a semente para futuras aventuras internacionais e mostrou a Arão que o mundo do futebol ia além das fronteiras nacionais.
De volta ao país, Arão assinou com o Corinthians em 2012, pronto para provar seu valor em um clube de peso.
Chegada ao Corinthians e Títulos Precoces
O Timão foi o palco onde Willian Arão deu seus primeiros passos como profissional. Contratado por cerca de R$ 1 milhão, ele chegou como promessa das bases do São Paulo, mas encontrou um elenco estrelado. Reserva imediata de Ralf, o “Pitbull” do meio-campo corintiano, Arão aprendeu na prática o que era disputar taças continentais. Sua estreia foi na Copa do Brasil de 2012, entrando no segundo tempo de uma partida contra o Emelec, pela Libertadores.
O ano de 2012 foi mágico para o Corinthians – e para Arão. Ele fez parte do elenco que conquistou a Libertadores da América, o primeiro título continental do clube. Embora tenha jogado apenas três partidas na campanha, sua presença no banco era constante, absorvendo a energia de Tite e dos craques como Cássio e Emerson Sheik. Na final contra o Boca Juniors, no Pacaembu lotado, Arão vibrou como torcedor ao ver o 2 a 0 que selou a glória. Meses depois, veio o Mundial de Clubes no Japão, com vitória sobre o Chelsea. Arão entrou nos minutos finais da semifinal contra o Al-Ahly, sentindo o peso de representar o Brasil no palco mundial.
Em 2013, o Paulista veio com mais minutos para ele: 10 jogos, incluindo a final contra o Guarani. A Recopa Sul-Americana, batendo o São Paulo, fechou o ano com chave de ouro. No total, foram 18 jogos pelo Corinthians, sem gols, mas com lições valiosas sobre liderança e pressão. Arão era o “garoto do banco”, mas já mostrava potencial para ser titular. Sua saída para empréstimos em 2013 foi uma decisão do clube para ganhar rodagem, mas ele sempre agradeceu ao Timão por tê-lo moldado.
Período de Empréstimos: Aprendizado e Crescimento
O futebol brasileiro é impiedoso com jovens: ou você joga, ou some. Para Willian Arão, os empréstimos de 2013 e 2014 foram uma escola de vida. Primeiro, a Portuguesa, na Série A. Chegou ao Canindé em meio a uma crise – o time lutava contra o rebaixamento. Arão jogou 12 partidas, ajudando na permanência milagrosa, mas sem brilhar. “Foi ali que aprendi a lidar com derrotas”, disse ele. A Lusa acabou rebaixada por punição no fim do ano, mas Arão saiu ileso.
Em 2014, veio a Chapecoense, na Série B. No Verdão do Oeste, ele finalmente marcou seu primeiro gol profissional, contra o América-MG, em uma vitória por 2 a 1. Foram 15 jogos, com a sensação de ser útil em um time que sonhava com a elite. A Chape subiu de divisão no ano seguinte, e Arão se orgulha de ter contribuído para essa base sólida. “Chape é família. Lá, eu cresci como homem”, confidenciou em podcast recente.
O terceiro empréstimo foi ao Atlético Goianiense, ainda em 2014. Pelo Dragão, na Série B, Arão disputou 10 partidas, ajudando na luta contra o descenso. Esses períodos foram essenciais: ele acumulou 37 jogos, um gol e a experiência de vestir camisas de times médios, entendendo as nuances de cada praça. Voltou ao Corinthians mais maduro, mas o clube optou por negociá-lo em definitivo.
O Despertar no Botafogo
Em janeiro de 2015, Willian Arão assinou com o Botafogo, por R$ 2,5 milhões. Foi o turning point de sua carreira. No Alvinegro carioca, ele se tornou titular absoluto, jogando 59 partidas e marcando sete gols na Série B. Sua visão de jogo, desarmes cirúrgicos e liderança no meio-campo foram chave para o título da segunda divisão, o retorno à elite. Arão era o motor do time de Ricardo Gomes, com passes que alimentavam o ataque e uma marcação que neutralizava rivais.
Um momento inesquecível: o gol de cabeça na vitória por 3 a 0 contra o Sampaio Corrêa, selando a promoção. Mas nem tudo foram flores. Houve uma briga judicial com o Botafogo por renovação de contrato, resolvida em 2017 a favor do jogador pelo TST. Arão saiu como ídolo, deixando saudades na torcida alvinegra. “Botafogo me deu asas”, resume ele. Esses dois anos no Glorioso o transformaram em um volante completo, pronto para o grande salto.
O Auge da Carreira: Flamengo
Dezembro de 2015: o Flamengo anuncia Willian Arão por R$ 7 milhões. O que veio a seguir foi uma era dourada. Pelo Mengão, de 2016 a 2022, ele disputou 377 jogos, marcou 35 gols e se tornou capitão em momentos chave. Sob Zé Ricardo, ele se firmou como volante box-to-box, mas foi com Jorge Jesus, em 2019, que explodiu. Jesus o elogiava pela inteligência: “Arão é cérebro no campo”. Na Libertadores de 2019, ele foi eleito para a seleção do torneio, com desarmes que desmontavam ataques rivais.
As conquistas? Quatro Cariocas (2017, 2019, 2020, 2021), dois Brasileirões (2019, 2020), duas Libertadores (2019, 2022), Copa do Brasil (2022), duas Supercopas e uma Recopa. Em 2019, a Bola de Prata da Placar coroou sua temporada. Improvisado como zagueiro por Rogério Ceni em 2020, Arão mostrou versatilidade, salvando jogos com cortes providenciais. Momentos marcantes incluem o gol na final da Libertadores 2022 contra o Athletico-PR e a assistência para Bruno Henrique no Brasileirão 2019.
Arão era mais que jogador: era líder. Vestia a braçadeira, motivava companheiros e conectava torcida ao time. Sua saída em 2022, para a Europa, foi emocionante – o Maracanã lotado para se despedir do ídolo.
Aventura Internacional: Fenerbahçe
Em julho de 2022, por 3 milhões de euros, Arão rumou ao Fenerbahçe, da Turquia. Aos 30 anos, era hora de testar as águas europeias de novo. Em Istambul, sob José Mourinho (que chegou depois), ele jogou 45 partidas, marcou um gol e ergueu a Copa da Turquia em 2023. Titular em 78% dos jogos da Süper Lig, Arão se adaptou ao futebol físico turco, com duelos intensos e torcidas apaixonadas.
A experiência foi enriquecedora, mas desafiadora. A barreira linguística e a saudade do Brasil pesaram, mas ele valoriza: “Fenerbahçe me ensinou paciência”. Após um ano, em agosto de 2023, transferiu-se para o Panathinaikos, na Grécia, por 3 milhões de euros.
Desafios e Triunfos no Panathinaikos
No Panathinaikos, Arão encontrou um clube histórico, com torcida fervorosa em Atenas. Disputou 84 jogos, marcou quatro gols e conquistou a Copa da Grécia em 2023-24. Como volante, era o pilar defensivo, com médias de 2,5 desarmes por jogo. Sob Diego Alonso e outros técnicos, ele liderou o meio-campo, ajudando na campanha vice-campeã da Superliga grega em 2024.
Foram dois anos de altos e baixos: lesões menores, mas também atuações memoráveis, como na vitória sobre o Olympiacos na copa. Arão aprendeu grego básico e se integrou à cultura local. Em maio de 2025, deixou o clube de forma amigável, pronto para voltar ao Brasil. “Grécia foi uma escola de resiliência”, disse ele.
Retorno ao Brasil: Novo Capítulo no Santos
Julho de 2025: o Santos anuncia Willian Arão como reforço até dezembro de 2026, com opção de prorrogação. Aos 33 anos, o volante volta à Série A para ajudar o Peixe na luta contra o rebaixamento. Apresentado no CT Rei Pelé, ele foi recebido como herói, dada sua história no futebol paulista.
Estreia e Desafios Iniciais
A estreia veio em 16 de julho, contra o Flamengo – ironia do destino. Entrando no segundo tempo, Arão ajudou na vitória por 1 a 0, com marcação firme sobre Arrascaeta. “Sensação de casa nova, mas familiar”, comentou pós-jogo. No entanto, uma lesão na panturrilha o sidelinou logo após. Atuou só uma partida como sub, sem gols ou assistências.
Atualizações de 2025
Em outubro de 2025, Arão está de volta aos treinos com o grupo, após dois meses de recuperação. Notícias recentes apontam para um retorno iminente, possivelmente em outubro, contra o Grêmio. O técnico Fábio Carille elogia sua forma física: “Ele traz experiência que precisamos”. Apesar do “desconforto” inicial, que gerou críticas na torcida, Arão treina forte, focado em contribuir. O Santos, otimista, planeja outro volante para 2026, mas vê nele um pilar. Suas stats de 2025: uma entrada, zero gols, mas liderança intocável. Lesões à parte, Arão segue como exemplo de profissionalismo.
A Seleção Brasileira
Pela Canarinho, Arão tem uma história curta, mas simbólica. Convocado em 2017 por Tite para um amistoso contra a Colômbia, estreou com 20 minutos, sem gols. Foi sua única aparição, mas ele sonha com mais. “Seleção é o topo”, diz.
Vida Pessoal e Influências
Fora de campo, Arão é pai dedicado, casado e evangélico. Influenciado pela família e pela fé, ele evita polêmicas e investe em projetos sociais em São Paulo. Aprendeu espanhol na juventude e valoriza a educação dos filhos. Seus ídolos? Ralf e Dunga, pela garra.
Legado e Futuro
Willian Arão deixa um legado de mais de 600 jogos, 50 gols e dezenas de títulos. No Santos, em 2025, ele busca mais glórias. Aos 33, o futuro é promissor: talvez uma aposentadoria em 2028, seguida de treinador. Um guerreiro que, como o futebol, nunca para de evoluir.