Alex Pereira
Alex Pereira, conhecido carinhosamente como “Poatan” no mundo das lutas, é um dos nomes mais impressionantes do esporte das artes marciais mistas (MMA). Nascido no Brasil, ele construiu uma carreira lendária que começou nos ringues do kickboxing e evoluiu para o octógono do Ultimate Fighting Championship (UFC). Com uma combinação única de força bruta, precisão nos golpes e uma resiliência inabalável, Pereira se tornou um ícone para os fãs brasileiros e um desafio formidável para seus adversários. Sua jornada é marcada por superações, vitórias épicas e um orgulho nacional que inspira milhões. Neste artigo, exploramos a vida e a carreira desse guerreiro, desde suas raízes humildes até as conquistas mais recentes, com foco em sua dedicação ao esporte que ama.
Início da Vida e Primeiros Passos
Origens em Bethelem, Minas Gerais
Alex Sandro da Silva Pereira nasceu em 7 de julho de 1987, na pequena cidade de Bethelem, no estado de Minas Gerais, Brasil. Crescer em uma região rural como essa não era fácil. A família de Pereira enfrentava dificuldades financeiras, e ele, o mais velho de cinco irmãos, logo aprendeu o valor do trabalho duro. Desde criança, ajudava os pais na lavoura e em serviços braçais, colhendo café e cortando lenha para sobreviver. “Eu via minha mãe chorando por causa das contas, e isso me motivava a ser forte”, contou ele em uma entrevista anos depois.
Aos 12 anos, Pereira já trabalhava em uma pedreira, carregando pedras pesadas que moldaram não só seu corpo, mas também sua mentalidade. Ele media mais de 1,85 metro e tinha uma estrutura atlética natural, mas o esporte ainda era distante. O futebol era a paixão local, mas Pereira não se via ali. Sua vida mudou aos 17 anos, quando descobriu o kickboxing. Um amigo o convidou para uma academia em Contagem, perto de Belo Horizonte, e ali começou tudo. “Eu bati no saco de pancadas pela primeira vez e senti que aquilo era para mim”, recordou.
Desafios Pessoais e Superação
Antes de se tornar profissional, Pereira lutou contra demônios internos. Ele admitiu ter lutado com o alcoolismo na juventude, um problema comum em comunidades como a sua. “Eu bebia para esquecer as dores, mas isso só piorava tudo”, disse. Aos 21 anos, após uma briga de bar que quase o levou à prisão, ele decidiu mudar. Entrou em um programa de reabilitação e canalizou sua energia para o treinamento. Essa fase de superação é o que muitos fãs admiram nele: um homem que transformou fraquezas em forças.
Com o apoio da esposa, Merle, que ele conheceu na época, Pereira se dedicou integralmente ao kickboxing. Eles se casaram em 2010 e hoje têm três filhos: Francesco, Thor e Luana. A família é o pilar de sua vida, e ele frequentemente menciona que luta por eles. Em Bethelem, Pereira ainda mantém laços fortes, visitando a cidade sempre que pode e doando para projetos locais de esportes para crianças carentes.
Carreira no Kickboxing: De Amador a Campeão Mundial
Primeiras Vitórias e Ascensão Nacional
O kickboxing entrou na vida de Pereira como um escape, mas logo se tornou uma profissão. Em 2009, ele fez sua estreia como amador e venceu seu primeiro torneio regional em Minas Gerais. Sua especialidade? Os chutes baixos devastadores, apelidados de “low kicks” que derrubam oponentes como árvores cortadas. Com mãos pesadas herdadas de anos de trabalho manual, ele combinava potência com técnica apurada.
Aos 23 anos, Pereira virou profissional e assinou com a organização Fair Fight, na Rússia. Lá, ele acumulou vitórias impressionantes, incluindo nocautes contra lutadores experientes. Em 2012, conquistou o título do Glory Kickboxing, a maior liga do esporte na época. Sua final contra o holandês Artem Vakhitov, em 2017, é lendária: Pereira venceu por decisão unânime após cinco rounds intensos, tornando-se campeão dos médios.
Títulos Internacionais e Recordes
Entre 2017 e 2021, Pereira dominou o Glory. Ele defendeu o cinturão dos médios quatro vezes e, em uma façanha histórica, subiu para os meio-pesados e conquistou outro título mundial em 2021, contra Yousri Belgaroui. Isso o tornou bicampeão em duas divisões, algo raro no kickboxing. Seu recorde no esporte? 33 vitórias, 7 derrotas e 1 empate, com 21 nocautes – uma taxa de finalização de mais de 60%.
Uma luta memorável foi contra Israel Adesanya, em 2016, no Glory 39. Pereira nocauteou o futuro campeão do UFC no segundo round com um uppercut preciso. Anos depois, eles se reencontrariam no MMA, em um capítulo que adicionaria mais drama à rivalidade. Pereira treinava na Chute Boxe Academy, em Curitiba, sob a tutela de Glover Teixeira, que o incentivou a migrar para o MMA. “O kickboxing me deu tudo, mas o MMA é o futuro”, disse ele ao pendurar as luvas do kick em 2021.
Transição para o Artes Marciais Mistas
Primeiros Passos no MMA e Desafios Iniciais
Aos 34 anos, Pereira decidiu trocar os ringues pelo octógono. O MMA exigia mais do que socos e chutes: grapplings, quedas e jiu-jitsu eram territórios novos. Seu primeiro teste veio em 2018, no Shooto Brasil, onde ele venceu por nocaute no primeiro round. Mas a transição não foi fácil. Ele perdeu para o experiente Thomas Diens para a Contender Series do UFC em 2020, o que o fez duvidar.
“Eu me sentia um peixe fora d’água no chão”, admitiu. Glover Teixeira, então campeão do UFC, o levou para a American Top Team, na Flórida, onde Pereira aprimorou seu jogo de luta. Em 2021, ele voltou mais forte, vencendo dois combates no Brave CF, no Bahrein, incluindo um nocaute técnico contra uma promessa local. Essas vitórias chamaram a atenção do UFC, e em novembro de 2021, ele assinou contrato.
Estreia no UFC e Adaptação Rápida
Sua estreia no UFC foi em março de 2022, no UFC 272, contra o ex-campeão Andreas Michailidis. Pereira finalizou com um ground and pound brutal no primeiro round, mostrando que seu striking ainda era letal. Logo em seguida, veio a revanche com Israel Adesanya, no UFC 281, em Nova York. O mundo parou para assistir: Adesanya, invicto nos médios, contra o kickboxer que o havia nocauteado anos antes.
Pereira chocou o mundo ao vencer por nocaute no quinto round, com uma sequência de socos que derrubou o nigeriano. Ele se tornou o novo campeão dos médios do UFC, aos 35 anos. “Isso é para o Brasil, para minha família”, gritou ele no microfone, com lágrimas nos olhos. Sua ascensão foi meteórica: de novato a campeão em apenas duas lutas.
Ascensão no UFC: De Médio a Meio-Pesado
Defesa do Cinturão e Rivalidades Épicas
Como campeão dos médios, Pereira defendeu o título duas vezes. Primeiro, contra Sean Strickland, no UFC 276, em julho de 2022. Strickland, com seu boxe afiado, deu trabalho, mas Pereira venceu por decisão unânime, em uma luta tensa que ele descreveu como “a mais dura da minha vida”. Meses depois, veio a revanche com Adesanya, no UFC 287, em Miami. Adesanya recuperou o cinturão por nocaute no segundo round, mas Pereira saiu de cabeça erguida.
Em vez de ficar nos médios, onde o corte de peso era exaustivo, ele subiu para os meio-pesados em 2023. Sua estreia na divisão foi contra Jan Blachowicz, no UFC 291, onde venceu por decisão dividida em uma guerra de cinco rounds. Em novembro de 2023, no UFC 295, ele conquistou o cinturão vago dos meio-pesados ao nocautear Jiri Prochazka no segundo round com uma esquerda precisa. Pereira se tornou bicampeão do UFC, um feito que só Jon Jones e Daniel Cormier haviam igualado antes.
Vitórias Icônicas e Estilo de Luta
O estilo de Pereira é poesia em movimento – ou melhor, em destruição. Seus low kicks incham as pernas dos oponentes, enquanto suas mãos direitas e ganchos terminam as lutas. Ele tem 10 nocautes no UFC, um recorde para a divisão. Lutas contra Jamahal Hill (UFC 300, 2024, nocaute no primeiro round) e Prochazka (defesa em UFC 303, 2024) solidificaram seu reinado. Mas nem tudo foi fácil: lesões e cortes de peso o testaram, e ele sempre priorizou a saúde.
Fora do octógono, Pereira é humilde. Ele fala pouco, mas suas ações dizem tudo. Em 2024, ele visitou favelas no Rio de Janeiro, distribuindo equipamentos de luta para jovens. “Eu fui como eles um dia. Quero que saibam que é possível sonhar grande”, disse.
Conquistas e Legado no Esporte
Títulos e Recordes
Ao longo de sua carreira, Pereira acumulou mais de 40 vitórias profissionais. No kickboxing, dois cinturões do Glory. No MMA, títulos em Shooto, Brave CF e UFC. Ele é o único lutador a vencer títulos mundiais em kickboxing e MMA em duas divisões diferentes. Seu nocaute sobre Adesanya em 2022 foi eleito a “Luta do Ano” pela ESPN, e ele ganhou o prêmio de “Atleta Mais Impressionante” no UFC em 2023.
Impacto no Brasil e no Mundo
Pereira representa o Brasil com orgulho. Após vitórias, ele sempre ergue a bandeira verde-amarela e grita “O Brasil está de pé!”. Ele inspirou uma geração de lutadores, como os irmãos Ferreira e Gilbert Burns. Internacionalmente, é respeitado por sua ética de trabalho. Treinadores como Eric Nicksick, da Xtreme Couture, o chamam de “máquina de guerra com coração de ouro”.
Seu legado vai além das vitórias. Pereira promove a conscientização sobre alcoolismo, compartilhando sua história em palestras. Em 2024, lançou uma linha de roupas com o slogan “Poatan Power”, doando parte dos lucros para ONGs em Minas Gerais.
Vida Pessoal: Família, Fé e Hobbies
O Lado Familiar de Poatan
Fora das luzes, Pereira é um pai dedicado. Seus filhos o acompanham em viagens, e ele os ensina valores como disciplina e respeito. Merle, sua esposa, é sua maior apoiadora, gerenciando a carreira enquanto ele treina. “Ela é minha rocha”, diz ele. A família vive em Las Vegas, mas passa temporadas no Brasil, onde Pereira curte churrascos e futebol com amigos.
Fé e Rotina Diária
Católico devoto, Pereira ora antes de cada luta e atribui suas vitórias a Deus. Sua rotina inclui treinos intensos – sparring, musculação e jiu-jitsu – mas ele reserva tempo para meditação e leitura. Fã de música sertaneja, escuta Gusttavo Lima para relaxar. Em entrevistas, ele é reservado, mas sempre grato. “Eu não sou herói, sou só um cara que luta pelo que ama”.
Atualizações Recentes: A Vitória Épica em UFC 320
A Derrota e a Preparação para a Rematch
2025 começou turbulento para Pereira. Em março, no UFC 315, ele perdeu o cinturão dos meio-pesados para Magomed Ankalaev, um grappler russo invicto, por decisão unânime após cinco rounds de domínio no chão. Foi sua primeira defesa perdida na divisão, e o mundo lamentou. “Eu errei, mas aprendo com erros”, disse ele na coletiva pós-luta.
A rematch foi anunciada para UFC 320, em 30 de setembro de 2025, em Las Vegas. Pereira treinou furiosamente na American Top Team, focando em defesa contra quedas e contragolpes. Ele cortou peso com cuidado, evitando lesões passadas. Nos bastidores, trocas de farpas com Ankalaev esquentaram: o russo zombou de seu passado com álcool, mas Pereira rebateu com classe. “As palavras não machucam, os punhos sim”, respondeu.
A Noite da Redenção: Campeão Novamente
Na noite de 30 de setembro, o T-Mobile Arena explodiu quando Pereira subiu ao octógono. A luta foi uma batalha épica. Ankalaev tentou impor o wrestling nos primeiros rounds, derrubando Pereira duas vezes, mas o brasileiro se recuperou. No terceiro round, um low kick de Pereira inchou a perna esquerda do russo, limitando sua mobilidade. No quarto, uma sequência de socos no clinch abriu um corte no rosto de Ankalaev.
O quinto round foi o clímax: Pereira conectou uma esquerda que abalou o oponente, seguido de um uppercut que o levou ao chão. Ground and pound terminou a luta aos 3:45, com o árbitro parando a ação. “And new!” gritou o locutor, e o Brasil invadiu as redes sociais. Pereira recuperou o cinturão, tornando-se campeão pela segunda vez na divisão. Aos 38 anos, ele provou que a idade é só um número.
Na coletiva, emocionado, Pereira dedicou a vitória à família e ao Brasil. “Essa é para Bethelem, para Minas Gerais. Eu voltei mais forte”. Analistas como Joe Rogan chamaram de “uma das maiores rematches da história”. Dustin Poirier, lenda do UFC, previu a vitória, dizendo: “Poatan esmaga quem duvida dele”.
O Que Vem Por Aí?
Com o título de volta, Pereira mira defesas em 2026. Rumores apontam para uma superluta contra Jon Jones, mas ele foca no presente. Lesionado levemente no joelho, ele planeja um mês de descanso antes de voltar aos treinos. Fora do esporte, expandirá sua academia em Contagem, formando novos talentos.
A vitória em UFC 320 não é só um troféu; é um capítulo de resiliência. Pereira, o menino da pedreira, agora rei do octógono, continua inspirando. Seu lema? “Acredite no seu poatan” – uma brincadeira com seu apelido, significando “pedra” em tupi, mas também “poder”.
Em resumo, Alex Pereira é mais que um lutador: é um símbolo de superação brasileira. De Bethelem ao topo do UFC, sua história nos lembra que sonhos se constroem com suor e fé. Com o cinturão reluzente, Poatan segue marchando, pronto para novas batalhas. O Brasil orgulha-se de você, campeão!