Beatriz Haddad Maia: A Jornada de uma Tenista Brasileira
Beatriz “Bia” Haddad Maia é um nome que ressoa com orgulho no cenário do tênis brasileiro. Nascida em São Paulo em 30 de maio de 1996, ela se tornou a primeira mulher brasileira a alcançar o top 10 no ranking mundial da WTA, tanto em simples quanto em duplas, marcando história no esporte. Sua trajetória é marcada por talento, resiliência e uma paixão inabalável pelo tênis, que a levou a superar desafios e conquistar feitos notáveis. Este artigo explora a vida, a carreira e o impacto de Bia Haddad Maia no tênis brasileiro e mundial, destacando sua jornada desde os primeiros passos nas quadras até as conquistas em grandes torneios.
Início da Vida e Influências Familiares
Raízes no Tênis
Bia Haddad Maia cresceu em uma família onde o esporte era uma tradição. Sua mãe, Lais Scaff Haddad, e sua avó, Arlette Scaff Haddad, foram tenistas de sucesso no Brasil, competindo em torneios nacionais e inspirando a jovem Bia desde cedo. Aos cinco anos, ela já segurava uma raquete, incentivada pela avó, a quem carinhosamente chama de “Miminha”. Essa influência familiar foi crucial para moldar sua paixão pelo tênis. A família Haddad, de ascendência libanesa, trouxe uma rica herança cultural que se reflete na determinação e na disciplina de Bia.
Primeiros Passos no Esporte
Bia começou a treinar no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, um dos principais centros esportivos do país. Sua dedicação desde jovem era evidente, e ela rapidamente se destacou nas categorias de base. Aos 14 anos, conquistou seu primeiro título profissional de duplas no torneio ITF de Mogi das Cruzes, em 2010, ao lado de Flávia Guimarães Bueno. No ano seguinte, com apenas 15 anos, venceu seu primeiro título de simples em Goiânia, mostrando um talento promissor que logo chamaria a atenção do cenário internacional.
Carreira Juvenil: Construindo uma Base Sólida
Sucesso no Circuito Juvenil
No circuito juvenil, Bia alcançou o 15º lugar no ranking da ITF, demonstrando sua habilidade em competições internacionais. Um de seus maiores feitos como juvenil foi chegar à final de duplas no Roland Garros em 2012 e 2013, jogando ao lado de Montserrat González, do Paraguai, e Doménica González, do Equador, respectivamente. Embora não tenha conquistado o título, essas experiências em um Grand Slam a prepararam para os desafios do circuito profissional.
Educação e Equilíbrio
Além do tênis, Bia sempre valorizou a educação. Ela concluiu um curso de Administração de Empresas à distância pela Universidade Estácio de Sá, mostrando sua capacidade de equilibrar os estudos com a carreira esportiva. Essa abordagem multifacetada reflete sua mentalidade disciplinada, que seria essencial para superar os desafios futuros.
Ascensão no Circuito Profissional
Primeiros Títulos e Reconhecimento
A transição de Bia para o circuito profissional foi marcada por vitórias em torneios ITF, que serviram como trampolim para competições maiores. Em 2011, seu título em Goiânia marcou o início de uma série de conquistas em eventos de menor porte. No entanto, foi em 2022 que ela começou a brilhar no circuito WTA, conquistando seus primeiros títulos de simples em Nottingham e Birmingham, ambos em quadras de grama. Esses triunfos a tornaram a primeira mulher brasileira a vencer um torneio de grama desde Maria Esther Bueno em 1968, um marco histórico.
Conquistas em Duplas
Bia também se destacou em duplas, conquistando sete títulos WTA, incluindo o prestigiado Madrid Open ao lado de Victoria Azarenka. Em 2022, ela alcançou a final de duplas do Australian Open com Anna Danilina, tornando-se a terceira mulher brasileira a disputar uma final de Grand Slam, após Maria Bueno e Cláudia Monteiro. Sua versatilidade em simples e duplas a colocou entre as melhores do mundo em ambas as categorias, alcançando o 10º lugar nos rankings de duplas em maio de 2023.
Desafios e Resiliência
Suspensão em 2019
Um dos momentos mais difíceis da carreira de Bia ocorreu em 2019, quando ela foi suspensa por dez meses após testar positivo para substâncias proibidas durante um torneio em Bol, na Croácia. A Federação Internacional de Tênis (ITF) concluiu que a substância veio de suplementos contaminados, e Bia foi considerada sem culpa significativa. Apesar disso, a suspensão, que durou de julho de 2019 a maio de 2020, foi um golpe duro. Sua classificação caiu para o 1342º lugar, e ela precisou recomeçar em torneios menores.
Bia enfrentou o período com determinação. Em setembro de 2020, após o retorno das competições interrompidas pela pandemia de COVID-19, ela venceu quatro torneios ITF em Portugal, incluindo o evento de Montemor-o-Novo. Essa sequência de vitórias demonstrou sua resiliência e capacidade de superar adversidades, reacendendo sua carreira.
Lesões e Recuperação
Outro desafio veio em novembro de 2020, quando Bia passou por uma cirurgia para tratar um tumor ósseo benigno na mão esquerda. Apesar do impacto físico e emocional, ela voltou ao circuito em 2021, alcançando o top 100 do ranking mundial. Sua recuperação foi impressionante, e em 2022, ela já estava entre as 15 melhores do mundo, consolidando sua ascensão meteórica.
Momentos Históricos no Tênis Brasileiro
Roland Garros 2023: Um Marco Inesquecível
Em 2023, Bia fez história ao se tornar a primeira mulher brasileira na era aberta a alcançar as semifinais de Roland Garros. No torneio, ela venceu partidas épicas, incluindo uma virada contra a sétima cabeça de chave, Ons Jabeur, nas quartas de final, por 3-6, 7-6(5), 6-1. Sua campanha incluiu a vitória na partida mais longa da temporada WTA, contra Sara Sorribes Tormo, que durou três horas e 51 minutos. Apesar da derrota para a número 1 do mundo, Iga Świątek, na semifinal, Bia entrou para o top 10 do ranking mundial, um feito inédito para uma brasileira desde Maria Esther Bueno.
WTA Elite Trophy e US Open 2024
Em 2023, Bia conquistou o maior título de sua carreira em simples, a WTA Elite Trophy, em Zhuhai, derrotando Qinwen Zheng em uma final emocionante de duas horas e 52 minutos. Ela também venceu o título de duplas no mesmo torneio, consolidando sua versatilidade. Em 2024, Bia alcançou as quartas de final do US Open, derrotando jogadoras como Elina Avanesyan, Sara Sorribes Tormo, Anna Kalinskaya e Caroline Wozniacki, antes de ser superada por Karolina Muchova. Esse resultado a colocou como a segunda mulher brasileira a chegar às quartas de final do US Open desde Maria Bueno, há 56 anos.
Impacto Além das Quadras
Inspiração para Jovens Atletas
Bia Haddad Maia é mais do que uma atleta; ela é uma inspiração para jovens brasileiros, especialmente meninas, que sonham em seguir carreira no esporte. Em entrevistas, ela destacou o orgulho de representar o Brasil e mostrar que o tênis pode ser uma vitrine para além do futebol. Sua história de superação após a suspensão e lesões serve como exemplo de perseverança e dedicação.
Vida Pessoal e Interesses
Fora das quadras, Bia é uma pessoa multifacetada. Ela tem paixão por arte, frequentemente compartilhando desenhos em acrílico e pinturas a óleo em suas redes sociais. “A arte me ajuda a estar presente e a sair da bolha do tênis”, disse ela. Bia também toca violão, uma atividade que a relaxa e complementa sua vida atlética. Sua conexão com a cultura libanesa, herdada da família, também é uma parte importante de sua identidade, refletida em tradições familiares como a culinária.
Compromisso com a Comunidade
Bia é ativa em causas sociais, usando sua plataforma para inspirar e apoiar iniciativas que promovem o esporte entre crianças. Ela também expressou o desejo de “fazer a diferença na vida de alguém”, seja através de seu desempenho nas quadras ou de ações fora delas. Sua participação na Fed Cup, onde tem um recorde de 33 vitórias e 14 derrotas, demonstra seu compromisso com o tênis brasileiro.
Conquistas e Estatísticas
Títulos e Rankings
Até julho de 2025, Bia conquistou quatro títulos de simples e sete de duplas no circuito WTA. Seu ranking mais alto foi o 10º lugar em simples e duplas, alcançado em 2023. Ela acumula mais de US$ 7,18 milhões em premiações, segundo o site oficial da WTA. Seus feitos incluem:
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Simples: Títulos em Nottingham (2022), Birmingham (2022), Seul (2023) e WTA Elite Trophy (2023).
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Duplas: Títulos no Madrid Open (com Victoria Azarenka) e outros torneios importantes, além da final do Australian Open (2022).
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Grand Slams: Semifinal de Roland Garros (2023) e quartas de final do US Open (2024).
Confrontos Memoráveis
Bia derrotou algumas das melhores jogadoras do mundo, incluindo Iga Świątek, Elena Rybakina, Coco Gauff e Maria Sakkari. Sua vitória sobre Świątek no Canadian Open de 2022 a tornou a primeira brasileira a alcançar uma final de WTA 1000, embora tenha perdido para Simona Halep.
O Futuro de Bia Haddad Maia
Objetivos e Sonhos
Bia tem metas ambiciosas. Ela já expressou o desejo de se tornar a número 1 do mundo e conquistar um título de Grand Slam. Além disso, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 foram um grande objetivo, e ela continua focada em representar o Brasil em competições internacionais. Sua mentalidade de crescimento constante a mantém motivada para evoluir como atleta e pessoa.
Legado em Construção
Aos 29 anos, Bia Haddad Maia está no auge de sua carreira, mas seu legado já é significativo. Ela abriu portas para o tênis feminino no Brasil, inspirando uma nova geração de jogadores. Sua história de superação, talento e paixão pelo esporte a coloca ao lado de lendas como Maria Esther Bueno, mas com um caminho único que reflete os desafios e as conquistas do tênis moderno.
Conclusão
Beatriz Haddad Maia é um símbolo de resiliência e excelência no esporte brasileiro. De suas raízes familiares às conquistas históricas em Roland Garros e na WTA, ela provou que o talento, aliado à determinação, pode superar qualquer obstáculo. Fora das quadras, sua paixão pela arte e seu compromisso com a comunidade mostram uma atleta completa, que não apenas joga pelo Brasil, mas também inspira o país. À medida que Bia continua a escrever sua história, o mundo do tênis assiste com admiração, sabendo que o melhor ainda está por vir.