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Eugenie Bouchard: A Trajetória de uma Estrela do Tênis Canadense

Eugenie Bouchard: A Trajetória de uma Estrela do Tênis Canadense

Eugenie Bouchard: A Trajetória de uma Estrela do Tênis Canadense

Eugenie Bouchard, carinhosamente chamada de “Genie”, é uma das figuras mais emblemáticas do tênis canadense. Nascida em 25 de fevereiro de 1994, em Montreal, Quebec, ela conquistou o mundo do tênis com seu talento, carisma e determinação. Sua jornada, marcada por feitos históricos, desafios pessoais e uma presença marcante fora das quadras, a tornou uma inspiração para fãs e atletas. Este artigo explora a vida, carreira e legado de Bouchard, com detalhes sobre sua ascensão, conquistas e transição para novos caminhos, culminando em sua aposentadoria em 2025.

Início da Vida e Primeiros Passos no Tênis

Uma Infância em Montreal

Eugenie Bouchard nasceu em uma família unida em Montreal, filha de Michel Bouchard, um banqueiro de investimentos, e Julie Leclair. Ela é uma das quatro crianças, tendo uma irmã gêmea, Beatrice, seis minutos mais velha, e dois irmãos mais novos, Charlotte (nascida em 1995) e William (nascido em 1999). Curiosamente, Eugenie e Beatrice foram nomeadas em homenagem às filhas do Príncipe Andrew, Princesa Eugenie e Princesa Beatrice de York, enquanto Charlotte e William receberam nomes inspirados em membros da realeza monegasca e britânica. Criada no bairro de Westmount, onde viveu na mesma rua que o ex-primeiro-ministro canadense Brian Mulroney, Bouchard cresceu em um ambiente que equilibrava privilégios e disciplina.

Aos cinco anos, Eugenie começou a jogar tênis no Centro Nacional de Treinamento da Tennis Canada, em Montreal. Sua paixão pelo esporte foi imediata, diferente de sua irmã Beatrice, que abandonou o tênis após um ano. Bouchard demonstrou uma competitividade natural desde cedo, com sua mãe relatando que ela sempre queria “bater mais bolas” após as aulas. Sua dedicação também se estendia aos estudos, com destaque em matemática e ciências na escola privada para meninas The Study, onde se formou. Bouchard chegou a considerar uma carreira como médica, mas o tênis logo se tornou seu foco principal.

Primeiros Sucessos como Juvenil

Aos 12 anos, Bouchard tomou uma decisão crucial para sua carreira: mudou-se para a Flórida para treinar com o renomado técnico Nick Saviano, que também orientou jogadoras como Sloane Stephens. A mudança para um ambiente mais competitivo, com maior variedade de adversárias e acesso a quadras ao ar livre, foi um divisor de águas. Em 2005, aos 11 anos, ela participou do torneio Open Super 12 em Auray, França, mostrando seu potencial internacional. Em 2008, conquistou os títulos de simples e duplas da ITF em Costa Rica e o título de simples da ITF All Canadian em Burlington, Ontário. Aos 15 anos, em 2009, venceu o Campeonato Canadense Sub-18 Indoor em Toronto, tornando-se uma das campeãs mais jovens do evento.

Ascensão no Tênis Profissional

Primeiros Passos no Circuito Profissional

Bouchard ingressou no circuito profissional da WTA em 2011, ainda adolescente. Sua estreia significativa veio no Australian Open de 2011, onde chegou às semifinais na categoria juvenil. No mesmo ano, ela conquistou seu primeiro título profissional no Burnie International, demonstrando sua capacidade de competir em alto nível. Em 2012, Bouchard fez história ao vencer o título de simples feminino júnior em Wimbledon, tornando-se a primeira canadense a conquistar um título de Grand Slam em qualquer nível. Esse feito, ao lado da vitória de Filip Peliwo no torneio masculino júnior, marcou um momento histórico para o tênis canadense.

Em 2013, Bouchard começou a chamar atenção no circuito profissional. Ela alcançou sua primeira final de simples em um torneio WTA no HP Open, em Osaka, onde perdeu para Samantha Stosur em três sets. Apesar da derrota, seu desempenho consistente lhe rendeu o prêmio de Novata do Ano da WTA, consolidando sua posição como uma estrela em ascensão.

O Ano de Ouro: 2014

O ano de 2014 foi o auge da carreira de Bouchard. Ela começou a temporada fora do top 30, mas rapidamente subiu no ranking com atuações impressionantes. No Australian Open, alcançou as semifinais, derrotando a ex-número 1 Ana Ivanovic no caminho. No Roland Garros, também chegou às semifinais, mostrando consistência em diferentes superfícies. No entanto, foi em Wimbledon que Bouchard fez história. Ela se tornou a primeira jogadora canadense a alcançar a final de um Grand Slam de simples, enfrentando Petra Kvitová. Embora tenha perdido a final, o feito atraiu mais de um milhão de espectadores canadenses e a transformou em uma sensação nacional.

Ainda em 2014, Bouchard venceu seu primeiro título WTA em Nuremberg, Alemanha, derrotando Karolina Pliskova na final. Foi a primeira vez que uma canadense venceu um torneio WTA desde 2008. Sua consistência ao longo do ano – sendo a única jogadora a alcançar as semifinais de três Grand Slams em 2014 – a levou ao ranking de número 5 do mundo, um marco histórico para o Canadá. Bouchard foi nomeada a Jogadora Mais Aprimorada da WTA e conquistou o Prêmio Bobbie Rosenfeld como Atleta Feminina do Ano do Canadá em 2013 e 2014.

Desafios e Lesões

O Impacto da Lesão no US Open de 2015

Após o sucesso de 2014, Bouchard enfrentou um revés significativo em 2015. No US Open, ela avançou até a quarta rodada, derrotando jogadoras como Alison Riske, Polona Hercog e Dominika Cibulková. No entanto, durante o torneio, sofreu uma concussão ao escorregar e cair no vestiário. A lesão a forçou a se retirar da competição e de outros torneios, limitando-a a apenas uma partida pelo resto do ano, contra Andrea Petkovic no China Open, onde também se retirou devido a tonturas. Bouchard entrou com uma ação judicial contra a Associação de Tênis dos Estados Unidos (USTA), que foi resolvida em 2018.

A concussão marcou o início de um período desafiador. Sua confiança e desempenho foram afetados, e ela enfrentou dificuldades para recuperar sua forma anterior. Em 2016, Bouchard competiu nos Jogos Olímpicos do Rio, alcançando a segunda rodada em simples e duplas, mas os resultados consistentes de 2014 pareciam distantes.

Lutas e Retorno

Entre 2017 e 2018, Bouchard apareceu nas listas da Forbes como uma das atletas femininas mais bem pagas, ganhando US$ 6,2 milhões em 2017 e US$ 7,1 milhões em 2018, principalmente por patrocínios. No entanto, seu ranking caiu significativamente, chegando a 1.459 em 2022. Apesar disso, ela mostrou sinais de recuperação em 2020, alcançando quartas de final no Prague Open e no Istanbul Open.

Em 2021, Bouchard passou por uma cirurgia no ombro, o que a afastou das quadras por meses. Sua volta ao circuito incluiu participações em torneios menores, como o Vancouver Open e o Chennai Open, onde demonstrou resiliência, mas não conseguiu recuperar seu ranking de topo. Em 2023, ela contribuiu para a vitória do Canadá na Billie Jean King Cup, vencendo suas partidas de duplas, um momento de orgulho para sua carreira.

Presença Fora das Quadras

Influência nas Mídias Sociais

Além de suas conquistas no tênis, Bouchard se tornou uma figura proeminente nas redes sociais, com mais de 2,3 milhões de seguidores no Instagram. Sua presença online, muitas vezes mostrando momentos de sua vida pessoal, como treinos, viagens e até trabalhos de jardinagem em Miami, gerou tanto admiração quanto críticas. Em 2024, um post no Instagram em que aparecia de biquíni enquanto fazia jardinagem causou controvérsia, com alguns comentários chamando-o de “cringe”. Bouchard, no entanto, defendeu seu uso das redes sociais, comparando-se a figuras como Kim Kardashian e destacando que a exposição é parte da vida pública moderna.

Em entrevistas, como uma para o The Times em 2024, ela lamentou o impacto do “ódio” e da “lavagem cerebral” que enfrentou por suas atividades fora das quadras. Bouchard admitiu que as críticas afetaram sua confiança e desempenho, mas com o tempo aprendeu a lidar melhor com a pressão pública.

Transição para o Pickleball

Nos últimos anos, Bouchard expandiu seus horizontes ao competir no pickleball, um esporte em ascensão. Sua participação em torneios de pickleball, combinada com sua carreira no tênis, demonstrou sua versatilidade e desejo de permanecer ativa no esporte. Ela expressou planos de continuar competindo em ambos os esportes antes de anunciar sua aposentadoria do tênis.

Aposentadoria e Legado

A Última Dança em Montreal

Em 16 de julho de 2025, Bouchard anunciou que se aposentaria do tênis profissional após o National Bank Open em Montreal, sua cidade natal. A decisão foi simbólica, encerrando sua carreira onde tudo começou. “Você saberá quando é a hora. Para mim, é agora. Terminando onde tudo começou: Montreal,” ela escreveu nas redes sociais. No torneio, Bouchard venceu sua partida de primeira rodada contra Emiliana Arango por 6-4, 2-6, 6-2, mostrando lampejos de sua antiga forma antes de se despedir.

Um Legado Duradouro

Eugenie Bouchard deixa um legado inegável no tênis canadense. Como a primeira mulher canadense a alcançar a final de um Grand Slam na Era Aberta e a número 5 do mundo, ela abriu portas para futuras gerações. Sua vitória no título júnior de Wimbledon em 2012, seu papel na conquista da Billie Jean King Cup em 2023 e seu carisma dentro e fora das quadras inspiraram fãs, conhecidos como “Genie Army”. Bouchard também foi reconhecida pela Tennis Canada como Jogadora do Ano em 2013, 2014 e 2015, além de receber o Prêmio Bobbie Rosenfeld em 2013 e 2014.

Apesar dos desafios, incluindo lesões e críticas por sua presença nas redes sociais, Bouchard permaneceu resiliente. Sua paixão por Roger Federer, a quem conheceu em 2012 no Baile de Wimbledon, e sua dedicação ao esporte e à saúde – com uma rotina rigorosa de treinos e dieta rica em proteínas – refletem seu compromisso com a excelência.

Conclusão

Eugenie Bouchard é mais do que uma jogadora de tênis; ela é um ícone que transcendeu o esporte. Sua jornada, de uma jovem prodígio em Montreal a uma finalista de Wimbledon e influenciadora global, é uma história de talento, determinação e reinvenção. Ao se despedir das quadras em 2025, Bouchard deixa um vazio, mas também um exemplo de como perseguir sonhos com paixão. Seu impacto no tênis canadense e sua conexão com os fãs garantem que o nome “Genie” será lembrado por muitos anos.