Esporte Clube Bahia: A História de um Gigante do Futebol Brasileiro
O Esporte Clube Bahia, carinhosamente conhecido como Esquadrão de Aço, é um dos clubes mais tradicionais e queridos do futebol brasileiro. Fundado em 1º de janeiro de 1931, na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, o clube carrega uma história rica, marcada por conquistas, paixão da torcida e um papel central na cultura esportiva do Nordeste. Com suas cores azul, vermelho e branco, o Bahia representa não apenas o futebol, mas também a identidade e o orgulho do povo baiano. Este artigo mergulha na trajetória do clube, desde sua fundação até os dias atuais, destacando suas conquistas, desafios e o impacto cultural que o torna único.
Origens e Fundação
O Início de Tudo
O Esporte Clube Bahia nasceu da união de ex-jogadores de dois clubes que encerraram suas atividades futebolísticas no final da década de 1920: a Associação Atlética da Bahia e o Clube Bahiano de Tênis. Esses clubes, que já não mantinham suas divisões de futebol, deixaram um vazio no cenário esportivo de Salvador. Foi nesse contexto que, em 1º de janeiro de 1931, o Bahia foi fundado com o lema “Nasceu para Vencer”, refletindo a ambição de seus fundadores.
O primeiro presidente do clube foi Waldemar Costa, um médico que liderou a criação do novo time. Em 20 de fevereiro de 1931, o Bahia se filiou à Liga Bahiana de Desportos Terrestres, hoje conhecida como Federação Bahiana de Futebol. Apenas um mês depois, em 1º de março, o clube disputou sua primeira partida, vencendo o Ypiranga por 2 a 0 no Torneio Início, marcando o começo de uma trajetória vitoriosa.
As Cores e o Escudo
As cores do Esporte Clube Bahia — azul, branco e vermelho — são um reflexo de sua história e raízes. O azul homenageia a Associação Atlética da Bahia, o branco representa o Clube Bahiano de Tênis, e o vermelho é inspirado na bandeira do estado da Bahia. Essas cores, que formam o apelido Tricolor Baiano, são um símbolo de união e orgulho regional. O escudo do clube, inspirado no do Corinthians, substituiu a bandeira do estado de São Paulo pela bandeira baiana, criada por Raimundo Magalhães, reforçando a identidade local.
Primeiros Triunfos e Ascensão Nacional
O Primeiro Título Nacional
O Bahia rapidamente se consolidou como uma potência no futebol baiano. Em seu primeiro ano, conquistou o Torneio Início e o Campeonato Baiano, estabelecendo-se como força dominante no estado. Contudo, foi na década de 1950 que o clube alcançou projeção nacional. Em 1959, o Esporte Clube Bahia fez história ao vencer a Taça Brasil, o primeiro campeonato nacional do país, derrotando o lendário Santos de Pelé, Gilmar, Mauro Ramos, Mengálvio, Coutinho e Pepe na final. Esse título não apenas colocou o Bahia no mapa do futebol brasileiro, mas também garantiu ao clube a honra de ser o primeiro representante do Brasil na Copa Libertadores da América, em 1960.
Participações na Taça Brasil
Entre 1959 e 1963, além de 1968, o Bahia representou o estado da Bahia na Taça Brasil, competição que precedeu o atual Campeonato Brasileiro. Além do título de 1959, o clube chegou à final em 1961 e 1963, terminando como vice-campeão em ambas as ocasiões. Essas campanhas solidificaram a reputação do Bahia como um dos principais clubes do Nordeste e do Brasil.
A Era de Ouro: O Título de 1988
Domínio no Campeonato Baiano
Durante as décadas de 1970 e 1980, o Bahia continuou a dominar o Campeonato Baiano, conquistando inúmeros títulos estaduais. Até 2023, o clube acumula 50 títulos estaduais, 21 a mais que seu maior rival, o Esporte Clube Vitória, consolidando sua hegemonia no estado. Essa supremacia estadual foi acompanhada por momentos de destaque no cenário nacional.
O Segundo Brasileirão
Em 1988, o Bahia alcançou o auge de sua história ao conquistar seu segundo Campeonato Brasileiro, derrotando o Internacional de Porto Alegre na final. O jogo de ida, na Arena Fonte Nova, foi uma festa para os 90 mil torcedores presentes, com uma vitória por 2 a 1. No jogo de volta, um empate sem gols garantiu o título para o Esquadrão de Aço. Esse feito surpreendeu a imprensa do Sul do Brasil, já que o Bahia, vindo do Nordeste, superou um clube de uma região economicamente mais desenvolvida. A conquista também garantiu ao Bahia uma vaga na Copa Libertadores de 1989, onde o clube chegou às quartas de final, sua melhor campanha na competição.
Desafios e Recomeços
Rebaixamentos e Reconstrução
Apesar de suas glórias, o Bahia enfrentou momentos difíceis. Em 1997, o clube foi rebaixado pela primeira vez para a Série B após um empate sem gols contra o Juventude na Arena Fonte Nova. Em 1999, o Bahia esteve perto de retornar à elite, mas terminou a Série B em terceiro lugar, insuficiente para a promoção. Em 2000, o clube voltou à Série A por convite do Clube dos 13, em meio a polêmicas envolvendo escândalos de corrupção com outros clubes, como São Paulo e Internacional.
Os anos 2000 foram marcados por instabilidade, com o Bahia enfrentando rebaixamentos em 2003 e 2014. No entanto, o clube mostrou resiliência, retornando à Série A em 2010 e novamente em 2016 após períodos na segunda divisão. Em 2021, o Bahia foi rebaixado mais uma vez, mas conquistou o acesso em 2022 com uma campanha sólida, terminando em terceiro lugar na Série B sob o comando do técnico Eduardo Barroca.
A Revolução dos Torcedores
Em 2013, um movimento liderado pelos torcedores, conhecido como Democracia Tricolor, transformou a gestão do clube. Cansados de administrações ineficientes que acumularam dívidas e levaram a resultados ruins, os sócios-torcedores assumiram o controle, implementando uma gestão mais democrática e focada em causas sociais, como o combate ao racismo, apoio aos direitos LGBTQ+, demarcação de terras indígenas e melhor tratamento às torcedoras nos estádios. Esse movimento, liderado por figuras como Guilherme Bellintani, reduziu preços de ingressos, aumentou receitas e pagou parte das dívidas, além de melhorar o desempenho em campo.
A Era City Football Group
Uma Nova Era
Em dezembro de 2022, o Esporte Clube Bahia anunciou uma mudança histórica: a aquisição de 90% de suas ações pelo City Football Group (CFG), conglomerado que controla clubes como o Manchester City. A decisão, aprovada por 98,6% dos sócios em votação, foi finalizada em maio de 2023. O CFG, que já possui clubes como Montevideo City Torque e Club Bolívar, trouxe investimentos significativos, incluindo a contratação de profissionais experientes como Carlos Santoro (diretor esportivo) e Raul Aguirre (CEO). A administração original manteve 10% das ações e os direitos sobre elementos do patrimônio, como cores e escudo.
A chegada do CFG marcou o início de uma nova era para o Bahia. Em 2023, o clube venceu seu 50º Campeonato Baiano e garantiu a classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores, após uma vitória histórica contra o Nacional no Uruguai. Além disso, o Bahia derrotou adversários de peso como Palmeiras, Botafogo e Atlético Nacional, consolidando sua volta ao cenário internacional.
O Futebol Feminino
O Bahia também investiu no futebol feminino, criando sua equipe em 2019 em parceria com o Lusaca. No mesmo ano, a equipe feminina conquistou o Campeonato Baiano Feminino e, desde então, venceu todas as edições disputadas, incluindo o título de 2023. Em 2024, o time foi campeão da Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino, garantindo o acesso à elite nacional e conquistando seu primeiro título nacional. Essas conquistas reforçam o compromisso do clube com a igualdade e o desenvolvimento do esporte.
O Clássico Ba-Vi e a Rivalidade
O Maior Clássico do Nordeste
O maior rival do Bahia é o Esporte Clube Vitória, com quem protagoniza o clássico Ba-Vi, um dos mais intensos do Brasil. Desde 1932, os dois clubes dividem a paixão dos torcedores de Salvador, com o Bahia mantendo uma vantagem histórica em vitórias e gols marcados. Nos últimos anos, o Bahia recuperou a hegemonia estadual, conquistando sete títulos baianos entre 2010 e 2023, contra cinco do Vitória.Kevin De Bruyne: O Gênio Belga do Meio-Campo
Um momento marcante na rivalidade ocorreu em fevereiro de 2018, quando uma partida do Campeonato Baiano terminou com nove expulsões (quatro jogadores do Bahia e cinco do Vitória), chamando a atenção internacional. Apesar da rivalidade acirrada, o Bahia também mantém rivalidades históricas com outros clubes de Salvador, como o Galícia (Clássico das Cores), Botafogo-BA (Clássico do Pote) e Ypiranga (Clássico das Multidões), além de confrontos regionais com o Sport Club do Recife.
Impacto Cultural e Social
A Torcida Tricolor
A torcida do Bahia, conhecida como Legião Tricolor, é uma das mais apaixonadas do Brasil. Fundada em 2011, a torcida organizada leva o apoio ao clube a estádios por todo o país, com bandeiras, cânticos e o símbolo do Hulk Azul, que representa a força dos torcedores. Segundo o Instituto AtlasIntel (2024), o Bahia é o clube com a maior torcida do Nordeste e a nona maior do Brasil, refletindo sua popularidade.
Compromisso Social
Sob a influência do movimento Democracia Tricolor, o Bahia se destacou por seu engajamento social. Em 2019, durante o Mês da Consciência Negra, os jogadores entraram em campo com nomes de líderes negros brasileiros, como Zumbi dos Palmares e Moa de Katendê, em suas camisas. O clube também lançou campanhas em apoio à demarcação de terras indígenas e criou um aplicativo para que mulheres denunciem assédio nos estádios, com atendimento por uma unidade policial especializada.
A Arena Fonte Nova e o Futuro
A Casa do Bahia
Desde 2013, o Bahia manda seus jogos na Arena Fonte Nova, um estádio moderno com capacidade para 48.902 torcedores, reconstruído para a Copa do Mundo de 2014. O estádio, que substituiu o antigo Estádio Octávio Mangabeira, é um marco na história do clube e um ponto de encontro para a torcida tricolor.
Perspectivas para o Futuro
Com o apoio do City Football Group, o Bahia planeja expandir sua infraestrutura, incluindo a construção de uma City Football Academy em Salvador, semelhante às academias do grupo em Manchester, Nova York e Melbourne. O clube também investe em sua base, com participações em competições como o Campeonato Brasileiro Sub-18 e a Copa 2 de Julho. Sob a liderança de técnicos como Renato Paiva e executivos como Marcelo Teixeira, o Bahia busca consolidar sua posição como um dos grandes clubes do Brasil, com ambições de novas conquistas nacionais e internacionais.
Conclusão
O Esporte Clube Bahia é mais do que um clube de futebol; é um símbolo de resistência, paixão e identidade. Desde sua fundação em 1931, o Esquadrão de Aço conquistou corações, títulos e um lugar de destaque no futebol brasileiro. Com dois campeonatos brasileiros, 50 títulos estaduais, uma torcida apaixonada e um compromisso com causas sociais, o Bahia continua a escrever sua história com orgulho. Sob nova gestão e com o apoio do City Football Group, o clube está pronto para alcançar novos patamares, mantendo viva a chama do lema “Nasceu para Vencer”.